entrevista

Novo presidente quer dinheiro da Câmara para animais

Fernando Medeiros será o presidente da Câmara de Cachoeirinha em 2019

Fernando Medeiros foi eleito por unanimidade presidente da Câmara de Cachoeirinha para o ano de 2019. Um acordo firmado no início da legislatura 2017-2020 dividiu a presidência entre as maiores bancadas: em 2017, PSB, com Marco Barbosa; em 2018, MDB, com Rubens Ohlweiler; em 2019, PDT, com Fernando (que teve o apoio dos dois outros vereadores do partido, Manoel D´Avila e Paulo Roberto Oliveira); e o último ano será definido entre PRB, PV, Solidariedade e PTB.

O vice-presidente eleito é Cristian Wasem, o primeiro secretário Duda Keller e a segunda secretária Jaqueline Ritter.

Fernando tem 37 anos, é engenheiro de produção e trabalhou por 12 anos como auditor de qualidade da GM, a partir da inauguração em Gravataí. Concorreu pela primeira vez a vereador em 2012, quando ficou na primeira suplência do PV, com 618 votos. Em 2013 assumiu a secretaria de Meio Ambiente do governo Vicente Pires e, em 2016, já pelo PDT, foi eleito com 1340 votos para o primeiro mandato, como o nono mais votado de Cachoeirinha e o campeão de votos do partido.

Siga trechos da entrevista dada ao Seguinte: após a eleição.

 

Seguinte: – Como será o Fernando presidente?

Fernando – Tenho perfil semelhante ao Rubens, de ouvir a todos. Tomarei sempre decisões colegiadas.

 

Seguinte: – A Câmara de Cachoeirinha é toda governista. Qual sua avaliação sobre o governo Miki Breier (PSB)?

Fernando – O governo tem se esforçado para ampliar receitas e superar a crise. Não é uma equação fácil num município onde só o pagamento da folha consome 60% da arrecadação. Há ainda repasses atrasados, como na saúde, onde o estado não libera recursos desde junho. A Câmara tem sido parceira. Cada vereador tem feito a sua parte, conseguindo a inscrição e liberação de emendas com a bancada federal. Só neste ano foram R$ 4 milhões.

 

Seguinte: – O gasto com viagens de vereadores quase dobrou em 2018 em relação a 2017. Qual sua posição?

Fernando – Não tenho preconceito, embora não tenha feito nenhuma viagem no mandato e, quando fui secretário de Meio Ambiente, usei apenas uma diária em Brasília. Acho que vale a equação: quanto veio em emendas, quanto foi gasto em passagens e diárias. Foram R$ 4 milhões em recursos para Cachoeirinha, e R$ 80 mil em viagens.

 

Seguinte: – Mas os vereadores não podem visitar os deputados quando eles estão no Rio Grande do Sul, ou articular pelo telefone, WhatsApp… Afinal, as viagens são para cursos…

Fernando – São para cursos, mas os vereadores estabelecem relações para conseguir as emendas. Cada deputado tem R$ 15 milhões por ano em emendas impositivas. Nada como estar presente. Mas não será um ‘liberou geral’, não autorizarei viagens de maneira desproporcional como aconteceu na legislatura anterior em Gravataí, que gastou mais que a Câmara de São Paulo. Não queremos ser notícia negativa no Fantástico.

 

Seguinte: – Cada vereador tem hoje cinco assessores. Há possibilidade de aumento de cargos?

Fernando – Não aumentarei CCs. Até o fim de 2019, a princípio chamarei apenas três concursados para substituir funcionários de carreira que estão se aposentando.

 

Seguinte: – O efeito cascata com o aumento nos salários dos ministros do STF pode chegar à Câmara de Cachoeirinha?

Fernando – Só se for em 2020. Não vou propor aumento de salários para os vereadores.

 

Seguinte: – Nos bastidores da Câmara e nos partidos só se fala em aumentar o número de vereadores de 17 para 19.

Fernando – É uma discussão que está colocada. Pela Constituição, Cachoeirinha atingiu uma população que pode ter 19 vereadores. Mas é uma questão polêmica, que não pode ser decidida dentro de gabinetes. Vou propor uma audiência pública, para que os eleitores digam se querem ter uma maior representação. De qualquer forma, qualquer aumento de cadeiras só valeria para a próxima legislatura.

 

Seguinte: – Há orçamento para comportar mais vereadores e assessores?

Fernando – Teria que ser feito um arranjo. Mas este ano sobrará R$ 1,3 milhão. Metade vai para o fundo municipal de segurança pública, outra para saúde. Ano que vem os 6% a que a Câmara tem direito deve passar dos R$ 12 milhões.

 

Seguinte: – Pretende fazer alguma obra física na Câmara?

Fernando – Quero concluir o que Marco Barbosa começou, instalando telhado sustentável, com placas de captação de energia solar. Isso trará economia.

 

Seguinte: – És ligado à causa animal. Tua presidência terá ações nessa área?

Fernando – Quero fazer seminários e ajudar na conscientização sobre o bem-estar animal. E do dinheiro que sobrar do orçamento da Câmara ao fim da gestão, pretendo destinar metade para a causa. Fazendo o cálculo com o que sobrou este ano, seriam R$ 650 mil, mais do que o dobro do orçamento destinado para 2019 pela prefeitura. Quando fui secretário crie o Samuvet. Agora pretendo buscar emendas parlamentares para ajudar o governo a equipar o centro de saúde animal que está sendo construído.

 

Seguinte: – Qual tua expectativa com o governo Eduardo Leite (PSDB)? Quem apoiaste no segundo turno?

Fernando – No primeiro turno apoiei o candidato do partido, Jairo Jorge. No segundo, fiquei neutro. Mas acredito que Eduardo Leite tem tudo para fazer bom governo. Tem idéias novas e já mostrou capacidade de gestão na prefeitura de Pelotas. Politicamente também se mexeu bem, já que, antes mesmo de assumir, conseguiu formar uma maioria na Assembleia. Meu partido vai ser independente, mas torço por um bom governo.

 

Seguinte: – E o governo Jair Bolsonaro (PSL)?

Fernando – Apoiei Ciro Gomes no primeiro turno e fiquei neutro no segundo. Mas torço para que Bolsonaro faça um bom governo. O mercado tem demonstrado confiança, a economia tem mostrado alguma reação. Vamos esperar para ver.

 

Seguinte: – O que projetas para teu futuro político? Sonhas um dia ser prefeito?

Fernando – Quero fazer um bom mandato na presidência e concorrer a mais um mandato como vereador. Concorrer a prefeito? Quem sabe um dia, mas sou um cara de partido e estamos na base do governo. Principalmente na crise temos que estar unidos com o prefeito. Se em 2020 couber ao PDT indicar o vice, apoio o vereador Manoel, que já manifestou interesse. Quero continuar ajudando a consolidar o partido. Tivemos três eleitos depois de 16 anos sem representação na Câmara.

 

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