opinião

O acordo sindical que ’injeta’ 250 milhões na economia de Gravataí

Assembleia do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí aprovou acordo salarial com GM e sistemistas

Um dos maiores ‘investimentos’ na economia de Gravataí vem de um dos ‘vilões’ de muitos: um sindicato. O cálculo do sindicato dos metalúrgicos é de que nos próximos quatro anos R$ 250 milhões vão girar na economia local com a participação nos lucros e resultados de 6 mil trabalhadores, acertada nesta segunda com a General Motors e sistemistas.

Valcir Ascari, o Quebra-Molas, diretor presidente do SINMGRA, contou há pouco ao Seguinte: que o PPR na GM ficou em R$ 14,1 mil por funcionário, e R$ 14,7 mil para os chamados ‘facilitadores’, espécie de ‘coringas’ do chão de fábrica, que substituem diferentes funções para a linha de produção não parar.

Para empresas sistemistas são R$ 7,7 mil para ‘peões’ e R$ 8 mil para ‘facilitadores’.

A reposição anual da inflação também é prevista no acordo.

Ainda vou pesquisar, mas pelo que acompanho dessa tempestade perfeita que assola o movimento sindical, talvez tenha saído de Gravataí dois dos melhores acordos para os trabalhadores: o referente às indenizações pelo fechamento da Pirelli pelo STIAB, que tratei nos artigos Sem acordo assinado, indenizações da Pirelli restariam suspensas Como ficou plano de incentivo a demissões na Pirelli, este do SINMGRA com a GM, em um ano onde a montadora ‘ameaçou’ ir embora da América do Sul, como tratei em artigos como Acordo Mercosul-União Européia é ruim para GM Gravataí; there is no free lunch, nem marmita grátis e links relacionados no texto.

Falando em dinheiro no bolso, o acordo garante R$ 5 mil a mais do que ganharão os metalúrgicos da GM de São Caetano e São José dos Campos, em São Paulo. E não se mexeu em ‘cláusulas sociais’ do acordo coletivo, que regulamenta 40 horas semanais.

Mas reputo como grande lance do acordo o Simgra ter evitado o contágio total da ‘eforma trabalhista’ aprovada no governo Michel Temer e da Medida Provisória 905, a ‘Carteira Verde Amarela’, editada por Jair Bolsonaro.

A reforma permite terceirizações e trabalho intermitente, e a MP libera contratações com salário limitado a 1,5 salário mínimo por mês (hoje, R$ 1.497), para qualquer tipo de atividade, inclusive para substituição transitória de pessoa permanente, ‘flexibiliza’ a legislação para permitir trabalho aos domingos (folga após o sexto domingo trabalhado) e feriados e institui a contribuição previdenciária do Seguro Desemprego na mesma proporção que desonera os empregadores.

Os sindicalistas de Gravataí garantiram que a ‘atividade fim’ não terá terceirizações, não será aplicada jornada intermitente de trabalho e domingos terão pagamento de 100% e mais folga.

A figura do ‘termo de quitação anual das obrigações trabalhistas’ também não entrará na Avenida General Motors. É aquela declaração criada na reforma trabalhista em empregados e patrões reconhecem, a cada fim de ano, o cumprimento correto das obrigações do contrato, o que reduz as chances de ações trabalhistas.

– Conseguimos um bom acordo. E com uma previsibilidade de quatro anos – resume Quebra-Molas, que não acredita na perda da GM a curto prazo, mas alerta que se o Brasil não investir em tecnologia nos próximos 15 anos, o futuro é incerto para o setor, que projeta 30% de automóveis elétricos em 2025.

– Podemos perder empresas porque o país ficará para trás, apenas com ‘indústria de bugigangas’. Mas certamente a GM não irá embora porque o PPR custa caro – ironiza o experiente sindicalista da ‘terra da GM’ e, em alguns meses, da estátua da liberdade da Havan.

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