A entrega de emenda parlamentar de R$ 1 milhão para implementação do primeiro Banco de Sangue de Gravataí injeta em 2024 a ‘fofoca interminável’ sobre a aproximação nas eleições deste ano entre Luiz Zaffalon (PSDB) e Dimas Costa (PSD), primeiro e segundo colocados na disputa pela Prefeitura em 2020.
Cunhei a expressão ‘fofoca interminável’ na primeira reunião entre os dois, em novembro, quando foram prometidos os recursos hoje destinados em cheque simbólico no gabinete do prefeito; leia em A reunião de 2h entre Zaffa e Dimas e a fofoca interminável em Gravataí e A fofoca interminável: Zaffa e Dimas juntos mais uma vez em inauguração de obra; Os ‘dois prefeitos’ nos elevadores da política de Gravataí.
Antes da fofoca 2.4 sobre a parceria ‘MarxDonalds’ (que uniria adversários de 2020, um mais à direita, outro mais à esquerda, se encontrando no centro da ferradura ideológica em 2024), vamos às informações.
A emenda é do deputado federal e secretário dos Esportes do Estado, Danrlei de Deus (PSD), a pedido de seu adjunto, Dimas, e da vereadora Anna Beatriz a Silva (PSD), todos presentes na cerimônia desta segunda-feira, onde também estavam o vice-prefeito Levi Melo (Republicanos), o secretário da Saúde, Régis Fonseca e o superintendente do Hospital Dom João Becker, Antônio Weston.
Conforme levantamentos da Secretaria da Saúde e da Santa Casa, para atingir o equilíbrio e poder atender à demanda local, o Becker necessita de, pelo menos, 250 bolsas de sangue por mês – número não alcançado devido à falta do posto no município.
A solução é recorrer ao Banco de Sangue da Santa Casa, o Hemocentro ou, até mesmo, outros hospitais da Grande Porto Alegre.
Ações regulares, em parceria com a Sogil, transportam gravataienses até Porto Alegre para doação. Essas viagens ocorrem sempre nas últimas quartas-feiras de cada mês. No entanto, a adesão é insuficiente, como confirma Weston.
Vamos à política.
Zaffa, Levi, Danrlei, Dimas e Anna fizeram postagens em suas redes sociais, tratando a pauta de forma institucional e destacando o ineditismo da obra em Gravataí.
Porém, inevitável é que o clima amistoso, os sorrisos nos vídeos de stories e a dedicação de todos na divulgação da cerimônia alimentam a ‘fofoca interminável’ de que Dimas pode apoiar a reeleição de Zaffa na eleição de 6 de outubro.
Questionado, Dimas reafirmou ao Seguinte: que é candidato a prefeito.
– Não é momento para pensar em eleição. O banco de sangue é uma necessidade histórica. Para mim Gravataí está sempre acima de ideologias ou brigas políticas. É para meu município que busco articular a destinação de 100% dos recursos sobre os quais tenho influência, não importa quem seja o prefeito, se amigo, ex-amigo ou inimigo. Ainda mais em um momento de reconstrução da cidade após a tragédia do temporal, onde toda união é bem-vinda. Mas, já que perguntou, sigo reafirmando: sou candidato a prefeito – disse.
Pelo que apurei nos bastidores, segue válida a análise que fiz nos artigos Zaffa e Dimas pediram o mesmo ao ‘Papai Noel da Política’; O babado forte na Gravataí estudada, de 26 de dezembro, e Dimas saiu da casa de Kassab candidatíssimo a prefeito de Gravataí; A nota sem senão e a ‘fofoca interminável’, de 8 de janeiro deste ano.
No primeiro, escrevi:
“(…)
Resta aí o pedido de Zaffa e Dimas ao ‘Papai Noel da Política’, algo como o fim do tradicional ‘GreNal Político da Aldeia’, o ‘nós contra eles’.
Se estarão juntos, em uma mesma coligação, ou em diferentes números na urna eletrônica, aguardemos o Coelhinho da Páscoa confirmar, em março.
O que profetizo?
Dimas é primeiro suplente na Assembleia Legislativa e secretário-adjunto de Estado. Se não assumir como deputado, ou como secretário, deve concorrer a prefeito. Além de colocar o nome na rua pensando na AL em 2026, seria uma das candidaturas preferenciais a prefeituras pelo PSD gaúcho, o que faria seu fundo eleitoral chegar próximo ao milhão.
Os partidos não costumam deixar esse dinheiro parado na conta.
(…)”
No segundo artigo, após reunião de Dimas com o presidente nacional do PSD Gilberto Kassab, e a divulgação de uma nota confirmando a candidatura a prefeito, escrevi:
“(…)
Aqui, na planície, a participação no governo municipal parece não seduzir Dimas.
Se quiser a parceria eleitoral, Zaffa terá que ir aos palácios e incidir junto ao governador para garantir um projeto político estadual – melhor do que aquele que citei acima, da candidatura própria pelo PSD – que permita a Dimas condições para ser eleito à Assembleia Legislativa em 2026.
Dimas ter saído da casa de Kassab candidatíssimo não permite apenas a análise de que terá uma fatia gorda do fundo eleitoral para campanha. O presidente é notório por ter construído uma máquina partidária a partir do incentivo a candidatos depois eleitos para prefeituras no interior paulista.
Fato é que, como publicamente sempre disse que seria candidato (a novidade da nota de hoje é que não contém um senão sequer), não cabe em Dimas aquela do Millôr, sobre o ministro que “disse uma verdade na TV e corou de vergonha”.
Ao menos até este momento, a aproximação Zaffa-Dimas é apenas institucional como ambos tem dito em entrevistas, e, talvez, política.
Eleitoralmente resta ainda apenas na ‘interminável fofoca’. E, possivelmente, caso ambos sejam candidatos, em alguma tabelinha futura nos debates de campanha que devem travar contra o tradicional ‘GreNal Eleitoral da Aldeia’, Marco Alba (MDB) x Daniel Bordignon (PT).
(…)”.
Ao fim, é isso. Para saber se vai rolar eleitoralmente a parceria ‘MarxDonalds’, só aguardando o Coelhinho da Páscoa. Na política, ele existe. Em Brasília, Gravataí ou qualquer outra aldeia.