Silvestre, aqui do Seguinte:, fez uma reportagem sobre as “quinquilharias” que o Léo tem para vender em sua loja. Entre coisas de várias épocas, estilos e formas, há uma carranca. O lojista contou que foi deixada ali por alguém que mudou e a estátua não coube no novo endereço.
Já deixei para trás muitos objetos em razão de espaços menores em novos apartamentos e casas. Tive que fazer escolhas a cada mudança. É sempre um dilema – e sei que você concorda comigo – porque alguns objetos são companheiros emocionais das nossas vidas. Como entregar um pedaço delas para outros? Ou, pior ainda, como colocar no lixo o que estava lá em algum canto ou armário e, de repente, recupera importância justo na hora do descarte e por causa dele?
Com o tempo, aprendi a facilitar esse processo me perguntando honestamente se determinado objeto ou peça é fundamental para a minha existência. Não utilizei em determinado número de meses ou anos? Não está impregnado de afetos? Então não preciso conservar. Vai embora. Se, em caso de necessidade, posso adquirir modelo igual ou semelhante, vai embora ainda mais depressa.
Agora, se a coisa é companheira sentimental, o embate entre razão e emoção ganha outro contorno. Quando se apresenta a dificuldade em diferenciar o “eu preciso” do “eu mereço”, apelo para uma pergunta cruel: na iminência de uma tragédia qual o único objeto que eu salvaria?
Às vezes faço uma foto e digo adeus! Por certo encontrará outro dono. Chegará noutra casa sendo desejado e, portanto, terá outro sentido, quem sabe outro uso.
Esse modo de ver as coisas está me fazendo gostar da ideia de poder partir a qualquer tempo, para qualquer lugar, levando na bagagem somente esperanças e saudades. As esperanças nos movem no presente. As saudades nos conectam com o passado. Com esperanças e saudades bem vivas no presente, creio que estou encaminhando melhor ainda o futuro.
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