RAFAEL MARTINELLI

Número 1 de Bolsonaro no RS confirma apoio a Marco Alba para Prefeitura de Gravataí; Dorival e ‘a luta continua’

Evandro, Onyx e Marco Alba, em vídeo postado no Instagram

O ex-prefeito Marco Alba (MDB), que é candidato à Prefeitura de Gravataí, postou encontro com Onyx Lorenzoni (PL), ex-deputado federal e ex-ministro do governo Bolsonaro, e com Evandro Soares, ex-vereador e presidente municipal do partido, um dos cotados para ser seu vice.

No vídeo, gravado no Hotel Ritter, em Porto Alegre, na sexta-feira, Onyx praticamente confirma o apoio do bolsonarismo a Alba.

O número 1 de Bolsonaro no Rio Grande do Sul disse que, no que depender dele, já escolheu seu “lado”. O “do bem”, acrescentou, batendo no peito do ex-prefeito.

Um bolsonarismo tímido, pareceu-me. A única referência ao ex-presidente foi dizer que Evandro, que foi seu chefe de gabinete no Ministério do Trabalho e Previdência Social, “ajudou muito no governo Bolsonaro em Brasília”.

Alba escreveu no post: “conversamos sobre o momento político que estamos vivenciando, da aliança com o Partido Liberal em Gravataí e da amizade que construímos ao longo do tempo”. E concluiu com um “obrigado Onyx pela parceria e apoio! Estamos juntos, a luta continua”.

Os mais fanáticos que esperavam por uma defesa do inelegível e futuro detento por tentativa de golpe de estado, manifestações de extremismo, ou algum delírio característico do bolsonarismo, não vão achar no vídeo que você assiste clicando aqui.

Em 27 de setembro do ano passado, publiquei III Guerra Política de Gravataí: Marco Alba e a foto com o candidato bolsonarista; ‘Mito’ pode não ser mais um bom cabo eleitoral.

Reproduzo o artigo e, abaixo, concluo:

“(…)

O ex-prefeito Marco Alba (MDB) se reuniu com Evandro Soares, candidato bolsonarista à Prefeitura de Gravataí, com o deputado federal e presidente do PL gaúcho Giovani Cherini, o presidente do PL Jovem RS José Capaverde e o gravataiense Enilto Santos, ex-diretor da Assembleia Legislativa.

– Na pauta, eleições municipais 2024 – postou Evandro, cotado para ser vice de Marco, apesar de lançado a prefeito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro; leia em Bolsonaro lança gravataiense candidato a prefeito; O que isso tem a ver com a III Guerra Política de Gravataí.

“A aproximação do MDB com o PL em Gravataí iniciou nas eleições de 22 com o apoio do partido e do Alba às nossas candidaturas ao governo federal e ao governo do Estado”, acrescentou Evandro nas redes sociais, sobre o “bate-papo entre amigos”, referindo-se ao apoio de Marco, da deputada estadual Patrícia Alba e do, na época emedebista, prefeito Luiz Zaffalon a Onyx Lorenzoni, em primeiro e segundo turno, e a Bolsonaro, em segundo turno.

A postagem possibilita leituras relativas à III Guerra Política de Gravataí: Zaffa x Alba, pós Abílio x Oliveiras e Bordignon x Stasinski.

Inegável é que, ao posar para a, no pós-III Guerra, inédita foto com o PL, Marco Alba permite a associação de sua candidatura ao bolsonarismo, em contraste com seu agora adversário, Zaffa, que se filiou ao PSDB de Eduardo Leite – que para bolsonaristas representa “esquerda”; leia e assista em SEGUINTE TV | Nem Lula, nem Bolsonaro: Prefeito Zaffa escolhe Eduardo Leite e se filia ao PSDB; A III Guerra Política de Gravataí e o Clube dos Frades.

O presidente do MDB de Gravataí, Alan Vieira, já tinha feito movimento neste sentido, ao aderir à Frente Conservadora gaúcha; leia em Alan na Frente Conservadora do RS: o pior momento para o MDB de Marco Alba se associar ao bolsonarismo, artigo no qual reportei a ausência de Marco Alba no lançamento.

A confirmação pública da proximidade com o PL também é um golpe na aposta de políticos da aldeia de que o vice de Marco Alba poderia ser o vereador Thiago De Leon, candidato a prefeito pelo PDT – leia em O empoderamento de De Leon, candidato a prefeito de Gravataí; O copo Stanley e o alambrado das próximas eleições e PDT de Gravataí desautoriza convite para filiar Zaffa, mas De Leon admite falar ‘com todos’ e sinaliza para Marco Alba; O ‘Norte via Sul’ na III Guerra Política de Gravataí e os grouchomarxistas –, trazendo também o PSB do vereador Paulo Silveira para coligação.

