veraneio das urnas

O dia em que Bordignon foi para a rua

Bordignon caminhou com Rosane, Dimas e Jaque do Rincão, que fez 438 votos como candidata a vereadora

No primeiro dia na rua para campanha da esposa Rosane, Bordignon visita o Rincão ao lado de Dimas, mira Marco Alba e fala em plebiscito de 'sim e não' ao governo. Confira a polêmica entrevista ao Seguinte:

 

Daniel Bordignon foi para a rua.

Em férias do Carlos Bina, onde leciona História, ele caminhou nesta quinta pelo Rincão da Madalena ao lado da candidata a prefeita Rosane Bordignon (PDT) e do vereador Dimas Costa (PSD), dissidência da coligação de Anabel Lorenzi (PSB).

E a escolha do bairro tem simbolismo para a campanha.

– Vamos governar para os que mais precisam – resumiu o ‘Grande Eleitor’, que tenta repetir com a esposa, no rastro de sua popularidade, as eleições de Sérgio Stasinski em 2004 e Rita Sanco em 2008.

O ex-prefeito lembrou a influência de Rosane nas melhorias feitas pelo seu governo, entre 97 e 2004, naquela comunidade que está entre as mais pobres de Gravataí.

– Em 98, a Rosane esteve lá no Orçamento Participativo e ficou sensibilizada. Me pediu para levar ao bairro um trailer que fazia atendimento em saúde, até construirmos o primeiro posto de saúde, a escola e asfalto – conta, recordando que na época as crianças precisavam ir até o Centro “a pé, na terra vermelha de poeira ou barro” para estudar.

– Havia lá apenas três horários de ônibus: 6h, 12h e 18h.

E rememora a ‘luta de classes’ acerca da criação do bairro.

– Em 90 eu era vereador de oposição, mas apoiei o prefeito José Mota na criação do bairro. Muita gente, vereadores inclusive, não queriam os pobres lá da Morada do Vale III aqui, perto do Centro. Como relator, até CPI arquivei na época.

 

Culpa do Marco

 

Na primeira entrevista ao Seguinte: depois da diplomação dos candidatos em dezembro, o ex-prefeito fez uma avaliação do ‘veraneio das urnas’:

– As pessoas começarão a se interessar pela eleição depois do Carnaval – projeta, com a experiência de campanhas que, desde 1982 lhe garantiram uma eleição a vereador em 88, duas a prefeito em 96 e 2000, duas a deputado em 2006 e 2010, e a última vitória nas urnas, com 45 mil votos, mas onde não pode assumir pela suspensão de seus direitos políticos.

Apesar de dizer que o centro da campanha de Rosane serão “propostas”, Bordignon considera inevitável que o “sentimento de injustiça” permeie a nova eleição.

– A cidade tem a percepção de que vencemos e não pudemos assumir pela influência em Brasília do ex e atual prefeito, que continua governando. A candidatura foi liberada pela Justiça eleitoral de Gravataí e pelo TSE, antes de ser revista após decisão escandalosa do STJ – argumenta, acusando o ex-prefeito e candidato à reeleição Marco Alba (PMDB).

– É uma perseguição que há contra mim desde 2008 – adverte, citando as impugnações daquele ano e de 2012, além de 2016.

 

Dimas e ganhos

 

Listando apoios como o de Dimas e de Albino Lunardi, o Bino, com 1004 votos o candidato a vereador mais votado do PT, Bordignon entende que a campanha de Rosane ganhou mais do que perdeu em relação à ‘eleição que não terminou’:

– Ampliamos nossa base política em mais de cinco mil votos. Algumas siglas saíram, mas seus militantes continuaram com a gente.

 

'Segundo turno'

 

O ex-prefeito enxerga uma espécie de ‘segundo turno’ na eleição suplementar, já que pela primeira vez na história da aldeia uma disputa pela Prefeitura não terá candidatos a vereador concorrendo e pedindo voto para seus prefeituráveis.

– O candidato a reeleição tinha 150 candidatos, que fizeram 55 mil votos. Ele ele fez 33 mil. Anabel tinha 90 candidatos, que fizeram 35 mil votos. Ela fez 25 mil. Nós tínhamos 30 candidatos que fizeram 22 mil votos. Recebi 45 mil. Agora é candidatura contra candidatura – calcula, apontando para Porto Alegre, onde Nelson Marchezan foi eleito prefeito com apenas um vereador.

 

'Sim ou não' ao governo

 

Para Bordignon, a eleição tem características de um plebiscito, um ‘sim ou não’ ao governo.

– O candidato do governo fez 33 mil votos, a oposição 95 mil. São 75% a favor e 25% contra – argumenta, avaliando que os quase 20 mil votos de Levi Melo (PSD), que recém abriu apoio a Marco, e os 15 mil votos dos candidatos a vereador do grupo de Francisco Pinho (PSDB), que estavam com Anabel no ‘primeiro turno’ e também aderiram à reeleição, são “votos ganhos apoiando candidaturas contra o governo”.

 

O filme e o GreNal

 

Bordignon acusa Marco, quando ainda estava na Prefeitura entre outubro e dezembro, e o prefeito interino Nadir Rocha (PMDB) no mês e meio em que está no governo, de fazerem “obras eleitoreiras”.

– Qual governo começa fazendo obras assim em janeiro e fevereiro? Como ficarão as finanças? – questiona, alertando para o comprometimento do orçamento do ano.

– Já vi esse filme. Em 82 o PMDB fez isso (na eleição de Abílio dos Santos). Os salários atrasaram em 83 e só foram pagos em 84.

E cita também o ‘governo tampão’ de Acimar da Silva (PMDB), que governou de novembro de 2011 a dezembro de 2012, após a cassação de Rita Sanco (PT) e a eleição de Marco em 2012.

– Fizeram a mesma coisa. Tiraram a Rita num golpe e queimaram o orçamento de 2013 em obras eleitoreiras. Então, parte da dívida que o candidato tanto fala ele herdou de seu próprio partido. E de um ex-prefeito que o apóia e foi de uma irresponsabilidade brutal. Dívida minha não foi – provoca, referindo-se a Sérgio Stasinski, à época no PT e hoje no PV.

– Não herdou um décimo do que herdei em 97 (de Edir Oliveira). Hoje a dívida corresponde a 31% do orçamento anual. Assumi com 500% e três folhas salariais atrasadas.

– Quando entreguei o governo em 2004 teve superávit. Arrecadamos R$ 9 milhões a mais do que gastamos. Falei de dívidas por seis meses, depois fui resolver os problemas. Fui reeleito com o dobro dos votos, enquanto em 2016 o candidato a reeleição fez pouco mais da metade dos votos de sua eleição em 2012.

É o tradicional GreNal político da aldeia.

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