O governo Zaffa deve ter uma candidatura única para a Presidência da Câmara de Gravataí: Alex Peixe (PTB). Mas um fantasma político assombra o atual líder do governo.
Antes, vamos às informações.
O prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) teve que intervir para evitar uma crise entre vereadores da base de apoio, já que Demétrio Tafras, presidente de seu partido, também articulava candidatura.
Foi uma semana de entra e sai de políticos no gabinete, telefonemas e visitas desejadas e indesejadas.
A novidade na articulação deve ser Anna Beatriz da Silva (PSD), vereadora de oposição e esposa de Dimas Costa (PSD), votada pela base governista como vice-presidente e indicando um dos cargos administrativos, de indicação política, distribuídos entre parlamentares que votarem em Peixe.
Mesmo trate-se de poderes diferentes, Legislativo e Executivo, inegável é que alimentará ainda mais a ‘fofoca interminável’ de que o secretário-adjunto do Esporte do Estado pode desistir da candidatura a prefeito e restar no governo Zaffa; leia sobre em artigos como A fofoca interminável: Zaffa e Dimas juntos mais uma vez em inauguração de obra; Os ‘dois prefeitos’ nos elevadores da política de Gravataí.
Peixe já teria 12 votos, a maioria mais um: Anna Beatriz da Silva (PSD), Bino Lunardi (PDT), Bombeiro Batista (Republicanos), Cláudio Ávila (União Brasil), Clebes Mendes (MDB), Demétrio Tafras (PSDB), Evandro Coruja (PP), Fábio Ávila (Republicanos), Fernando Deadpool (Patriotas), Márcia Becker (MDB) e Roger Correa (PP).
Na oposição restariam oito: Alan Vieira (MDB), Alison Silva (MDB), Áureo Tedesco (MDB), Carlos Fonseca (PSB), Claudecir Lemes (MDB), Mario Peres (PSDB), Paulo Silveira (PSB) e Thiago De Leon (PDT).
Dilamar Soares (PDT), que já apresentei como vereador mais próximo de Zaffa, deve se abster. É notório que não vota em Peixe pela candidatura ter apoio de Cláudio Ávila; relembre a crise entre os dois em A crise da ‘barriga de aluguel’ na base de Zaffa em Gravataí: o risco de Dr. Levi a prefeito e Dila ‘com Alba, Bordignon e Dimas no inferno, mas nunca com Cláudio Ávila no paraíso’.
Mas, qual o ‘fantasma político’ que assombra Peixe?
Favorito, seu pai, Carlinhos Medeiros, passou o terno por duas vezes e, na hora da votação, perdeu eleições para presidência.
A primeira, em 2000, quando uma articulação do então prefeito Daniel Bordignon (PT) atraiu dois vereadores de oposição e do partido de Carlinhos, o PDT à época, Carlos Beretta e Juarez Vargas, e um deles, Beretta, foi eleito presidente.
Já em 2005 Carlinhos era o candidato de seu partido à época, o PT, mas o vice-prefeito Décio Becker virou votos na última hora e elegeu presidente Jarbas Tavares da Silva, de seu PL.
As traições não são exceção em eleições entre vereadores. Outro caso notório foi a eleição de Cláudio Pereira (PDT), em 1998. Bordignon, prefeito, articulou o voto de Airton Leal contra o colega de MDB, Sérgio Malinoski, que concorria à reeleição.
Marco Alba, que presidia o partido e estava na assistência, buscou Airton no fumódromo – era permitido à época – da Câmara velha e o fez subir até o gabinete e assinar a desfiliação do MDB.
Não por menos Peixe não sai do telefone nas últimas semanas e é figura diária nos gabinetes e, rodando com seu jipão Renegade abacate, partícipe do convescote informal para o qual for convidado pelos políticos envolvidos na eleição.
Em outro artigo trato de rumores dos bastidores sobre um ‘pacote de bondades’ para vereadores que o candidato estaria prometendo ou sofrendo pressões para se comprometer.
Fato é que, se confirmada, a eleição de Peixe será a primeira vitória política – aqui me refiro a política-política – de Zaffa após a deflagração, neste 2023, da III Guerra Política de Gravataí e o rompimento com Marco Alba, seu ‘Grande Eleitor’ de 2020, que fazia a articulação política do grupo.
Zaffa, elegendo um candidato seu, após tirar o MDB do comando do Poder Executivo, tira seu ex-partido também do Poder Legislativo no ano eleitoral.
Por outro lado, uma derrota ficará em sua conta, como acontece com todo prefeito. Derrota essa cuja única forma de acontecer é a partir da traição do combinado em reunião desta quarta-feira, a saída de vereadores da base do governo e, consequentemente, da campanha de reeleição.
Ao fim, só saberemos a partir das 19h da próxima terça-feira, sessão em que acontece a eleição para a presidência. Aos assombrados, parafraseio uma de 1989 do Millôr:
“Possibilidades da conjuntura política? É simples, só não vê quem não é cego. Pode até acontecer que o Peixe ganhe, na hipótese que não perca. E Peixe pode mesmo a vir a ser um fator de unificação – desde que não divida. Há inúmeros imprevisíveis, e sempre que há imprevisíveis não se pode prever – previsão infalível”.