Está na conta dos funcionários da General Motors e das sistemistas do complexo automotivo de Gravataí, a primeira parcela do PPR, que injetará mais de R$ 30 milhões na economia regional.
Apresentei o acordo entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (SIMGRA) em Assinem logo, trabalhadores da GM de Gravataí!; um bom acordo.
Cada empregado da GM está recebendo nesta terça R$ 7.700,00 e cada trabalhador das sistemistas R$ 4.220,00.
– Além de garantir o pagamento da participação nos lucros e resultados, é um dinheiro que movimenta a economia local neste momento de pandemia – comemora Valcir Ascari, o Quebra-Molas, diretor do sindicato.
A crise do coronavírus ‘contagiou’ o acerto num primeiro momento. No acordo coletivo assinado em janeiro os valores eram de R$ 9.300,00 na GM e de R$ 5.100,00 nas sistemistas. Com a paralisação da montadora, que está em férias coletivas há um mês e por mais três, os valores foram fracionados.
– A GM não está produzindo carros e as vendas caíram – explica o sindicalista, que viu aprovada em assembleia online a proposta atual, de pagamento neste dia 28, e derrotado o pagamento dia 3 de julho de R$ 9.300,00 para a GM e R$ 5.100,00 para sistemistas.
O momento é delicado para a GM, o que mais uma vez alimenta rumores sobre o futuro da montadora na América Latina, como tratei em uma série de artigos como Acordo Mercosul-União Européia é ruim para GM Gravataí; there is no free lunch, nem marmita grátis, Trump, Gravataí, almoço e marmita de graça; o futuro da GM, O que queria que a GM mostrasse ao prefeito; é dúvida de todos, acredito, Se precisar fechar GM, fecha; secretário de Bolsonaro avisa, Gravataí espera aterrorizada, O blefe da GM; quem paga esse almoço? e Onde a Gravataí da GM encontra a mulher do Bolsonaro e a filha de Moro..
Um fechamento da fábrica, aos moldes do que acontece com a Pirelli em 2021, representaria quase metade da receita de Gravataí. As perdas passariam de R$ 10 milhões por mês.
Ou quase duas pontes do Parque dos Anjos a cada 30 dias.
Para se ter uma ideia do tamanho da reorganização posta em curso pela direção em Detroit, EUA, desde segunda-feira está suspenso o pagamento de dividendos e o programa de recompra de ações.
– Continuamos melhorando nossa liquidez para ajudar (a empresa) a enfrentar as incertezas criadas no mercado global por essa pandemia – disse Dhivya Suryadevara, diretora financeira da GM, à Agência France Press.
A liquidez é algum dinheiro no caixa em um momento de queda de 21,8% nas vendas do mercado automotivo brasileiro em março, na comparação com 2019. Para efeitos de comparação, ou, para os mais pessimistas, estimativa, a queda de vendas da GM na China, epicentro da pandemia, foi de 43% nos três primeiros meses.
Sem especificar detalhes regionais, a direção mundial da GM também disse em comunicado que tomou “outras medidas significativas de austeridade”, além de estender uma linha de crédito de US$ 3,6 bilhões para três anos até abril de 2022.
Desde o início do ano, a queda nas ações da GM na Bolsa de Nova York já soma 42%.
Em março, após o anúncio das férias coletivas, o presidente da GM na América do Sul Carlos Zarlenga disse ao Valor, mais importante veículo de economia, finanças e negócios do Brasil, que “a General Motors decidiu adiar seu mais recente plano de investimentos, de R$ 10 bilhões entre 2020 e 2024”.
No ‘show do bilhão’ está o R$ 1,4 bi que a GM anunciou em 2017 e estava em investimento para Gravataí, consolidando a unidade como a mais importante da montadora na América Latina.
“Theres is no free lunch”, ou “não há almoço de graça”, é aquela frase de CEO em jatinho, não?
Ao fim, aguardemos. Não é alarmismo, é a realidade atropelando. Como conclui o último artigo, "preparemo-nos para o pior: a catástrofe econômica que sucederá a tragédia sanitária d pandemia fará quem tem emprego pedir desculpas no Brasil".
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