O prefeito Cristian Wasem (MDB) mostrou força política ao conseguir da secretária da Saúde do Estado Arita Bergmann a garantia de substituição emergencial da administração do Padre Jeremias.
A crise financeira no único hospital SUS de Cachoeirinha, que com falta de médicos restringe o atendimento apenas a casos graves em seus 101 leitos, colapsa a saúde em Cachoeirinha desde a última semana.
A Prefeitura precisou reforçar equipes na UPA 24 Horas, mas mesmo assim a espera chega a 5 horas para atendimento.
Para conseguir a troca na gestão – cuja promessa do governo Eduardo Leite é lançar novo edital de contratação emergencial nos próximos dias – Cristian apelou para intervenção do vice-governador e colega de partido Gabriel Souza.
– Muito em breve o hospital estará sob nova gerência e administração. Assim teremos um serviço adequado e a população voltará a ter o atendimento de qualidade de forma integral – disse o prefeito, após reunião com a secretária estadual, ao lado da secretária municipal da Saúde, Bianca Breier, e do vice-prefeito Delegado João Paulo.
A crise explodiu após vistoria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), que constatou que o HPJ, administrado pela Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC), restringiu atendimentos devido a falta de clínicos e pediatras que estariam sem receber desde fevereiro; o que, pela interligação do sistema, influencia em toda a rede de saúde da região metropolitana.
– Existe uma total precarização das relações de trabalho, pois o Instituto de Cardiologia contrata uma empresa, a qual contrata médicos na modalidade pessoa jurídica. Dessa forma, sem pagamento, segurança dos seus direitos e, até mesmo falta de condições básicas para os atendimentos, fica inviável a manutenção dos profissionais nas escalas – denunciou o diretor d diretor do Simers, Daniel Wolff, ao site O Repórter, após a vistoria, na qual fez cobranças à direção do hospital e ao Conselho Regional de Medicina (Cremers).
– Solicitamos urgência na resposta pelo aumento da demanda dos pacientes, oriundos dos serviços de urgência, já que existe uma lotação nos hospitais e unidades de saúde em toda a região metropolitana – acrescentou.
A FUC informou que o Hospital Padre Jeremias recebe R$ 3,497,897,27 mensais para atendimentos 100% SUS, mas o valor não seria suficiente para a manutenção de todos os serviços 24 horas.
Conforme a administração, médicos contratados como empresas estariam apenas com a fatura de março atrasada – mas, mesmo assim, alguns deixaram de atender. Funcionários celetistas não teriam atraso no pagamento.
Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o HPJ recebe R$ 3,75 milhões mensalmente e “o governo repassa rigorosamente em dia e contrata a prestação de serviços” dos R$ 2,7 milhões que são repassados pelo Estado.
“Importante destacar que é responsabilidade da instituição responsável pela gestão do hospital a manutenção dos profissionais contratados. Cabe observar que Cachoeirinha não tem somente a porta de entrada do hospital, contando ainda com uma UPA, que atende os casos que são da sua capacidade e competência. Aqueles casos de urgência e emergência que dependem de atendimento hospitalar estão sendo atendidos na instituição”, dizia a nota.
Para garantir o pagamento dos salários, o Estado chegou a antecipar na última semana os repasses para o HPJ.
Ao fim, acertou Cristian ao dar um bom ‘carteiraço’, ao apelar para o vice-governador.
Aguardemos “nos próximos dias” a solução necessária ‘pra ontem’. Com a chegada do frio, a superlotação na UPA é uma certeza como a espera de cinco horas; assim como de uma disputa judicial entre quem sai, e quem entra.
