coluna do dienstmann

O álbum de figurinhas e o sonho da bicicleta

“Existe o sonho possível e o sonho em que os outros não acreditam” (Ivo Wortmann, técnico).

“Eu durmo, como e sonho futebol: para mim ele é igual a música – não consigo ouvi-la, mas percebo as suas vibrações e então a sinto (Athiel Mbaha, goleiro da Namíbia – surdo desde os sete anos).

 

Muita criança nunca teve uma bicicleta, não tem e jamais terá. Muito adulto lembra com mágoa que na infância não teve bicicleta. Agora no Natal, o presente mais pedido pelas crianças nas cartinhas ao Papai Noel dos correios, por exemplo, é ela: muito na frente de brinquedos, roupas, calçados, material escolar, está a bicicleta.

O adulto que era criança em 1957 sonhou na época que poderia ganhar uma. O jeito era um álbum de figurinhas de futebol, “Balas Coleção”, 20 times, 11 jogadores de cada um, todos do Rio e São Paulo, os gaúchos pareciam não existir: Fluminense, Vasco, Flamengo, Botafogo, América, Bangu, Canto do Rio, Bonsucesso, Santos, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Portuguesa, São Bento, 15 de Piracicaba, Taubaté, Ferroviária, Guarani de Campinas, Noroeste, Juventus.

Faz muito tempo. Telê Santana era ponteiro recuado do Fluminense, Evaristo de Macedo meia do Flamengo, Pelé ainda não aparecia nas figurinhas do Santos, o Canto do Rio de Niterói jogava o campeonato carioca. A bala era horrorosa, enjoativa, puro açúcar com farinha, embrulhada em papel vagabundo – e cada uma com um jogador. Uns dez vinham carimbados, os mais difíceis: o número 126 Alfredo do São Paulo, 137 Brandãozinho da Portuguesa, 87 Edil do Bonsucesso…

O menino trabalhou, capinou, plantou pasto, varreu, cuidou de galinhas e vacas e porcos de vizinhos, criou um peru para vender; juntou todas as moedas que conseguiu, economizou, comprou um monte daquela bala ruim, colou as figurinhas no álbum com clara de ovo. Para ganhar a bicicleta tinha que completar os 220 jogadores, faltando um levava uma bola de futebol, faltando dois uma joelheira de goleiro, e faltando de três a dez concorria no sorteio de uma geladeira.

O final vocês já adivinharam: não deu pro menino! Ele batalhou, sonhou, sofreu, não dormiu, chorou pensando na bicicleta. Conseguiu juntar 196 das 220 figurinhas, faltaram 24. O álbum está com ele, exatos e longos 60 anos depois, como uma testemunha e um velho companheiro.

Tomara que você ganhe a sua bicicleta nesta noite de domingo dia 24. Ou consiga dar uma a uma criança.

Feliz Natal!

 

 

Agenda histórica do futebol gaúcho na semana

 

24.12, domingo

1981 –  Dunga, 18 anos, meio-campo do Inter, confirma ter recebido proposta do Grêmio

 

25.12, segunda-feira

1932 – Grêmio bi gaúcho pela segunda vez, 5×1 Pelotas, Baixada

1983 – Ex-atacante do Cerâmica e governador do Rio Grande do Sul, Jair Soares, joga aos 50 anos no Trianon, contra o Sindicato dos Atletas, no Beira-Rio

 

26.12, terça-feira

1996 – Luiz Carlos “Cacalo” Silveira Martins presidente do Grêmio

 

27.12, quarta-feira

1931 – Grêmio campeão gaúcho, 3×0 Guarani de Alegrete, Baixada

1944 – Ponteiro-direito Tesourinha e meio-campo Ávila do Inter convocados para seleção brasileira

 

28.12, quinta-feira

1973 – Inter contrata técnico Rubens Minelli e é bicampeão brasileiro em 1975 e 1976

 

29.12, sexta-feira

2000 – Grêmio contrata técnico Tite, do Caxias, campeão gaúcho, e é tetra da Copa Brasil em 2001

 

30.12, sábado

1971 – Grêmio renova contrato com Oto Glória, técnico mais bem pago do Brasil: C$12 mil mensais – 2.200 dólares na época –, C$45 mil de luvas, gratificação por vitórias e empates, duas passagens aéreas ida e volta ao Rio por mês, tudo livre de imposto de renda 

 

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade