Oposicionista, Cláudio Ávila (União Brasil) deu uma mão para o governo Luiz Zaffalon (MDB). Assinou parecer favorável nas comissões de Finanças e Orçamento e de Justiça e Redação para permitir a votação em regime de urgência – e aprovação pela Câmara de Vereadores – do Projeto de Lei 8/2023, no qual a Prefeitura de Gravataí contrata financiamento que corresponde a metade do que chamo ‘200 milhões do Zaffa’ para obras de infraestrutura, como asfalto e construção de postos de saúde, por exemplo.
Explico.
Por entraves burocráticos, o governo de Gravataí tem obras na rua e a Caixa Federal não liberou todo dinheiro para pagar as empreiteiras.
Para evitar o risco de parar obras, a Prefeitura criou um ‘plano b’, no qual oferece, para além da garantia da União, o FPM, fundo de participação dos municípios, verba ‘carimbada’, mensal, que poderá agora ser sequestrada a qualquer momento em caso de inadimplência no pagamento dos R$ 110 milhões financiados.
Apostasse Ávila no ‘quanto pior, melhor’ – e pressões não foram poucas – poderia ter segurado o parecer por pelo menos 45 dias.
Mas saiu da negociação como um político responsável e com a garantia de uma redução na carência do pagamento do financiamento de 24 para 12 meses.
– Pedi a alteração porque acho justo que o governo ao menos comece a pagar pelas obras que faz. E isso reduz o gasto com juros – argumenta Ávila, que recebeu a garantia do encurtamento da carência do prefeito por meio do secretário da Fazenda, Davi Servergnini, sob fiança dos vereadores Alan Vieira (MDB), Claudecir Lemes (MDB) e Dilamar Soares (PDT).
Dila, que aponto o ‘vereador mais próximo de Zaffa’, inclusive elogiou o colega na tribuna e postou nas redes sociais, como você assiste clicando aqui. Ávila agradeceu o reconhecimento, em post que você acessa clicando aqui.
– Tenho divergência com o prefeito na forma de gestão e visão de mundo. Entendo que se investe muito em infraestrutura e pouco para atender às pessoas mais vulneráveis. Faço esse debate forte em plenário. Ao lado de Bombeiro (Batista), Anna (Beatriz) e Thiago (De Leon) sou dos únicos vereadores que nunca participaram do governo. Mas não vou travar a Prefeitura, porque o prefeito foi eleito pelas urnas e que tem sua legitimidade – acrescenta.
Reputo acertou o polêmico vereador. Não por preservação política pessoal, ao evitar a narrativa que governistas poderiam fazer de ser ele o ‘vilão’ que faz parar obras, mas porque agiu republicanamente.
Zaffa foi eleito com 51,2% dos votos. Não teria nem segundo turno, caso Gravataí contasse com eleitores suficientes para isso. Já no primeiro ano de mandato contraiu R$ 200 milhões em financiamentos e escolheu as obras para executar. Adiar ou parar esses investimentos usando de filigranas burocráticas seria figadal, burro até, porque, além de prejudicar beneficiados, permitiria ao governo culpar a oposição por obras paradas.
Ao fim, aos descontentes com as escolhas do governo Zaffa resta a maravilha da democracia: o direito de votar em outro projeto em 2024.
Fez certo o vereador Cláudio Ávila.