Começa com um paredão a menos a construção de uma frente ampla de oposição para enfrentar a reeleição do prefeito Cristian Wasem (MDB), com a possibilidade de uma chapa ‘MarxDonalds’, reunindo David Almansa (PT) e Dr. Rubinho (PSDB), segundo e terceiro colocados na eleição suplementar de 2022, um como candidato do Lula, outro do Bolsonaro; leia sobre a aliança em Dr. Rubinho pode ser o vice de Almansa em Cachoeirinha; A família Mello, o MarxDonalds e a Real Politik e Dr. Rubinho filiado no PSDB: “Cristian é a continuidade piorada do Miki. Oposição precisa se unir por Cachoeirinha. Deixa Lula e Bolsonaro para 2026”.
Com 30 anos de militância petista, Val Moreira, 53 anos, presidente do Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha (Simca), e que já não cultivava boa relação com Almansa, antes mesmo do vereador ser artífice da construção da frente ampla, fez post-bomba em seu Instagram, comunicando que não apoiará “coligação com a extrema direita”.
Para acessar a postagem original clique aqui.
Reproduzo o texto e, abaixo, sigo.
“(…)
Não apoiarei o PT de Cachoeirinha!
Em minha vida a teoria e meus ideais de vida nunca estiveram distanciados da vida que eu pratico.
Sou aguerrida militante antifascista e pela primeira vez na vida não apoiarei meu partido político o PT na cidade do meu domicílio eleitoral por conta de coligação com a extrema-direita que se avizinha.
Estou vindo a público para justificar meu posicionamento político partidário nas próximas eleições municipais e para que fique bem claro para alguns que ainda insistem em divulgar mentiras e fakes a meu respeito ou que duvidam de minha coragem em expor minha posição política partidária.
O fascismo é um movimento político cujos principais pilares são: o totalitarismo, o nacionalismo, o uso da violência para fortalecimento nacional, o imperialismo, o militarismo, o desprezo por valores liberais e coletivistas.
Para nós no Brasil o Bolsonarismo representa esses ideais e infelizmente andou livremente no país na esfera nacional por conta do voto de pessoas boas, infelizmente.
Sou uma professora ANTIFA que é oposição a todo movimento extremista.
Esse movimento ANTIFA engloba toda a filosofia, teoria ou ação ativista realizada por grupos de pessoas contra o fascismo. Incluindo, assim, o combate às práticas de extrema-direita, de xenofobia, de discriminação, de supremacistas brancos, de uso de notícias fakes contra adversários políticos e retirada de direitos humanos e trabalhistas.
INCLUI TAMBÉM NÃO VOTAR EM BOLSONARISTA NAS ELEIÇÃO.
Podemos conviver, debater e dialogar ( quando possível e muitas vezes é possível sim) com pessoas que defendem o contrário, isso é da democracia mas nunca apoiar em eleição.
Ninguém precisa aceitar minha posição. Não precisaria nem justificar. Apenas exigir que me respeitem como é de meu direito. Mas, diante de fofocas e mentiras que tomam grandes e excludentes proporções em redes sociais me senti na obrigação de esclarecer.
Dito tudo isso espero que acabem com esse assunto, que seria totalmente desnecessário em condições normais.
(…)”
Sigo eu.
A posição de Val ressuscita célebre frase de Frei Betto, cometida à época da ditadura: “a esquerda só se une na cadeia”.
O PSOL também já tinha se manifestado contra a frente ampla, como analisei em PSOL avisa Almansa que não aceita Stédile e “direita” na coligação pela Prefeitura de Cachoeirinha; A lacração bíblica do faça o que eu digo, não faça o que eu faço.
Inegável é que as posições de Val e do PSOL são antagônicas a Lula, que, não só para vencer o ‘fascismo’ precisou formar uma frente ampla, com Geraldo Alckmin como vice: desde sua primeira eleição, o petista uniu-se ao PL de José de Alencar, e depois construiu a aliança entre Dilma Rousseff e Michel Temer (MDB).
Reputo Val não trata a construção feita por seu partido da mesma forma com que administra – e bem – seu sindicato.
Explico, em um exercício de lógica:
Como presidente do Simca, Val nunca colocou a ideologia na frente dos interesses de sua categoria. Pelo que apurei, a relação com o prefeito Cristian é excelente, com acordos que garantiram avanços reivindicados pelo funcionalismo – excluo dessa o piso dos professores, que Cachoeirinha ainda não paga, com a notória compreensão do sindicato.
Não estaria Almansa, ao relevar a ideologia e, para ter chances de vencer, tentar construir uma aliança, priorizando os interesses de sua ‘categoria’, que, como político, é o povo?
Ao fim, o post de Val é uma bomba política. Pega Almansa, mas os estilhaços também atingem a política de Lula, que a sindicalista ajudou a eleger e hoje tem bolsonaristas no ministério e faz acordos até com o diabo no Congresso.
É a Real Politik, a realidade que se impõe no Brasil conservador.