Por mais que alianças eleitorais permitam a nietzschiana “Deus morreu, tudo pode”, Alba precisaria ser mais ‘pelé da política’ do que nunca para reunir no mesmo palanque o PDT, partido responsável pela ação judicial que tornou Bolsonaro inelegível, e o PL do ex-presidente.

Insisto, porém, que a política é, também, um estreitamento de inimizades.

Assim como descrevi ser um ‘Dos Grandes Lances dos Piores Momentos’ Zaffa ter em sua base de sustentação do governo o vereador Clebes Mendes, denunciado à comissão de ética do MDB por supostamente ter feito campanha para Dimas Costa (PSD), segundo colocado na eleição de 2020, além de ex-oposicionistas entre os quais incluo – apesar das negativas – Cláudio Ávila, o mesmo vale para Marco Alba-Evandro, que, além de ter sido vice de Dimas, em uma chapa ‘MarxDonalds’, votou contra aprovação de contas do ex-prefeito, o que, não tivesse revertido judicial e politicamente, custaria uma inelegibilidade de 8 anos.

Ao fim, resta aguardar a qual PL Marco Alba se associa. É notório que Evandro Soares carrega pouco das coisas ruins do bolsonarismo, mas, fato é, se apresenta como ‘candidato do Bolsonaro’.

Reputo o inelegível não resta mais um bom cabo eleitoral; nem na Gravataí que em 2018 deu 70% e, em 2022, 60% dos votos para o ‘mito’.

Pesquisa a qual tive acesso, relativa a última quinzena de agosto, mostra que, ao responder sobre uma eventual candidatura apoiada por Bolsonaro 44% dos eleitores entrevistados responderam que a chance de votar “diminui”; 29,1%% “aumenta”; 23,5% não muda e 3% “não sabe/não opinou”.

No agrupamento do potencial de voto, Leite tem 36% de “aumenta”, 44% de “não muda” e 16% de “diminui”. Lula tem 35% de “aumenta”, 25% de “não muda” e 37% de “diminui”.

Gravataí é inquestionavelmente uma cidade conservadora em sua ‘elite’. Entre os pobres e remediados, que decidem eleições, nunca é uma certeza.

(…)”

Sigo hoje.

Não tenho confirmação se a postagem teve um cálculo sobre o timing político, mas o encontro aconteceu no mesmo dia em que Lula estava na Capital e na semana em que o adversário na eleição, Daniel Bordignon (PT), foi convidado por Lula para ir a Brasília; leia em Bordignon foi convidado para encontrar Lula em Brasília; É candidatíssimo a prefeito de Gravataí. Sem ‘nem-nem’ e Bordignon é recebido por Lula em Brasília; A foto e o fato: é candidato à Prefeitura de Gravataí.

Também acontece em um momento em que outro adversário, o prefeito Zaffa, tenta atrair para o governo Dimas Costa (PSD), ‘embaixador’ do governo Eduardo Leite (PSDB) em Gravataí, mas ex-petista, eleitor de Lula e notório político de centro-esquerda; leia em ‘Tá no jornal’: Zaffa e Dimas “cada vez mais próximos” em Gravataí; A fofoca é… interminável! – o que, abrindo um parêntesis, pode acelerar assim que o governador, que pode articular o pedido de Dimas de ser deputado estadual, ler esta matéria e perceber que seu adversário na eleição anterior e, provavelmente, de seu ou sua sucessora em 2026, já tem candidato em Gravataí, quarta economia gaúcha.

Salvo melhor juízo, resta a percepção de que Marco Alba aposta que a identificação com o bolsonarismo pode ajudar na eleição.

Ainda que, a pesquisa que referi acima – mesmo que seja retrato de um momento o qual Bolsonaro não aparecia tão candidato à Papuda, mas também não tinha reunido milhares pessoas no culto político da Av. Paulista – não mostre vantagens em uma bolsonarização.

Ao fim, concluo da mesma forma que no artigo de setembro: “Gravataí é inquestionavelmente uma cidade conservadora em sua ‘elite’. Entre os pobres e remediados, que decidem eleições, nunca é uma certeza”.

O lado da ‘ferradura ideológica’ raramente decidiu eleição municipal, mas é inegável que o momento político do país, o prende-não-prende, pode influenciar no humor do eleitor.

Fato é que – e as batidas de Onyx no peito do ex-prefeito confirmam – o PL de Bolsonaro apoiará a eleição de Marco Alba, hoje no MDB o herdeiro político de Dorival de Oliveira, político que ficou ao lado de Jango e Brizola na Legalidade e não se associou aos golpistas de 64. Pelo contrário, estava ao lado daqueles que diziam “a luta continua”, mesmo com o Brasil sob uma ditadura envergonhada ou escancarada que, junto à liberdade, matava homens, mulheres e crianças.

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