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O ’My Way’ de Zaffa em Gravataí

Prefeito, ao lado da primeira-dama Marlene, cumprimenta a presidente reeleita da Acigra Ana Cristina Pereira | Foto GUILHERME KLAMT

Luiz Zaffalon (MDB) foi um político ao falar o que o público da vez queria ouvir, ao ser o convidado especial da posse de Ana Cristina Pastro Pereira para o segundo mandato como presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí? Não. É, como descrevo desde antes da campanha eleitoral, um ‘sincericída’. E assim o foi no tradicional ‘Almoçando com a Acigra’, que tradicionalmente abre o ano com o prefeito. É um outsider da política, o que inevitavelmente desperta simpatias e antipatias.

Assista à reportagem produzida pelo Seguinte:, com edição de Guilherme Klamt, e abaixo do vídeo, conto algumas de como foi o evento que lotou o Alvi-Rubro.

 

 

Nas primeiras saudações o prefeito de Gravataí se mostrou um bom convidado especial. Chamou o ex-presidente Régis Marques Albino de ‘cidadão nota 11’, como empresário, na Acigra e na Casa dos Açores, como idealizador e, também coreógrafo e dançarino dos grupos de danças folclóricas.

– Recebemos a comitiva da presidência da ilha nos 270 anos da imigração e ouvimos que nossa Casa dos Açores é a mais bonita do mundo. Foi o Régis quem a transformou a partir de uma casa velha. Se ninguém disse ainda, eu digo: é uma personalidade cultural de Gravataí.

A presidente Ana Cristina, que devido à pandemia tomou posse do primeiro e do segundo mandato no almoço que tinha custo de R$ 110, Zaffa chamou de “conselheira”.

Ao abrir o balanço de um ano e três meses, praticamente o mesmo que fez neste 2022 no Sindilojas e na Câmara de Vereadores, não deixou de citar seu ‘Grande Eleitor’, o ex-prefeito Marco Alba (MDB), de quem herdou um governo com mais de 80% de aprovação em pesquisas.

– Gravataí não votou no Zaffa pelo Zaffa. Em 45 dias de campanha fui identificado como representante de um projeto que transforma Gravataí desde 2012. Foram 57 mil votos, 52,4% dos eleitores. O Marco dizia em cima do caminhão: “o Zaffa vai fazer tudo que eu fiz e melhor”. Obrigado, e que compromisso, hein, chefe? – disse, sob o olhar sempre poker face do parceiro de três décadas, que ocupava a mesa central ao lado da deputada estadual Patrícia Alba (MDB).

– É o mesmo projeto, mas o Marco tem o jeito dele, eu tenho o meu. É My Way. Querem que eu cante? – brincou, lembrando a canção que se tornou um clássico na voz de Frank Sinatra.

Como num stand-up, Zaffa arrancou sorrisos em muitos presentes à festa do empresariado ao fazer uma piada sobre a necessidade de planejamento estratégico, o que adota em seu governo, e a corrupção dos outros:

– O Lula, lá em Garanhuns, disse para a mãe dele que seria lutador de boxe. Fez um planejamento estratégico para isso. Na presidência da República, não perdeu um assalto.

Perceptivelmente ‘em casa’, Zaffa se apresentou algo como prefeito ‘amigo dos empresários’ para ser ‘amigo dos empregos’.

– Corro atrás de empregos tipo loco! – disse, contando que, ao saber do interesse das Farmácias São João em instalar um centro de distribuição na região metropolitana, pegou o carro 4h da manhã e amanheceu em Passo Fundo, batendo na porta do empresário.

– Depois todas as reuniões aconteceram dentro da minha sala. Faço questão de receber quem quer investir. Em 30 dias tínhamos liberações de licenças. As obras começaram. É um investimento de R$ 200 milhões e 2 mil empregos. Falam em Bolsa Família e outros projetos, mas o melhor programa social é o emprego, que permite encher as latinhas com dignidade – disse, repetindo seu mantra de que, com Freeway sem pedágio, ERS-118 duplicada, próximo à BR-116 e o aeroporto, no caminho da Serra e do Litoral, e a minutos do Centro de Porto Alegre, “Gravataí é o melhor lugar do Rio Grande do Sul para investir e morar”.

Ainda no tema dos empregos, Zaffa apresentou investimentos em tecnologia e inovação, como os mais de R$ 26 milhões em notebooks para professores e lousas digitais para as 76 escolas municipais, “um mundo novo dentro de quase mil salas de aulas”, além de currículos como robótica industrial para 30 mil alunos e cursos de formação para preparar gravataienses para o futuro-presente da Inteligência Artificial e Indústria 4.0, por exemplo.

– O abismo digital no país é assustador. Não podemos ter uma horda de obsoletos digitais – alertou, relatando outras ações como o PradoTech, um parque tecnológico dentro do condomínio Prado Bairro-Cidade.

– O Marco pegou o caos na educação infantil e abriu 2 mil vagas, e também na educação básica, e elevou o Ideb aos melhores índices da história de Gravataí. Eu quero o topo. A média não basta. Já cobrei os professores: ou vocês melhoram ou… – disse, relatando sobre a contratação de consultoria para ajudar na reforma educacional com alterações como a “meritocracia” na escolha de diretores, não apenas o voto.

– Só o voto às vezes dá errado, vocês bem sabem.

 

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Os aplausos mais efusivos foram quando Zaffa confirmou a construção de um novo Distrito Industrial, pauta reivindicada pelo empresariado por mais de duas décadas e que, informou, já está em fase de seleção de empresas em conjunto com a Acigra.

– Falta só a GM não nos dar mais calote, né Daniela? – disse o ‘sincericída’, em tom de brincadeira, recebendo como resposta um “sim, desaforado!”, entre risos, da gerente de Relaçoes Públicas e Governamentais da General Motors, Daniel Kraemer, presente ao evento.

É que o prefeito busca para o novo DI a posse de área de 15 hectares dentro do complexo automotivo, garantida para a Prefeitura, mas não formalizada legalmente, desde a confirmação da GM em Gravataí em 97, o que o Seguinte: revelou em Zaffa busca posse de área pública de 15 milhões dentro da GM para novo distrito industrial em Gravataí; ’Free lunch’ para quem precisa.

Outro ‘sincericídio’ de Zaffa foi ao lembrar da “revolução” que fez no transporte coletivo, a partir de subsídio público para reduzir a passagem para a mais barata da região metropolitana, com objetivo de atrair mais passageiros e criar um “ciclo virtuoso” que permita baixar ainda mais as tarifas.

– Quem não tem coragem não pode ser prefeito. Era preciso fazer algo. De 600 mil pagantes antes da pandemia tinha caído para 140 mil. É menos passageiros para ratear o custo da tarifa. E com gratuidades ingratas, onde um desembargador aposentado não paga passagem e o gari paga. Tomei pau na Câmara, mas comprei a briga. Hoje estamos exportando nosso modelo para outros municípios. Agora tem que melhorar os ônibus, né Fabiano? – ‘sincericidou’ se referindo a Fabiano Rocha, diretor da Sogil.

– No verão de Gravataí não podemos ter ônibus sem ar condicionado – exemplificou.

 

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O prefeito também apresentou seu caderno de investimentos em mobilidade e infraestrutura.

– Serão R$ 50 milhões só neste ano e pelo menos R$ 200 milhões até o fim do governo – projetou, citando obra de duplicação da municipalizada ERS-030, entre a Av. Acimar da Silva e a Prometeon.

– Olhamos para onde cresce a cidade. Isso é busca por novos empreendimentos e emprego. A Prometeon vai ampliar. Poderá transitar por ali com caminhões de 9 eixos sem entrar cidade. É como fez o Marco, com as pontes do Parque dos Anjos, que uniram Gravataí – disse, e cometeu mais um ‘sincericídio’:

– Teve vereador que tomou posse da obra… É cada figura.

Zaffa demonstrou a capacidade técnica de Gravataí ao lembrar que, pela agilidade nos projetos, foi o primeiro dos 497 municípios gaúchos a receber recursos “do meu amigo Eduardo Leite” para asfaltar duas ruas.

Para um público que reunia alguns moradores da Paragem Verdes Campos, como seu vice e, por permitir protagonismo, uma das estrelas do governo, Dr. Levi Melo (Republicanos), foi mais uma vez ‘sincericída’ ao citar investimento no acesso ao condomínio nobre, a ‘Lomba do Vadeco’.

– Me disseram que apanharia nas redes sociais asfaltando rua de rico, mas considero uma das obras mais justas do governo. Moram lá há 40 anos, pagam impostos e nunca pediram nada. Não me movo pela patrulha ideológica.

No pacote de investimentos o prefeito também prometeu 10 novos postos de saúde “modelo como São Vicente”, que substituirão alguns que funcionam em “casas alugadas”, além de citar as novas UTI, Emergência e hotelaria hospitalar na Dr. Luiz Bastos do Prado, com três andares de especialidade, e mirar o ‘sincericídio’ nos empresários anfitriões:

– Tem uma conta bancária. Vocês podem ajudar. Hoje nosso hospital é para 50 mil habitantes – comparou, na Gravataí dos 280 mil moradores, comemorando a ‘chegada’ na prática da Santa Casa:

– Quando Marco trouxe a Santa Casa, trouxe uma instituição de 220 anos, que hoje colocamos administrar também as UPAs, o que facilita as internações hospitalares.

Fez, ainda, um agradecimento ao ex-secretário da Saúde Jean Torman, e ao atual, Régis Fonseca, presentes ao almoço, “por não deixar ninguém sem atendimento durante a pandemia”.

– Marco e eu não deixamos faltar dinheiro. De 10 UTIs chegamos a 120 leitos. Gastamos R$ 60 milhões.

 

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Ao anunciar ter, naquele dia, assinado com a chefe de Polícia do RS Nadine Anflor convênio para Prefeitura construir uma Central de Polícia com posto do IGP, Zaffa também comemorou dados que mostram Gravataí como terceira maior cidade com queda de homicídios.

