medo do medo do medo

O Pão Bichôpa e os Trosmons

“Tinha medo de tudo

aquela Chapeuzinho.

Já não ria.

Em festa, não aparecia.

Não subia escada

nem descia.

Não estava resfriada

mas tossia.

Ouvia conto de fada

e estremecia.

Não brincava mais de nada,

nem de amarelinha.”

(Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque)

 

 

Medo do medo do medo: que criança não tem?

O universo infantil é repleto de descobertas, de aprendizados e contém um grande mundo desconhecido. Isso, naturalmente, é causa de medo para os pequenos, que representam esse sentimento de diversas formas: temem o escuro, o monstro, o barulho, o bicho papão.

A obra Chapeuzinho Amarelo (1979) foi escrita pelo compositor Chico Buarque, já muito conhecido pela genialidade de suas produções; um grande artista brasileiro. As ilustrações são de Ziraldo, outro famoso escritor, autor de “O menino maluquinho”. O título Chapeuzinho Amarelo remete à clássica história da Chapeuzinho Vermelho e também traz a figura do Lobo, mas está longe de ser uma mera releitura.

Chapeuzinho Amarelo conta o caso de uma menina que temia tudo: era esmagada pelo medo excessivo. A narrativa, porém, é leve e ritmada; pode-se ler até cantando. Ao longo da história, Chapeuzinho depara-se com o seu maior medo: o Lobo. Chega tão perto, tão perto que percebe que o Lobo nem era tão assustador assim.

 

 

A menina, então, consegue transformar o Lo-bo num Bo-lo. E, da mesma forma, faz com todos os seus outros medos.

 

“o raio virou orrái

barata é tabará

a bruxa virou xabru

e o diabo é bodiá”

 

Com essa leitura, a criança sente empatia pela personagem, tão parecida com ela, e consegue pensar sobre seus próprios temores. Além de divertido, com uma linguagem leve e cuidadosamente elaborada, é um livro emancipatório, ou seja, ele ajuda a criança a encontrar seus meios para enfrentar seus medos. Livros como esse funcionam muito mais do que dizer “não precisa ter medo!”, e por isso é tão importante lermos para nossas crianças.

Vale lembrar que Chico Buarque, além das canções primorosas, escreveu obras literárias para adultos, como Budapeste (2003), Leite Derramado (2009), O Irmão Alemão (2014), entre outras.

Tanto para adultos quanto para crianças, ler é essencial e nos auxilia de diversas formas. Se fizermos como a Chapeuzinho Amarelo fez com o Lobo, veremos que a leitura não é um Bicho Papão e pode se transformar num divertido Pão Bichôpa: é só chegar mais pertinho dos livros e ingressar nesse vasto mundo.

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