“Mais do que um líder católico, Francisco foi símbolo de empatia, simplicidade e inclusão — admirado por fiéis de diversas religiões e por aqueles que ainda acreditam na força da humanidade”. Siga no artigo enviado ao Seguinte: pelo jornalista e diretor de Comunicação da Câmara de Vereadores de Gravataí, Tiago Cechinel
Na manhã de segunda-feira, o mundo se despediu de uma das vozes mais humanas e espirituais de nosso tempo. Horas após a celebração da Páscoa — data que simboliza a ressurreição e a esperança para os cristãos — o Papa Francisco faleceu, por volta das 7h35 no horário local (2h35 de Brasília). Em seu último ato público, fez questão de aparecer em seu papamóvel aberto, aproximando-se mais uma vez das pessoas, como sempre fez durante seu pontificado.
*A morte de Francisco não marca apenas o fim de um papado, mas nos convida a refletir: o que podemos aprender com ele?*
Jorge Mario Bergoglio, argentino, escolheu se chamar Francisco em referência a São Francisco de Assis — símbolo de humildade e devoção aos pobres. E não foi apenas um nome: ele vestiu esse legado desde o início. Recusou ostentações, dispensou privilégios e optou por uma vida mais simples, centrada em valores e não em aparências. Preferia gestos a discursos, ações a protocolos.
Sua espiritualidade não era excludente. Francisco não falava só para católicos — falava para o ser humano. Sua empatia ultrapassou fronteiras religiosas e conquistou respeito em diversas crenças e tradições. Foi admirado também por quem sequer professava uma fé, mas encontrava em suas palavras um apelo universal por justiça, paz e compaixão.
Quando disse, diante do mundo, “Quem sou eu para julgar?” — referindo-se às pessoas LGBTQIA+ — deixou clara sua postura de acolhimento e compreensão. Foi uma ruptura com discursos excludentes, uma abertura histórica dentro da Igreja e um gesto de grandeza humana.
Francisco nos ensinou que espiritualidade não é sobre rigidez, mas sobre presença. Não é sobre ter, mas sobre ser. Ele nos convidava a enxergar beleza no cotidiano, a nos aproximarmos dos que sofrem, a largar os excessos e carregar apenas o essencial: fé, respeito, amor.
É impossível resumir sua trajetória em poucas linhas. Mas talvez a principal lição de Francisco seja essa: o mundo não precisa de mais riqueza material — precisa de pessoas ricas em humanidade. Cada um de nós pode cultivar um pouco desse Francisco dentro de si.
Afinal, de que adianta ter o melhor carro ou o celular mais caro, se somos incapazes de estender a mão a uma criança com fome? De que vale julgar um casal pela sua orientação sexual sem conhecer seu caráter, sua história, sua dor?
Que a morte do Papa Francisco seja um espelho. E que, ao fim do dia, a gente possa se perguntar com honestidade: “Será que hoje eu fui um Francisco?”
Que Deus o receba com todas as honras que merece — e que nós, aqui, sigamos vivos com o que ele nos deixou.