As mídias foram soterradas na última semana por Robert Allen Zimmerman, cantor e compositor, que recebeu o prêmio mais importante da literatura. O indefectível Bob Dylan levou o Prêmio Nobel de Literatura 2016 para casa.
Com 75 anos de vida, e 57 de carreira, Dylan já coleciona um Oscar, um Globo de Ouro, diversos Grammys e um Pulitzer.
Inspirado por Woody Guthrie e outros grandes nomes do folk, o menino de Minnesota começou, em 1959, a mesclar poesia e melodia em apresentações intimistas onde já levava letras poéticas e militantes, que moveriam milhares de jovens nos anos seguintes.
Em 1963, The freewheelin' Bob Dylan chega ao topo das paradas, trazendo na capa o poeta e sua musa, Suze Rotolo, e nas músicas, arte, direitos civis, poesia e contracultura.
Dylan vira então marco de ideologia e arrebata milhares de fãs e seguidores por onde leva suas melodias e letras engajadas em causas sociais.
Com um relacionamento abalado com a chegada da cantora folk Joan Baez, Dylan troca Suze por Joan, com quem fica até 1965. Apesar do caso mal resolvido, o cantor teve seu auge de politização ao lado da morena de cabelos longos e traços ciganos. Além de letras estruturadas, e do filme raro Renaldo & Clara, Dylan e sua então musa, tinham uma simetria e envolvimento encantadores em cima do palco, e mostraram forte engajamento lutando contra a Guerra do Vietnã.
Infelizmente, a raridade de Renaldo & Clara é tanta, que é exercício árduo achar o filme/show/documentário para download com legenda, entretanto há trechos disponíveis no YouTube.
Assista:
Causando polêmica entre fãs, e principalmente com a parte que decidiu romper com ele, Dylan troca o violão pela guitarra elétrica em 1966 com o lançamento de Blonde on Blonde, gerando alarde entre os fãs mais fervorosos do folk, que o acusavam de ter traído o movimento e ter se vendido ao british rock.
Polêmicas à parte, Blonde on Blond não deixou a desejar, e é umas das maiores obras do cantor. O disco favorito da colunista que vos fala traz os consagrados hits Just Like a Woman e I Want You, além das menos conhecidas Absolutely Sweet Marie e outras 11 faixas que merecem ser escutadas com fones de ouvido em volume máximo, deixando a rouquidão e a poesia do poeta serem transmitidas através de melodias que fazem o encaixe perfeito com os versos discursados que dão originalidade e perfeição a Bob Dylan.
De 66 pra cá, o autor de Like a Rolling Stone trocou as musas, a religião e passeou por diversas sonoridades, nunca abandonando a originalidade e genialidade dignas de todos os prêmios conquistados.
Em 2004, apresentou suas memórias em Crônicas, primeiro volume de uma trilogia que os fãs esperam ansiosos. Talvez após o prêmio conquistado na área Dylan deixe as memórias aflorarem novamente, para deleite dos fãs.
Desenhos, pinturas e poesia impressa também fazem parte da carreira do astro rabugento que, para o martírio dos fãs, disponibiliza pouquíssimo material on-line. Vídeos, filmes e apresentações ao vivo são itens raros disponíveis na rede.
Os documentários Don't Look Back, Eat the Document e Not Direction Home podem ser encontrados à venda na Internet e em lojas do ramo. Confira também a cinebiografia do artista Não Estou Lá, lançada em 2007.
CURTA 4 VÍDEOS COM BOB DYLAN
Dylan ao lado de Joan Baez ao vivo:
Em 1963, interpretando o hino de uma geração, a primeira faixa de The Freewhelin’ Bob Dylan:
Like a Rolling Stone em trecho de No Direction Home, dirigido por Martin Scorsese:
Confira o trailer de Não Estou Lá:
Eduarda Luzia é jornalista, vive em Gravataí e atua na Grande Porto Alegre. Para acompanhar suas atividades, acesse seu blog Caranguejo Delirante.