Não vai fechar.
A Secretaria Estadual da Educação não deu ordem e a 28ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) não cogita e até garante: não há boicote e nem intenção de fechar as portas da Escola Estadual Etelvina Silveira Vieira, da vila Marrocos.
Pelo contrário!
O 1º ano só não vai funcionar em 2017 por causa do baixo número de inscrições de novos alunos. Foram 17, quando o mínimo exigido é 20. E os 4ºs anos serão unificados porque têm poucos alunos, uma turma com 14 e outra com 15 alunos, ambas à tarde.
Para 2018 será reaberto o período de inscrições para o 1º ano e a ideia anunciada ontem pela coordenação da 28ª CRE é implantar turno integral com atividades em aula pela manhã e, na tarde, atividades diversas na própria escola.
Triunvirato
A garantia não é só da coordenadora da 28ª, professora Neusa Abruzzi. Ela conversou com o Seguinte: ao lado do coordenador adjunto, professor Guilherme Oliveira, e da coordenadora pedagógica, professora Claudete Rodrigues.
— Há dois anos a Escola Etelvina tem um número bem pequeno de alunos. Atualmente são 126 nos cinco anos de ensino e nos dois turnos, manhã e tarde — disse a coordenadora Neusa Abruzzi.
Ainda no começo do período de inscrições de novos alunos para o 1º ano, segundo Neusa, foi mantido contato com a diretora da escola, professora Maria Elisângela Justin, para que ela mobilizasse a comunidade visando ter o número de alunos necessários para manter o 1º ano.
Agora, quando o mínimo de 20 alunos não foi atingido, a coordenadora da 28ª confirma que os inscritos serão mesmo remanejados para duas escolas próximas, a Ponche Verde e Heitor Villa Lobos.
Esta alternativa, de acordo com a professora Neusa, é uma opção dos pais que preferem uma escola maior para que seus filhos, então, se mantenham no mesmo educandário até a conclusão do Ensino Médio.
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E o site?
A professora Claudete, coordenadora pedagógica da 28ª, nega que a Escola Etelvina tenha sido retirada do site antes do encerramento do prazo para inscrições (dia 30 de novembro) como chegaram a acusar alguns pais de alunos.
— Não temos como acessar para tirar uma ou outra escola do site. Nem a Seduc (secretaria estadual de Educação) faria isso — garantiu.
A professora Neusa Abruzzi reforça que não há intenção de promover o desmonte gradual da Etelvina e que, para isso, pediu que fosse feito um trabalho prévio visando bater a meta de 20 inscritos no 1º ano, o que não aconteceu.
— Eu estive na escola na semana passada e entrei em todas as salas. Realmente o número de alunos é muito pequeno. Em uma sala tinha só oito alunos e a professora disse que três haviam faltado naquele dia, o que significa que são 11 naquela turma. É muito pouco, de fato — disse a coordenadora.
Ano que vem
A coordenadora também contou que conversou dia 24 passado com a diretora Maria Elisângela, com a finalidade de organizar uma reunião com os demais professores e funcionários visando um planejamento já para 2017.
— A intenção é facilitar a vida dos colegas para que não fossem tomados de surpresa. Por exemplo, colocá-los em escolas próximas para evitar deslocamentos maiores.
Foi aí, segundo acredita a coordenadora, que eclodiu o pensamento de que a escola vai fechar.
— Não, nós não vamos fechar a Escola Etelvina. É justamente o contrário pois vamos manter um turno para que posteriormente a gente implante ou o turno integral ou o sexto ano, para manter o aluno na escola e atrair novos alunos.
Milagre
A redução na procura de vagas para o 1º ano não é um privilégio – negativo! – da Escola Estadual Etelvina Silveira Vieira. Na maioria dos educandários tem sido menor, ano após ano, o número de crianças matriculadas para iniciarem seus estudos.
E não é que os pais estejam sendo relapsos deixando de levar os filhos aos bancos escolares. O milagre é outro, segundo conta, de forma bem humorada, a coordenadora da 28ª CRE.
— Com certeza não é omissão dos pais. O fato é que tem nascido bem menos crianças por causa do rigoroso controle de natalidade que as famílias se impõem — diz Neusa Abruzzi.
Entra em cena o professor de Geografia e coordenador adjunto da CRE, Guilherme Oliveira:
— A maioria da população brasileira, atualmente, está na faixa etária dos 18 aos 30 anos. Essa parcela da população, há 10 anos ou pouco mais, estava na escola! Foi uma época em que as escolas chegavam a ter mais de 3 mil alunos. Hoje estas escolas têm a metade, uns 1.500 alunos — explica.
E Guilherme continua:
— A nossa população já não está mais na faixa etária da Educação Básica, mas na fase da graduação. Está havendo uma redução da demanda inicial em relação há cinco ou 10 anos passados.
Outro fato que pode ter provocado a diminuição da procura por vagas no 1º ano, segundo a coordenadora, é a parceria firmada com o município justamente para facilitar o acesso à Educação Infantil.
Não é fuga
Outra alternativa descartada pela cúpula da 28ª Coordenadoria de Educação, com sede em Gravataí, refere-se a uma eventual “fuga” do alunado ingressante para as escolas da rede particular.
No caso da Etelvina, nem há escolas particulares próximas. E a condição social média dos moradores da região não configura a típica clientela destas instituições que, geralmente, cobram mensalidades pesadas dos pais.
Segundo o professor Guilherme, o inverso, sim, é uma realidade.
— O que a gente percebe é o contrário, até diante deste contexto de crise econômica que estamos vivendo. Tem criança saindo da escola particular porque o pai não tem mais condições de arcar com as despesas e ingressando na escola pública, no caso, as nossas, estaduais.
Cachoeirinha
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Frederico Ritter, em Cachoeirinha, que fica na Estrada Ritter quase na frente do CTG Rancho da Saudade, também está passando pelo mesmo processo de readequação das turmas e remanejamento de pessoal.
No estabelecimento, a direção já tem elaborada a planilha com o interesse dos professores e demais funcionários quanto ao futuro local de trabalho de cada um, de forma a fechar a carga horária que eles têm que cumprir.