a la pucha tchê!

No mundo do trabalho, ainda tem Gaúchos*

Ainda tem, aqui no Sul, em nossa Terra, um povo e um mundo por descobrir. Eles ficam pra lá do Guaíba, pra cima da Serra e costeando o Rio Uruguai.

Ainda tem um Mundo de Trabalho que é só nosso e um jeito próprio de dizer que o dia foi “Boca Braba”, ou então, que foi “cento por cento” de tão bom que passou.

Ainda tem peão de estância, nascido lá no Galpão, que desde criança aprendeu a honrar a tradição e gosta de churrasco, bom chimarrão, fandango, trago e mulher.

Ainda tem festa, mas também tem Trabalho. Quando é tempo de tosquia já clareia o dia com outro sabor. As tesouras cortam em um só compasso enrijecendo o braço do esquilador. Um descascarreia, o outro já maneia e vai levantando para o tosador. Avental de estopa, faixa na cintura e um gole de pura pra espantar o calor.

Bendito aquele que estuda, porque estudar é importante, embora o ignorante, tem sempre um santo que ajuda. Duvido que um diploma torne um burro advogado!

Ainda tem gaúcho de verdade por andar sempre trajado: De bota, bombacha e espora e um pala de atravessado. Chapéu grande, barbicacho pescoço lenço amarrado. Schmit na cintura e bom dinheirinho guardado.

Ainda tem gaúchos de verdade, mas sofridos, que fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas, carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas e são pingentes das avenidas da capital. Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade. Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será.

Ainda tem quem pergunte: quem é gaúcho, afinal? Poderiam ser três: um é o peão, o assalariado, o operário campeiro. O segundo é o estancieiro, o empresário rural. O terceiro é o camponês que se aguenta bem ou mal sem ter nem peão nem patrão.

São três homens diferentes? No fundo, os três são um só: mesma fala, mesma roupa, mesma alma, mesma lida…

 

O que pensas João Guedes?

 

Ainda tem coragem e valentia, necessárias para uma lida muy campeira, que começa às quatro da manhã e que é não é pra aprendiz, mas ensina todo o dia.

Ainda tem o mate, o trato dos bichos, tirar o leite, arar a terra, a venda onde se busca um fumo e se toma um trago.

Ainda tem a soja, o milho e o trigo que são “cousa grande” e tem na volta de casa um tanto de tomate, de batata, de verde, um tanto de porco e de galinha correndo dos cusco.

Ainda tem explicação de que essa audácia de buscar o novo sem pisar no rastro ou reacender as brasa, é o contraponto de ter prenda e filhos, de ficar tordilho ao redor das casa.

Ainda tem gente que se reconhece quando ouve Eu sou do Sul. E nada mais importa!

 

A la pucha tchê!

 

*Hoje, trechos de músicas nativistas, para lembrar e homenagear peões e prendas que vivem e trabalham das oito às dezoito, do nascer ao por do sol, em todos os pagos gaúchos!

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