opinião

O custo do pórtico de Gravataí é fake news!

Pórtico Eu Amo Gravataí teve coração vandalizado na madrugada de sexta

Em artigo publicado na sexta alertei que Gravataí viveria em 2020 a 'I Eleição das Fake News'.

Acertei.

A segunda-feira começou com a viralização, no Grande Tribunal das Redes Sociais, de uma meia verdade. E meias verdades têm sempre uma parte mais próxima da mentira.

É o caso da postagem feita em uma página de Facebook sobre o letreiro ‘Eu Amo Gravataí’.

Vamos às informações e, ao fim, comento.

O post traz print de pregão “de mais de R$ 210 mil” realizado pela Prefeitura dia 4 para comprar os pórticos. É ‘informado’ que O VALOR DE CADA LETRA é de R$ 14,4 mil.

Isso porque a empresa vencedora, Pablo Pereira ME, teria oferecido valor abaixo do sugerido no pregão, ou CADA LETRA CUSTARIA R$ 19,7 MIL.

A própria página indica link do portal de compras públicas, que você pode acessar clicando aqui. Mas divulga uma fake news ao interpretar de forma incorreta os dados da concorrência pública.

Fui investigar, porque, confirmados os valores informados pela página, seria um escândalo. Mas uma observação rápida do pregão mostra que não se trata de uma compra POR LETRA, mas sim por LETREIRO COMPLETO. O custo inicial do leilão era de R$ 19,7 mil e a empresa vencedora ofereceu R$ 14,7 mil como custo de cada uma das 15 unidades orçadas.

Conforme informação oficial da Prefeitura, nenhum letreiro foi comprado ainda. Trata-se de uma Ata de Registro de Preços, em que o governo licitou e registrou o preço do produto. O que não significa que irá comprar. Apenas tem o produto já licitado caso precise. Ou seja: o dinheiro não foi gasto. Ao menos, ainda.

Ok, mas e o letreiro cujo coração foi vandalizado na sexta, e conforme matéria Vândalos atacaram o coração de Gravataí no escuro da madrugada, postada no Seguinte: pelo jornalista Silvestre Silva Santos, informava um custo médio de R$ 15 mil?

O letreiro vandalizado foi comprado dentro do pacote global de estruturas (desde palco e som, até lonas e chapéus) para a realização da Fearg, a Feira Agrorrural de Gravataí, realizada em outubro do ano passado. É o único que faz parte do patrimônio da Prefeitura. Pórtico semelhante, localizado no Gravataí Shopping Center é particular.

 

Analiso.

Nem precisava da fake news para atingir o objetivo de desgastar o governo Marco Alba (MDB).

A simples referência de que o letreiro vandalizado custou em média R$ 15 mil – e a informação foi divulgada pela própria Prefeitura em release publicado no site oficial – já serviu ao mau humor do Grande Tribunal das Redes Sociais, com um fim de semana de críticas ao uso do dinheiro para embelezar a cidade em vez de, para citar um dos comentários, “comprar R$ 15 mil em gaze para os postos de saúde”.

Refleti sobre produzir esse artigo já que, por tabela, estou ajudando a espalhar a ‘fake news’. Afinal, pesquisa Opinion Box, em parceria com o Digitalks, mostra que 65% dos entrevistados dizem saber o que são fake news e, destes, 37% já compartilharam algo nas redes sociais ou no WhatsApp, mas 29% não apagaram ou desmentiram o conteúdo mesmo após descobrir que era falso.

Não são apenas mal informados, são o que chamo de informados do mal.

Ao fim, resolvi esclarecer o caso porque aposto que a distorção de  informações será rotina neste ano eleitoral, já que em Gravataí as páginas e comunidades de Facebook – as de maior alcance! – são claramente identificadas com candidaturas à Prefeitura e à Câmara.

Vem 'mamadeira de piroca' por aí!

Odair Goulart, por exemplo, que assina a postagem com a informação falsa de que cada letra do pórtico custaria R$ 14.470,00, é filiado ao PSD e, na foto que ilustra o artigo Dimas não se escondeu após escândalo que envolveu aliado; a I Eleição das Fake News, aparece agachado, ao lado de outros ‘donos’ de páginas, junto ao candidato a prefeito do partido, Dimas Costa.

Odair é cotadíssimo para concorrer a vereador. É uma das novas estrelas do partido. Além das páginas que administra, tem feito trabalho social e assistencialismo em bairros e vilas. Fica feio espalhar mentiras. Se for eleito, o professor Odair tem que cuidar para não desinformar a população ao se aliar, ou ser usado para satisfazer interesses políticos. 

Alerto para algo ainda pior: cometer ou colaborar para um crime, já que danos de fake news já causaram até morte, como tratei no artigo, com vídeo, É fake news que hospital de Gravataí vai parar atendimento por 4 meses; vídeo é estarrecedor.

Qualquer morador de Gravataí está no direito de achar caro o preço dos letreiros. Mas a informação correta é que ‘cada letra’ custa R$ 1,3 mil, e não R$ 14,4 mil. E no pregão alvo da ‘denúncia’, nenhum dinheiro público foi gasto ainda.

Reproduzo a conclusão de meu artigo anterior.

Infelizmente, já confirmada na prática três dias depois da publicação.

 

Inevitável antever que, em 2020, o eleitor de Gravataí será a vítima de uma guerra cujas armas são teclados de celulares e computadores, e o uniforme, o anonimato. Lamento, porque acompanho e participo de uma série de grupos, que poucos pesquisem fontes confiáveis, ou mesmo avancem além das manchetes ou do “leia mais…” no Facebook.

Será a I Eleição das Fake News na Aldeia.

Se bem que isso não acontece só às vésperas da eleição.

Ao fim, não estaria louco alguém a comemorar:

– Não houve nem um aumento nas mentiras nas redes sociais!

Sim, continuamos em 100%.

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