O sindicato dos professores aprovou a proposta salarial que será apresentada ao governo Marco Alba (PMDB) nos próximos dias: 20% é a conta redonda, já com ganho real. O cálculo da categoria é de que, entre 2015 e 2018, a perda salarial só com a inflação chega a 16,6%.
– Um professor de nível 1, com salário de R$ 1.200, já perdeu R$ 3.600 – contabilizou a presidente Vitalina Gonçalves, na assembleia que durou mais de quatro horas e lotou o CTG Aldeia dos Anjos de funcionários ligados aos sindicatos dos professores e dos municipários para também analisar um aumento de contribuição para evitar a falência já no ano que vem do Ipag Saúde, o plano de saúde de 12.139 servidores ativos, inativos e seus dependentes.
Nas projeções apresentadas sobre dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o SPMG sustenta que a receita comporta a pedida salarial sem ultrapassar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
– Depende da vontade política do prefeito. Há espaço para repor o que foi comido dos salários e também para negociar um ganho real.
Na conta do sindicato, mesmo que a receita corrente líquida ficasse congelada nos R$ 600 milhões de 2017, incluindo salários e contribuições do governo para o Ipag Previdência e o Ipag Saúde, o limite de gastos de 51,3% previsto pela LRF não seria ultrapassado com o reajuste.
– Com 15% iria a 48%, com 18% iria a 49% e com 20% a 50,35% – apontou a diretora Marli Medeiros, que também fez os cálculos projetando um crescimento de 5% em 2018, que elevaria a receita para R$ 630 milhões, e deixaria o comprometimento da receita em 46,55% para uma reposição de 15%, de 47% para 18% e de 47,56% para os 20% com ganho real.
– Os 5% que trabalhamos são uma projeção conservadora, já que deve fechar em 8% – calculou, mostrando gráficos que mostram que, não fosse a marolinha que virou um tsunami de crise em 2015, a receita em Gravataí poderia ter se mantido numa média crescimento chinês de 10%.
– Se nosso salário tivesse crescido na mesma proporção da receita seria hoje 26% maior – calculou outra diretora, Irene Kirst, observando que enquanto a Prefeitura arrecadou 8% a mais a cada ano, a despesa com pessoal caiu 6%.
– Em outras palavras, o funcionalismo está financiando a administração pública – avaliou.
No ano passado, sem reajuste, os servidores da educação pararam por uma semana. Na assembleia desta segunda, ainda não se falou em greve.
Governo abre negociação
Procurado pelo Seguinte:, o coordenador de Comunicação Luiz Fernando Aquino informou que ninguém do governo daria entrevistas sobre os dados apresentados pelo sindicato.
Ainda pela manhã o governo enviou ofício aos sindicatos informando a disposição de abrir nos próximos dias as negociações das pautas de 2017 a 2019 – o que não se resume a pedida salarial de 20%.
Opinião
É notória a posição do prefeito de reduzir os gastos com o pessoal para investir em obras e serviços, num mantra que permeia a administração, de que é preciso governar pensando em quase 300 mil habitantes e não elevando os gastos quase ao limite para beneficiar os 5 mil funcionários públicos.
Tanto o Plano Plurianual 2018-2021, quanto o Orçamento de 2018, já aprovados pela Câmara, por exemplo, o reajuste previsto é zero.
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SOS Ipag Saúde
Ainda hoje o Seguinte: – que já tinha antecipado a íntegra do Estudo Atuarial que alerta para o risco de falência do Ipag Saúde – traz reportagem sobre as decisões da assembleia sobre como o funcionalismo pretende salvar o plano de saúde.
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