O Show do Bilhão da GM, planejado na sede mundial da montadora em Detroit, turbinado a incentivos fiscais pelo Palácio Piratini e assinado nesta quinta-feira em Gravataí transformará a General Motors do Complexo Industrial Automotivo da aldeia dos anjos na maior fábrica automotiva da América Latina e do Mercosul.
Em 6 tópicos de textos, vídeos, fotos e links, o Seguinte: traz mais detalhes da festa, o que foi falado, o não dito e o que vem por aí, após o anúncio do investimento de R$ 1,4 bilhão que chega após uma disputa Brasil-México, vencida pelo Rio Grande do Sul e onde Gravataí, duas décadas depois, vai ganhar mais uma vez na loteria.
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1.
O a.GM e d.GM
O bilhão e meio de investimento é um novo Antes da GM, Depois da GM, na comparação feita pelo prefeito com a chegada da montadora, que anunciada em 1996 e inaugurada em 2000, conduziu Gravataí a uma 'década de ouro' com crescimento chinês de 16% ao ano entre 2002 e 2012, acelerando o aumento da arrecadação real aos patamares de 10%.
– Os efeitos serão semelhantes ao que aconteceu quando a GM foi anunciada há 20 anos e, depois, a partir do seu funcionamento, há 17 anos – resumiu Marco Alba, num momento em que, antes do megainvestimento a GM e suas sistemistas já geram um retorno de 50% do ICMS para o município, o que significará R$ 100 milhões só neste ano de 2017.
Apontando o arrojo da GM por investir em meio à crise como um exemplo que o setor privado dá para setor público, Marco prevê o aquecimento da economia. A fórmula: o bilhão da GM vai movimentar diferentes níveis do polo metal-mecânico, gerando emprego e renda, o que injetará dinheiro no mercado local e gaúcho.
– Somos premiados, mais uma vez, por nossas condições estratégicas, assim como o Rio Grande do Sul por suas condições diante do Mercosul. Enfim, é um momento de celebração – comemorou, ao lado da primeira-dama Patrícia Bazzoti Alba e de dois filhos aquele que foi dos mais cumprimentados nos pavilhões da fábrica.
Afinal, dia 3 de agosto de 2017, Marco Aurélio Soares Alba ganhou um bilhete premiado chamado GM, como em 96 acontecera com Daniel Bordignon.
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2.
Mais tec, que chão
A fábrica de logística privilegiada com saída para o mundo a partir das margens da Freeway não vai ter suas dimensões duplicadas, como se chegou a especular quando vieram a público as primeiras informações sobre o investimento. Não é preciso, conforme explicou o alto comando da montadora norte-americana presente à festa. Há capacidade ociosa na Av. Gen. Motors, 2000, Passo da Caveira, Gravataí.
O que o complexo que atualmente põe nas ruas o Onix e o Prisma vai receber é uma modernização com readequação da linha de montagem, com investimento pesado em tecnologia para o lançamento de um novo modelo de veículo.
– O investimento que faremos é em novas tecnologias e novas formas de produzir. Que é para tornar o carro produzido aqui competitivo em escala global – explicou, pragmático, o presidente da GM Mercosul Carlos Zarlenga.
Hoje a fábrica de Gravataí é a maior do país, com capacidade instalada para produzir 300 mil carros por ano. Só nos 17 anos de GM já foram colocados nas ruas 3,5 milhões de veículos, vendidos Brasil e Mercosul afora.
Conforme o argentino que é o chefão da GM pelas terras que falam português e espanhol, a linha de produção da fábrica de Gravataí compete as línguas de qualquer montadora no mundo.
: Presidente da GM Mercosul Carlos Zarlenga e a caneta troféu do governador Sartori | Foto LUIZ CHAVES
3.
Portifólio 2020
O investimento na fábrica de Gravataí é parte de um pacote de R$ 13 bilhões que a GM programou para aportar no Brasil entre 2014 e 2020, destinados à renovação do portfólio da linha Chevrolet de veículos.
É o que revela Nelson Silveira, diretor de Comunicação Corporativa e Marca da General Motors Mercosul, que confirmou que o dinheiro que vem para a aldeia, a curto prazo, não é para aumentar a capacidade produtiva – “porque isso a GM daqui já tem” – , mas para desenvolvimento e aplicação de tecnologia e fabricação de novos produtos que devem chegar ao mercado a partir de 2020.
O projeto começa num curto prazo, conforme o executivo, que não dá o giro do velocímetro da promessa.
Nelson observa que vem mais dinheiro por aí com a chegada ao Complexo Industrial Automotivo de novos fornecedores de peças e componentes automotivos.
Não só para Gravataí.
– Estamos negociando com um fornecedor da GM – confidenciou, sem mais detalhes, o prefeito de Cachoeirinha, Miki Breier, presente à festa.
Os incentivos do Fundopem e do programa Integrar-RS, que adiam o recolhimento de ICMS gerado na produção dos novos modelos, nesta terceira ampliação da GM também foram estendidos a fornecedores de ferramental que estejam no Estado, mas fora do Ciag, o que animou todo setor de máquinas e equipamentos gaúchos.
Executivo da GM fala sobre a 'nova GM'
4.
Novo(s) carro(s)
Sem confirmar se o Prisma vai sair de linha para que o novo modelo que já está sendo desenhado ocupe o espaço na linha de montagem, Carlos Zarlenga, o ex-piloto de corridas que preside a GM Mercosul, também deixou ‘nos boxes’ qualquer informação sobre o carro novo.
O vice-presidente da General Motors Mercosul, Marcos Munhoz, também faz mistério, mas revela que os novos investimentos em Gravataí vão permitir que a linha de montagem produza mais de um modelo simultaneamente.
Os executivos da multinacional dizem apenas que o novo veículo já está em fase de planejamento.
– Vai ser um veículo muito bonito, extremamente competitivo e cheio de tecnologia moderna – brincou Munhoz, desviando ao ser perguntado se é um SUV, mais compacto, informação que circula nos bastidores do meio automobilístico.
O lançamento é projetado para ocorrer entre o final de 2019 e o começo de 2020.
Vice-presidente da GM fala sobre novo carro
5.
E os empregos?
Emprego foi assunto tabu, no Show do Bilhão. Pelo menos em relação ao número de vagas diretas na fábrica de Gravataí, palco da festa de quinta.
– Nós temos uma expectativa, mas eu prefiro esperar para ver a evolução da indústria para falar esse dado – pediu o presidente da GM Mercosul Carlos Zarlenga, sem projetar crescimento nos hoje cerca de cinco mil.
: Com aprovação de incentivos, governador José Ivo Sartori foi decisivo na engrenagem | Foto SSS
6.
Estado ‘sócio’
Após a assinatura do contrato, ao lado do presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga e do prefeito Marco Alba, o governador José Ivo Sartori (PMDB) ergueu a caneta e a mostrou ao público como um troféu conquistado.
E foi um pódio onde o RS chegou abastecendo a montadora com incentivos fiscais.
As concessões feitas pelo governo gaúcho via Fundopem e Integrar aceleraram a decisão do alto escalão da GM em optar por Gravataí, ao invés do México, que estava no páreo.
– A parceria com os estados onde nós fazemos investimentos, tanto aqui no Rio Grande do Sul quanto no resto do Brasil e do mundo, sempre é importante – confirma o próprio presidente da montadora, a seguir desconversando ao manter o sigilo sobre a dimensão do negócio, tratado há mais de um ano como ‘segredo de estado’ entre governo e empresa.
– Não podemos é atrapalhar quem quer investir aqui. Nosso papel é criar as condições para o desenvolvimento. E esse R$ 1,4 bilhão é mais uma prova de que quando o poder público compreende a necessidade de ampliar e articular políticas de estímulo aos setores importantes da economia, todos saem ganhando – argumentou o governador José Ivo Sartori, instigando aos críticos da guerra fiscal uma reflexão sobre a evolução econômica que a montadora norte-americana trouxe para o município e o RS:
– O que era Gravataí, o que era esta região e o que era o Rio Grande do Sul antes do complexo da GM aqui nesta região? – instigou, pedindo uma reflexão sobre a evolução econômica que a montadora norte-americana trouxe para o município e o RS.
100 coisas que mudaram, o Seguinte: listou nesta semana.
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