opinião

O dia em que a oposição implodiu em Gravataí

Dos 21 vereadores eleitos para a legislatura 2017-2020, a oposição tem oito

Quinta-feira, 20 de abril, foi o dia em que a oposição implodiu em Gravataí.

Publicamente, pelo menos.

Nos bastidores, as entrevistas exclusivas de Rosane Bordignon (PDT) e Anabel Lorenzi (PSB) ao Seguinte: já tinham servido como ‘mãe de todas as bombas’ para uma aproximação das principais forças contrárias ao prefeito reeleito Marco Alba (PMDB).

 

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Avançar & avançar

 

Talvez temperada pela fome, a coisa ficou bem feia entre oposicionistas ao fim da sessão da Câmara que começou às 9h e se prolongou para além das 13h.

Nas explicações pessoais, quando alguns vereadores já tinham ido embora, as eleições de 2016 e 2017 roncaram como os estômagos. Uma ironia feita por Rosane deflagrou a crise.

– Anabel fala muito em avançar, mas às vezes parece que vai avançar na gente – provocou, magoada pela adversária tê-la descrito na entrevista como ‘candidata laranja’ do marido Daniel Bordignon.

Instantaneamente, os vereadores do PSB Paulo Silveira e Carlos Fonseca, ocuparam a tribuna para lamentar a crítica. Foram cuidadosos, mas as caras e tons de voz eram de que a esperança numa união das oposições é a última que mata.

Já Dilamar Soares (PSD), vice de Anabel na eleição suplementar, respondeu em volume de perder o diapasão.

– Falou da Anabel, toca meu coração! Por mim ela será candidata a deputada e a prefeita novamente – disse, surpreendendo por falar do partido alheio que, para muitos no meio político, será seu próximo e sétimo rumo.

Irritado, Dilamar negou aparte ao irmão e colega de PSD, Dimas Costa, que queria defender Rosane, a quem, após reatar com o ‘Grande Eleitor’, apoiou na eleição.

– Não lhe dou aparte em nenhum lugar dessa cidade! – bradou, num discurso onde admitiu preferir o ex-aliado Marco Alba na Prefeitura à “volta ao passado” com os ‘Bordignons’.

– O senhor tem medo da verdade – gritou de volta Dimas, de fora dos microfones, dando deixa para sagazes vereadores de oposição como Alan Vieira (PMDB) e Clebes Mendes (PMDB) elogiarem Dilamar, lamentarem a saída dele da base do governo, em 2015, e darem as boas vindas a Bombeiro Batista (PSD), que deixou a oposição e entrou para o pelotão de defesa de Marco.

 

A matemática da desunião

 

Há duas eleições os grupos de Bordignon e Anabel brigam com a matemática eleitoral. Em 2 de outubro de 2012, somaram mais de 80 mil votos. Marco Alba foi eleito prefeito com 51 mil. Em 2017, Rosane e Anabel, as duas principais candidatas da oposição, fizeram 67.685 votos. Marco foi reeleito com 48.211.

Muitos podem ver como uma coisa boa que as duas forças políticas antagônicas a Marco, em vez de se unirem apenas para ganhar a Prefeitura, tratem-se a pontapés ideológicos.

Mas, quem testemunhou a guerra com os ‘Bordignons’ que levou à saída de Anabel e Miki Breier do PT, e ainda percebe o sangue brotando das feridas, sabe que há um componente personalíssimo nessa relação.

Para vingar uma unidade da oposição tendo Bordignon, Rosane e Anabel como protagonistas, só pegando um Uber para 1997 e fazendo uma longa DR.

Millôr lembrava que o soldado que foi anunciar a vitória na batalha de Maratona correu 42 quilômetros, mas a história não registrou quanto correu o soldado que foi anunciar a derrota.

Na aldeia, a oposição continua correndo para lados diferentes que levam a um mesmo ponto final: a supremacia de Marco Alba e seu grupo político.

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