Gravataí vacante

O camerlengo também quer ser Papa

O vereador-presidente-prefeito Nadir Rocha admite: quer ser prefeito pelo voto do povo

Numa conversa com o Seguinte:, ao meio-dia desta terça (3/1), o camerlengo revelou o desejo de, quem sabe daqui a quatro anos, ser candidato a “sumo Pontífice” de Gravataí.

A metáfora se refere ao vereador-presidente-prefeito Nadir Flores da Rocha, o Nadir Rocha (PMDB), que pela segunda vez, tal qual um cardeal camerlengo na falta de um Papa para comandar os católicos, dirige interinamente a prefeitura de Gravataí.

Ele confessou o desejo de ser prefeito, sim. Não um prefeito por 30 dias, como há cinco anos quando a professora Rita Sanco (PT) foi apeada pela Câmara após um processo de impeachment.

Nem como agora, que chegou ao comando do Executivo porque Gravataí ainda não tem prefeito eleito já que o então candidato, ex-prefeito e ex-deputado estadual Daniel Bodignon (PDT) ganhou mas não levou, por decisão da Justiça Eleitoral.

— Eu tenho a ambição, sim, de ser prefeito de Gravataí. Fui prefeito uma primeira vez, estou prefeito pela segunda vez, e espero que a terceira vez que eu assumir a Prefeitura seja pelo voto do povo — disse o camerlengo, ops, o prefeito interino.

 

Força do povo

 

Nadir admitiu que uma candidatura a prefeito pode ser já na próxima eleição, em 2020, quando estará com 62 anos. Com habilidade política adquirida ao longo de quatro mandatos como vereador – foi reeleito ao quinto – impõe condicionantes.

— Tudo vai depender do nosso trabalho, da continuidade do projeto que temos para a cidade, do que vai acontecer nas próximas eleições, dia 12 de março e de uma decisão do partido. Eu tenho a vontade, mas isso não depende só de mim — reforça.

A força do povo, pelo menos para se manter vereador, Nadir já provou que tem. Nas quatro primeiras eleições teve votação ascendente: em 2000 (2.111 votos), 2004 (2.890 votos), 2008 (3.475), e 2012 (3.500).

Em 2016 teve 2.450 votos e, mesmo com menos 1.050 votos, foi o quarto mais votado entre os 21 parlamentares eleitos em 2 de outubro passado e o terceiro dentro da legenda, o PMDB, num pleito em que o mais votado ficou com 2.947 votos.

 

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Depende do momento

 

Autoclassificando-se um político "mais povão", que prefere a calça jeans ao terno e gravata ( — depende do momento, claro — ressalva), Nadir diz que estar prefeito, agora, é uma situação que amplia o espectro da responsabilidade política.

— Pretendo ser aqui (na prefeitura) o que sempre fui, de conversar com as pessoas na rua, ir às instituições da comunidade, participar de reuniões e pensar em fazer de forma mais objetiva aquilo que a gente pode fazer — diz.

Ou seja, Nadir prefeito vê o poder que tem nas mãos como algo macro. Enquanto o Nadir vereador se debate por questões que partem, por exemplo, de um pedido de patrolamento de uma rua ou substituição de uma luminária queimada.

— Uma coisa é ser vereador e outra é ser prefeito, obviamente. O vereador é tão importante quanto o prefeito dentro da estrutura política, porque age como um fiscalizador e tem um trabalho mais individualizado. Já o prefeito realiza um trabalho voltado ao município como um todo — explica.

 

Plano traçado

 

Nadir revela que quando a Justiça Eleitoral decidiu pela realização de novas eleições, e quando seu nome veio à baila para ser o presidente da Câmara e, por conseguinte, prefeito, de novo, foram traçados os planos de ação para a interinidade.

Ele contou ao Seguinte: que desde ontem já participou de reuniões com secretários, já recebeu vereadores no gabinete do palhacinho rosa que fica na José Loureiro da Silva, 1.350, e que tem sido muito cumprimentado, na rua.

