3º Neurônio | comic con

O conteúdo que faltou na maior feira de cultura pop do mundo

Espaço Creators Stage by Trigg

O professor e publicitário Silvio Teixeira cobriu para o Seguinte: a sexta edição da CCXP, a Comic Con Experience, na cidade de São Paulo, e traz uma pertinente crítica ao evento.

 

Com um público de 280 mil pessoas a CCXP 2019 se consolidou como a maior feira de cultura pop do mundo. Um evento desta magnitude tem de ter méritos e problemas decorrentes de sua própria evolução, de seu crescimento exponencial onde a organização acaba correndo "atrás" da quantidade de problemas inesperados, mas isto é assunto para um próximo texto, hoje vamos falar sobre algo que faltou em uma feira deste tamanho, e que deixa escapar uma oportunidade impar de atuar em um nicho tão importante e ao mesmo tempo, tão deixado de lado. O que faltou para a feira foi… conteúdo!

Pode parecer um despropósito dizer que faltou conteúdo em uma feira deste tamanho, repleto de atrações divididas em stands, palcos, auditórios e uma área de 115 mil metros quadrados e mesmo assim, falta conteúdo? Sim, falta. E quando me refiro a conteúdo estou direcionando para informação que mantenha o cunho de "cultura pop" que é a identidade desta feira, mas mesmo assim trazer conteúdo relevante, importante, interessante, cultura útil para todas as idades. 

Havia uma área que eu esperava encontrar este tipo de conteúdo que se chamava Creators Stage by Trigg. Esta área, abraçada agora pela empresa Trigg, foi criada com a intenção de dar um espaço para os criadores de conteúdo da internet, e no entanto este ano o espaço acabou sendo tomado em grande parte para divulgação de artistas globais, apresentação de banda e até mesmo quando o espaço era destinado para youtubers, o desperdício da oportunidade ficava claro quando o palco era tomado por figuras como "gato galáctico", "Ultimate Trocadilho Championship" e similares.

Nada contra estes programas que tem seu público, mas vivemos em um mundo onde qualquer ação ridícula sem sentido se torna viral, as pessoas consomem o "non-sense", e tornam em ídolo uma pessoa que realiza ações que colocam em risco a própria saúde com desafios que beiram  a loucura, e assumem a palavra destes formadores de opinião acima da de seus pais e professores. Tem algo errado ai e a CCXP poderia ter colaborado para uma mudança nesta falta de cultura, algo que leva às pessoas a compartilharem mentiras e acreditarem em boatos pois fazem parte do perfil de preguiça mental

Quando falamos em apoiar um conteúdo relevante não estamos nos referindo a uma virada de perfil, existe hoje muitos canais que conseguem levar o conteúdo que deveríamos estar compartilhando de uma maneira divertida, interessante e fácil de assimilar. Para os de mais de 30, quem não amava "O Mundo de Beakman"? O programa de cultura apresentado pelo ator americano Paul Zaloom era um verdadeiro sucesso entre os jovens porque ensinava o que era complicado, de uma maneira que se tornava fácil e ao mesmo tempo engraçado, levando-nos a aprender sem nem perceber que estávamos fazendo isto. No Brasil já faz alguns anos que projetos com características similares vem trabalhando forte para assumir um posto de maior relevância, e a CCXP poderia ser um impulso importante para este novo salto.

Imagine uma área onde o espaço fosse disponibilizado para a galera do Manual do Mundo por exemplo, que é comandado pelo jornalista Iberê Thenório e sua esposa, a terapeuta ocupacional Mariana Fulfaro, onde apresentariam experiências científicas, desafios culturais, mostrando como as coisas são feitas e e como funcionam por dentro e por fora, ou talvez o jornalista e escritor Eduardo Bueno, o Peninha, falando sobre a História do Brasil em sua "versão" despojada e divertida de como as coisas aconteceram em um bate-papo informal, ou ainda o analista de sistema Gilmar Lopes, responsável pelo maior site brasileiro de investigação acerca de boatos e noticias fakes divulgados na internet, imagine quanta bobagem seria possível de eliminar do conhecimento coletivo com um bate-papo com gente assim.

A CCXP tem a faca e o queijo nas mãos, mas acredito que dá para melhorar a qualidade deste queijo…

 

LEIA TAMBÉM

Conheça a CCXP, a maior feira pop do mundo!; Silvio Teixeira é o correspondente de Gravataí

Por que a CCXP se tornou um fenômeno mundial?

Artist Alley, a cultura colecionável da CCXP

CCXP 2019 tem início e fãs invadem a feira!; estamos aqui

CCXP inova e apresenta a literatura brasileira como você nunca assistiu!

 

QUEM É SILVIO TEIXEIRA

: Silvio Teixeira, professor Português e Inglês é um dos fundadores da AGTI, Associação de Tecnologia do Vale do Gravataí, onde realiza trabalho pelo desenvolvimento local nas áreas da educação e tecnologia.

: Redator publicitário sempre identificado com a área de tecnologia e games manteve a paixão pela área através de textos em publicações online e offline onde tratava sobre as novidades da área.

: Você faz contato com ele pelo email professorsilvioteixeira@gmail.com

: Acompanhe também as postagens no Facebook do Silvio clicando aqui

 

LEIA TAMBÉM

AGTI faz de Gravataí um Vale do Silício

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade