Assim que Miki Breier (PSB) e Maurício Medeiros (MDB) foram cassados e uma nova eleição foi confirmada em Cachoeirinha, ouvi preocupação no meio político, dos grupos que mandam desde o século passado, sobre a candidatura do Delegado João Paulo (PP):
– O cara é um perigo. É delegado. Só precisa acertar o discurso – era o resumo.
Em reuniões reservadas sei que João Paulo reproduziu trechos de artigos meus, sobre ele ser apresentado como o Delegado que enfrentaria facções políticas que tomam – ou querem tomar – de assalto a Prefeitura.
Um de seus imediatos, o vereador Marco Barbosa, ia além do discurso.
Foi contra a aliança com o vereador Deoclécio Melo (Solidariedade), por entender que o Delegado seria ‘contaminado’ por um parceiro que, registre-se, nunca teve condenação alguma, mas ajudou a derrubar tentativas de CPIs e impeachments contra Miki.
Foi voto vencido e Aline Melo, filha de Deoclécio, virou a vice.
Fato é que Marco Barbosa não resta feliz.
Não só por não pertencer a uma candidatura sem conchavos políticos, que almejava depois de, cunhado de Miki, ter enfrentado o desafio de ser um puro político.
Acontece que, para piorar, não há ‘meritocracia’ na campanha: mandam mais do que ele que tem votos; o que, quem conhece a política, goste-se ou não, é o principal ativo.
Estará com o Delegado na aventura da eleição suplementar de 2022, mas não deve concorrer pelo partido em 2024.
Ao fim, lembrou-me a cena final de O Guarani, de José de Alencar (1857): “Peri, com esforço desesperado, cingindo o tronco da palmeira em seus braços hirtos, abalou-o até às raízes (…) As raízes desprenderam-se da terra (…) Peri estava de novo junto de sua senhora (…) E sumiram no horizonte”.
Entendedores entenderão.