– Ficamos 32 dias sem homicídios na quarta economia gaúcha. É também trabalho da nossa Guarda Municipal, que forma guardas de outros municípios e onde um coronel comanda e o sub também é coronel. A Guarda de Gravataí já teve padeiro no comando. Nada contra padeiros, mas padeiro faz pão.

O prefeito não deixou de abordar a tragédia do saneamento. Gravataí é a pior do ranking no Rio Grande do Sul.

– Nosso saneamento é medieval. Falam que sou louco, mas é por isso que sou a favor de privatizar a Corsan, essa porcaria que só nos atrasa. São incompetentes. Sei porque fui presidente. Perdem 52% da água já tratada. Imaginam esse prejuízo em uma empresa privada? Acompanhei a privatização a CRT. Não fosse privatizar estaríamos disputando celulares por sorteio – avaliou, explicando que renovou contrato com a Corsan, para viabilizar a Parceria Público-Privada (PPP) que, até 2033, promete universalizar o acesso à água e o tratamento de esgoto.

– Está lá no contrato um investimento de R$ 500 milhões em nosso sistema – disse, citando um novo reservatório na Morada do Vale, “onde falta água no inverno e no verão”, e uma adutora para trazer a água do Arroio das Graças, de Canoas por Cachoeirinha.

Lembrando não poder intervir, pelo Rio Gravataí ser responsabilidade do Estado, Zaffa reforçou a cobrança pela construção de 13 barragens para evitar o rio, que está entre os 5 mais poluídos do Brasil, secar a cada 15 dias de seca.

– Os militares alargaram o rio naquela história de aumentar o espaço da agricultura e hoje sofremos as consequências. O Estado tem dinheiro há 10 anos para as barragens e não conseguiu nem fazer os projetos completos ainda. Resta cobrar – lamentou o ‘sincericída’, sem poupar ninguém.

 

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Em sua conclusão, o prefeito que assumiu em 2021 apresentou os dados da gestão fiscal, cujo Índice Firjan colocava Gravataí em penúltimo do RS em 2011 e, após o governo Marco, subiu 443 posições, “o melhor índice fiscal da última década”:

– É o nosso modelo de gestão, que arrecada mais do que gasta. O Marco fez e eu sigo. A Prefeitura tem que dar lucro para investir, ao contrário do que acham aqueles que, como Lula, não perderam assalto na Prefeitura.

E completou mostrando rankings liderados por Gravataí como o de melhor lugar para fazer negócios na área industrial do RS, além de estar entre as 100 maiores economia do país, com R$ 12 bilhões de PIB.

– Em breve vamos liberar em 10 minutos alvarás para negócios de baixo risco – anunciou.

 

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Ao fim, como observo na abertura do artigo, e descrevo desde antes da campanha eleitoral, é um ‘sincericída’; um outsider da política, o que inevitavelmente desperta simpatias e antipatias, ações e reações, tanto nos relacionamentos interpessoais, como na política, que é um mundo à parte.

Fato é que Zaffa avisou à elite de Gravataí que é ‘My Way’. É parte, e consequência de um projeto vencedor, mas vai fazer ‘do seu jeito’.

Ouça aqui e siga abaixo a letra e tradução de My Way, que é uma versão da canção francesa Comme d'habitude, de Claude François,, adaptada para o inglês por Paul Anka e, interpretada por Frank Sinatra pela primeira vez em 1968, se tornou uma das músicas mais populares da história.

 

My Way (Meu Jeito)

E agora o fim está próximo

Então eu encaro a cortina final

Meu amigo, Eu vou falar claro

Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza

Eu vivi uma vida por inteiro

Eu viajei por cada e em todas as estradas

Oh, mais, muito mais que isso

Eu fiz do meu jeito

Arrependimentos, eu tive alguns

Mas então, tão poucos para mencionar

Eu fiz, o que eu tinha que fazer

E eu vi tudo, sem exceção

Eu planejei cada caminho do mapa

Cada passo, ao longo da estrada

Oh, mais, muito mais que isso

Eu fiz do meu jeito

Sim

Teve horas

Eu tenho certeza de que você sabe

Quando eu mordi mais que eu podia mastigar

Mas, entretanto, quando havia dúvidas

Eu engoli e cuspi fora

Eu encarei tudo isso e continuei altivo

E fiz do meu jeito

Eu amei, eu sorri e chorei

Tive minhas falhas, minha parte de derrotas

E agora como as lágrimas descem

Eu acho tudo tão divertido

De pensar que eu fiz tudo

E talvez eu diga, não de uma maneira tímida

Oh não, não eu

Eu fiz do meu jeito

E o que é um homem, senão o que ele tem

Se não ele mesmo, então ele não tem nada

Para dizer as coisas que ele sente de verdade

E não as palavras de alguém que se ajoelha

Os registros mostram

Que eu recebi as desgraças

E fiz do meu jeito

Sim, esse era meu jeito

 

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