Não é justo o apelido de ‘Maduro’, cochichado por vereadores nos corredores da Câmara de Gravataí, por Clebes Mendes ter usado a prerrogativa da presidência para encerrar a última sessão quando ainda havia duas inscrições feitas por parlamentares para usar a tribuna, como tratei no artigo Como votaram vereadores em moção contra Golpe de 64.
O presidente é, na verdade, uma surpresa no meio político, pela condução isenta e tranqüila das sessões. Surpresa porque, para quem não lembra, Clebes tem a alcunha dada pelo Seguinte:, e que colou, de ‘Bolsonaro da Aldeia’, justamente por posturas controversas e pelo temperamento explosivo.
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Na presidência, o vereador de segundo mandado tem se mostrado consciente do tamanho da missão de ser o presidente do poder que representa, na eleição dos 21 vereadores, a proporcionalidade de todos os eleitores que foram às urnas de Gravataí em 2016.
Talvez a única escorregada de Clebes, pelo menos para este jornalista, já que na aldeia que deu sete a cada dez votos para o ‘mito’ o vereador recebeu mais curtidas que grrrs, foi ter posado para foto sentado no sofá de casa com um pistola ao lado, quando da edição do decreto que flexibiliza a compra de armas.
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Mas, no dia a dia da Câmara, o presidente tem recebido elogio de funcionários. Inclusive apresentou, apesar de ter retirado depois, uma proposta de plano de carreira que cria vantagens para servidores conforme escolaridade, o que tratei nos artigos ’Cegonha da alegria’ na Câmara; servidores podem ganhar mais por escolaridade e Retirado projeto da ’cegonha da alegria’ na Câmara; um elogio e uma justificativa.
E, na condução das sessões, excluindo a última quinta, só ouvia elogios dos colegas da base de governo e, inclusive, dos vereadores da oposição.
Até agora, no teste de fogo que foi este mês com sessões lotadas por professores que protestavam contra o PL 19, que extingue o Ipag Saúde (plano de saúde que atende cerca de 10 mil pessoas entre servidores ativos, inativos, pensionistas e familiares) o ‘Bolsonaro da Aldeia’ mostrou bom senso, mesmo quando a vaia pegou – e não foram poucas vezes durante os debates.
O tratamento mútuo com Vitalina Gonçalves, presidente do sindicato dos professores, com quem no passado já se envolveu em polêmica que gerou inclusive ocorrência policial, é um exemplo de cordialidade.
Dizer que Clebes é ‘Maduro’ parece, como aquela máxima da política, ‘intriga da oposição’, mesmo que as principais críticas a ele venham de companheiros da base do governo.
Mais correto é dizer que Clebes se mostra maduro, com eme minúsculo.
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