— O que vai ser feito neste período que nem chega bem aos três meses já está programado. Não vai ter muita coisa de diferente do que vinha sendo feito, até porque vinha sendo muito bem feito.

Os planos delineados incluem o asfaltamento (ou recuperação com recapeamento asfáltico) de várias ruas, entrega de obras como a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas – parada 74 da avenida Dorival de Oliveira, entre outras.

 

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Trocar de lado

 

O veterano político dá uma risada larga quanto interrogado qual a sensação de passar de pedra à vitrine, ou seja, trocar de lado. Como vereador, fiscaliza, cobra, pede… Como prefeito, é fiscalizado, cobrado e reivindicado.

— Isso é normal, já estou acostumado às pessoas que se aproximam com os mais diferentes objetivos. A gente administra com a experiência adquirida como político, e as pessoas entende que estamos aqui para dar continuidade a um projeto macro, daquilo que é necessidade da comunidade.

E em casa, é vereador ou prefeito?

— Em casa também é tudo muito natural. Meus filhos já estão habituados. A diferença maior é na rua mesmo quando as pessoas não sabem se te chamam de vereador ou prefeito. Daí acabam chamando de Nadir mesmo, que é para evitar a confusão — conta, rindo.

 

Terceiro maior

 

Hoje mesmo Nadir acordou às 5h para se preparar ao segundo dia como prefeito. E antes de optar por calça de brim e uma camisa escura com mangas longas (apesar dos quase 30 graus!) para vestir, diz que pensou na responsabilidade do cargo.

Foi ele quem contou.

— Fiquei um tempo avaliando a dimensão de tudo isso, o tamanho da responsabilidade que é administrar um município que tem a terceira maior econom ia do estado.

E como fazer?

— A primeira coisa que a gente que chega assim, de surpresa, é ver quem é quem em termos de poder dentro da Prefeitura, além do prefeito, e avaliar se as coisas estão sendo feitas de acordo com o planejado ou como devem ser feitas.

E o presidente-camerlengo-prefeito da Gravataí vacante garante que, se for preciso, mexe na estrutura.

— É preciso saber se do secretário ao servidor que está lá na ponta, na linha de frente, a estrutura está funcionando. Pelo que apurei até agora está tudo indo bem, e quem não corresponder à missão que tem, com todo respeito, mas vou ser obrigado a pedir para se retirar!

 

: O prefeito interino Nadir Rocha diz que, se for preciso, mexe na estrutura administrativa

 

Pires na mão

 

Para este período como interino à frente da Prefeitura, Nadir Rocha disse que pretende ir até Brasília reivindicar recursos para viabilizar obras em Gravataí. Para isso ele conta com o trabalho dos secretários para elaboração de projetos nas mais diversas áreas.

Ele quer aproveitar a porta aberta na capital da República pelo deputado federal Jones Martins, do seu partido e do mesmo partido do presidente, Michel Temer. A ideia é com terno e gravata, botar projetos em baixo do braço e passar o pires nos ministérios.

Da Educação, Habitação, Segurança, Saúde… Onde for possível encaminhar projetos que possam resultar em benefícios para Gravataí o prefeito interino disse que vai estar. Para isso, entretanto, ele destaca uma conquista: o nome limpo.

Nadir lembra que a Prefeitura de Gravataí está com “as negativas” todas em dia, ou seja, não está lista do Cadin, que é o Cadastro dos Inadimplentes, também conhecido como o SPC dos municípios.

— Não adianta ter deputado federal, não adianta vereador, nem presidente ou governador, se o município não estiver com as contas em dia. Se hoje estamos recebendo verbas federais é graças à administração anterior, que terminou dia 31 passado, que pagou todas as dívidas herdadas.

 

Do dicionário

 

camerlengo

substantivo masculino

cardeal que desempenha as funções do Papa, interinamente, e governa a Igreja Católica entre a morte de um pontífice e a eleição do seu sucessor.

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