política

O 1º de abril sobre a volta de Miki à Prefeitura de Cachoeirinha

Montagem feita em cima da diagramação de GZH circula pelo WhatsApp

É fake news o print de suposta reportagem de GZH sobre liminar que garantiria o retorno de Miki Breier (PSB) à Prefeitura de Cachoeirinha no dia 4. É uma brincadeira de 1º de abril. Recebi tantas vezes pelo WhatsApp a mensagem que aparece como “encaminhada com frequência”, que resolvi alertar quem lê o Seguinte:.

A verdade é que o prefeito eleito em 2020, afastado por suspeitas de corrupção em 30 de setembro de 2021 teve a medida prorrogada por mais seis meses nesta terça-feira, pela 4ª Câmara do Tribunal de Justiça, a pedido do Ministério Público com base nas investigações das operações Proximidade e Ousadia, que o apontam como chefe de uma organização criminosa que fraudou contratos de limpeza urbana em até R$ 30 milhões.

Miki, que se não houvesse a prorrogação do afastamento teria retornado ao cargo hoje, aguarda julgamento de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

Apesar de perfeito esteticamente, além da notícia falsa há dois erros no print-montagem. A corte de Brasília é nominada como TSJ, tribunal que não existe. Outro alerta é a data, de 28 de fevereiro, tempo suficiente para a notícia já ter chego a toda Cachoeirinha. A montagem, inclusive, é feita sobre a base da reportagem original de GZH que reportou a renovação do afastamento de Miki.

Para reforçar a necessidade de mídias sérias alertarem sobre esse fenômeno, o que faço de forma paroquial neste artigo, reproduzo dois trechos de entrevista da jornalista Mariana Barbosa, autora de “Pós-verdade e fake news – Reflexões sobre a guerra de narrativas”, ao portal Educação.

 

“…

Pergunta – No caso das fake news por crença em algo desmentido pela realidade e a ciência, você acredita que há relação com o que os estudiosos chamam de viés confirmatório, o processo cognitivo que faz crer e compartilhar informações de forma seletiva para continuar convencido de que o correto é unicamente o que já se crê?

Mariana – Sim, e os casos da Terra plana, do homem que ainda não foi à Lua, das vacinas que não funcionam e matam e da mamadeira de piroca são clássicos. Alguns desses com muitos seguidores não só Brasil, mas no mundo todo. Os crentes na Terra plana acreditam ser ao menos 5% da população mundial, ou 385 milhões pessoas. No Brasil, uma pesquisa feita pelo Datafolha no início de julho de 2019 mostra que 7% dos maiores de 16 anos, aproximadamente 11 milhões de pessoas, não acreditam que o planeta seja esférico. Trinta milhões de brasileiros, cerca de 15% da população, simplesmente dizem que o homem não foi à Lua e tudo o que se vê sobre isso é armação. Os disparos de robôs foram decisivos nas últimas eleições e estão aí para quase tudo, mas muita gente recebe fake news e dissemina sem a menor reflexão sobre a veracidade ou não da coisa. Querem, na verdade, reafirmar a própria convicção, se divertir ou as duas coisas. Um perigo.

 

Pergunta – A pessoa quer pertencer a determinado grupo de qualquer jeito, porque se identifica com ele, e faz qualquer negócio para isso…

Mariana – Sim. E aí posta qualquer coisa que reforce as teses do grupo, que são também as suas. Conferir se é verídico fica secundário. Os casos da mamadeira de piroca e dos grupos radicalmente contrários e refratários a um partido ou ideologia política são exemplares dessa questão. Nas 24 horas anteriores ao pedido de demissão do então ministro Sérgio Moro, várias pessoas – dezenas de jornalistas políticos importantes, respeitados e badalados no país, inclusive – enviaram mensagens ao jornal Folha de S. Paulo, que antecipou a saída, dizendo que era fake news, inclusive com o argumento de que a coisa fora desmentida por “fontes importantes e respeitadas” consultadas por eles. No dia seguinte, a Folha fez questão de lembrar a cada um dos contestadores que não era fake news, “e sim jornalismo”. É a realidade que estamos vivendo…

…”

 

Sigo eu.

Hoje tinha acordado com saudades da minha amada e inesquecível avó Maria Palma Rossetto, por lembrar que ela – com seu característico sotaque talian, que agradeço ouvir agora em minha mente – nunca deixava de me ligar para aplicar um 1º de abril.

Singelos, inocentes. De almanaque.

A fake news sobre Miki, que reputo insignificante frente a tantas mentiras violentas que arruínam vidas e reputações (e são cometidas diariamente por governos e grupos políticos e econômicos e seus gados), trouxe-me de volta a esse obscuro presente.

E em 2022 temos mais uma eleição assombrada por esses tenebrosos…

Ao fim, teu neto segue aqui, em sua profissão de fé, contra Moinhos de Vento, procurando sempre ser justo, como ensinaste em teu testemunho de vida, vó Maria.

Não há maior injustiça do que condenar um inocente.

É uma variante do Oitavo Mandamento.

 

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