Curti os vereadores que apelidei ‘líder do prefeito’ – Dilamar Soares – e ‘líder da oposição’ – Cláudio Ávila – estabelecerem uma ‘trégua’ para trabalhar em conjunto pela saúde de Gravataí.
É no município onde pisam os problemas e os políticos são cobrados no super.
A notícia é que Dila e Ávila se reuniram com o superintendente do Hospital Dom João Becker, Antônio Weston, para, conforme o oposicionista, “ajustar a pacificação institucional” com a Santa Casa e “buscar soluções” para a gestão da saúde pública de Gravataí.
– Será uma trégua até março. Período em que me comprometi a buscarmos, inclusive, mais emendas da saúde para as melhorias no hospital. Também vou sugerir ao parlamento regrar o acompanhamento dos serviços prestados, com uma comissão de vereadores, que impeça atos meramente eleitoreiros ou factoides – postou Ávila, que já chamou o hospital de ‘açougue’, obviamente se referindo à saúde, e principalmente UPAS, terem virado palanque político.
– Diariamente, entre as UPAs e o hospital, pelo menos 4 mil pessoas são atendidas, e os problemas, é claro, são muitos. Há problemas sobretudo no fluxo de atendimento entre as duas estruturas administradas pela Santa Casa. Sugeri melhorias e também ouvi sobre os planos da instituição. Não basta apenas criticarmos sem erguer as mangas por soluções – acrescentou Ávila, concluindo:
– O importante precisa ser sempre o aumento na qualidade dos serviços prestados aos que mais precisam. Seguirei trabalhando, e sendo incisivo, mas não quero ficar apenas apontando falhas. Vou, novamente, buscar recursos e contribuições para cobrar as devidas melhorias.
Acertam os dois, mesmo que, de direito, um, Dila, não represente com exclusividade o governo, e nem outro, Ávila, a oposição. E, arrisco dizer: este artigo vai provocar mais críticas do que palmas aos dois, dentro e fora de casa.
Mas a aposta na Santa Casa me parece inquestionável, apesar de não infalível.
Como não abraçar a ‘grife’ Santa Casa, como fizeram o ex-prefeito Marco Alba (MDB), ao ajudar com mais R$ 10 milhões no contrato para viabilizar a compra do hospital, e também o atual prefeito Luiz Zaffalon (MDB), ao bancar, mesmo sem licitação, e tendo que se explicar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), a administração das UPAs pela instituição bicentenária?
Fato é que ter a Santa Casa cuidando de todas as emergências de Gravataí facilita o acesso de pacientes ao sistema de internações estadual.
As UPAs se tornaram uma porta do Becker. Estreita ainda, mas assim o é nosso hospital, que tem porte de cidade média numa cidade emergente a metrópole.
Todo fim de dia uma equipe da Santa Casa se reúne, presencialmente ou por vídeo, para avaliar qual paciente precisa de internação mais urgente. O resultado é que as internações de gravataienses aumentam a cada mês, no sistema de gerenciamento estadual, porque há informação de credibilidade sobre cada caso.
Há, além do compartilhamento de medicamentos entre o hospital e as UPAs pela Santa Casa, a inédita figura do ‘médico rotineiro’, que faz acompanhamento pacientes em observação por mais 24h, conversa com a família e etc.
Isso sem falar da idoneidade possível de ver na ‘folha corrida’ de uma instituição de 219 anos, em comparação, por exemplo, com o Gamp, envolvido em escândalo em Canoas.
Não que a Santa Casa nunca tenha frequentado o noticiário político-policial, mas não é uma rotina como o Google mostra com terceirizadas Brasil afora.
Para efeitos de comparação, e não me refiro a corrupção, nos últimos 5 anos antes da Santa Casa ser contratada, quatro empresas passaram pela UPA da 74.
É aquela coisa: licita, a empresa disputa preço e em três, quatro meses, já pede ‘reequilíbrio’ de contrato para a Prefeitura.
Ao fim, reputo acertam os dois políticos. Pela influência de cada um, transmitem um bom sinal.
A Santa Casa tem que ser fiscalizada de cima, e prestar contas, já que recebe R$ 50 milhões por ano da Prefeitura. Mas tem experiência para receber voto de confiança de governo, oposição e da população, porque já apresenta resultados; de cinco, já são quatro estrelas nas pesquisas de satisfação feitas junto aos pacientes.
Imagino os políticos tenham recebido menos ligações e mensagens desesperadas de eleitores, e tenham ligado cada vez menos para o secretário da Saúde, Régis Fonseca.
Inegável é que a Santa Casa é uma instituição do tamanho que Gravataí merece para administrar o único hospital SUS e as UPAs.