Véspera de eleição é preciso arar bastante a informação. É a estação de ‘agronotícias’. São aquelas plantadas, ou para desgastar alguém, ou para servir como balão de ensaio frente aos apoiadores ou à opinião pública – e, até, à ‘opinião que se publica’. A última, que desde sexta contagia conversas de máscara, ou sem, e viralizou por WhatsApps de políticos, envolve Dilamar Soares.
Siga o thriller.
A fofoca da sexta era que o vereador do PDT teria constrangidamente confidenciado a um amigo ser alvo de sondagem, por Diego Pereira, fidelíssimo número 1 de Daniel e Rosane Bordignon, sobre abrir tratativas com Dimas Costa (PSD) para unir a oposição contra o candidato do governo, seja Luiz Zaffalon (MDB), preferido do prefeito Marco Alba, ou o azarão Jones Martins.
À Dila, primeiro entusiasta da candidatura de Anabel Lorenzi (PDT), teria sido oferecida inclusive a possibilidade de concorrer de forma independente, sem a necessidade de apoiar o irmão, com quem tem uma relação bíblica, tipo Caim e Abel.
A conspiração evoluiu para a possibilidade de Dilamar ser vice de Anabel, com Rosane Bordignon buscando a reeleição à Câmara, ou então concorrendo ele a prefeito. E pirou ainda mais com a especulação de uma improvável aproximação entre Bordignon, Anabel e Marco Alba, com Anabel, ou mesmo Dilamar vice de Zaffa, de quem é amigo de longa data.
Domingo, uma posta de Dila no Facebook (que ilustra este artigo) aumentou o ibope do fofocalizando e acrescentou mais uma conspiração: Daniel Bordignon poderia ser o candidato a prefeito já que a eleição foi adiada para 15 de novembro e a suspensão de seus direitos políticos encerra em 29 de setembro.
Seria um ‘De Volta Para o Passado’, que acontece nas eleições de Gravataí desde 2008, já que o ex-prefeito estaria sob risco de impugnação. O tapetão da vez se desenrolaria sobre os efeitos da suspensão dos direitos políticos sobre a validade da filiação de DB no prazo de seis meses antes da eleição.
Nesta segunda, liguei para Dilamar.
– Foi apenas um post feliz! Deixa que pensem o que quiserem. Não quero comentar boatos.
Quem conhece a política da aldeia sabe: se o vereador diz que foi um “post feliz”, não há como qualquer espécie de conspiração ter como consequência algo positivo para seu irmão, Dimas. Sobre o restante, as reservas que Dila mantém ao tratar da eleição de 2020 permitem que o ‘fofocalizando’ ganhe verossimilhança – o que, não significa verdade, e sim, conforme o dicionário, “ligação, nexo ou harmonia entre fatos, ideias etc. numa obra literária, ainda que os elementos imaginosos ou fantásticos sejam determinantes no texto”.
Ao fim, ‘Printe & Arquive na Nuvem’: “Até um relógio parado, duas vezes ao dia está marcando a hora certa”. Pesquisei a autoria da frase no Google e sites creditam de Stalin a Paulo Coelho, passando pelo filme ‘Um Crime de Mestre’.