Arrepiei-me ao ler a reportagem "Não posso ser ovacionado por matar alguém", diz comerciante que reagiu a assalto em Porto Alegre, de Jeniffer Gularte, publicada em GaúchaZH.
Diz assim o proprietário de mercado que deu seis tiros em dois suspeitos: um morreu, o outro – um adolescente de 16 anos – ficou ferido e está internado em um hospital; e um terceiro fugiu e está sendo procurado.
– Não faria isso mais uma vez. Se acontecer de novo, não reajo. Foi uma decepção ver aquela gurizada no chão, com arma de plástico. Tenho idade para ser pai deles. Eram crianças. Hoje (terça-feira) é Dia do Professor. Se esse país valorizasse o educador, isso não aconteceria.
Aqueles que falam em “mais um CPF cancelado”, releiam a fala do homem de 48 anos, pai de quatro filhos, cuja sogra também restou atingida por uma bala que ricocheteou, naquele que considerou “o pior dia de sua vida”.
– Nunca recebi tanto parabéns na minha vida. E isso está errado. As pessoas me dizendo que é isso mesmo. Mas não é. Não posso ser ovacionado por matar alguém. As pessoas se sentem tão desassistidas que pensam dessa forma. Tomara que esse piá (adolescente internado) fique bom. Que tenha levado um susto e saia disso. Todo ser humano pode e deve melhorar.
Domar instintos e experimentar a empatia não é uma tarefa fácil para ninguém, principalmente frente à violência e às injustiças. Mas sempre que comemoremos uma morte nos preocupemos porque talvez estejamos tão doentes quanto um ‘bandido’.
Ao fim, parabéns a esse cidadão, que mesmo traumatizado mostra uma incrível grandeza moral.
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