Essa é a coluna do Rafael Martinelli que foi publicada na primeira edição impressa do Seguinte:, que já está circulando. Ele está todos os dias, a qualquer momento, no seguinte.inf.br
José Ivo Sartori traduziu bem Marco Alba.
– Teimoooooso… – disse, para risada geral no Palácio Piratini.
Só aos 45 minutos do segundo tempo o prefeito aceitou aderir à bilionária parceria público-privada apresentada pela Corsan ao lucrativo mercado internacional do saneamento, deixando na gaveta da ideologia o plano de lançar uma concessão exclusiva para o município.
Com quase 300 mil habitantes, quarta maior economia gaúcha e jóia da coroa da PPP ao lado de Canoas, Gravataí ficar de fora do negócio onde vai jorrar dinheiro na água e esgoto das nove principais cidades da região metropolitana faria o governador oferecer aos investidores um carro sem rodas.
Mas Marco é um prefeito diferente, slogan que bem identificaram seus marqueteiros para usar na campanha da reeleição. Tem suas convicções, manda mais que obedece no PMDB e não governa com um olho na popularidade e outro nos humores das redes sociais. No caso da PPP, a teimosia fez Gravataí ganhar preço e garantir benefícios de curto prazo para empurrar pelo ralo o incômodo rótulo de ‘capital da falta de água’.
– Estamos fazendo tudo que o prefeito pediu – confirmou ao Seguinte: o próprio presidente da Corsan, Flávio Presser, no lançamento da PPP ao qual Marco não foi, ainda esperando as garantias para Gravataí virar tinta no papel.
Numa concessão regional de 35 anos, o prefeito está conseguindo para Gravataí uma solução para a água e esgoto em no máximo 12 anos. Hoje, apenas 2 em cada 10 pessoas têm esgoto tratado. A promessa é chegar em 8 em cada 10 – índice de primeiro mundo.
Na emergência que é a falta de água, o dinheiro vai pingar antes mesmo do capital privado. O ‘sim Corsan’ vai garantir para ontem a liberação de milhões em recursos do PAC II, represados há uma década, que começarão estendendo a rede de esgotos desde a área central até o Parque dos Anjos – o primeiro trecho da rede que seguirá do eixo da RS-030 até Glorinha e no trecho urbano entre a mesma rodovia e a RS-020.
LEIA TAMBÉM
Com Gravataí, Cachoeirinha e Viamão, a PPP da Corsan
EXCLUSIVO | Gravataí vai aderir a PPP da Corsan
CORSAN, SANTA CASA E PONTES DO PARQUE
Marco também dá a garantia de que, com financiamento estrangeiro do CAF ou nacional do Banrisul, ou mesmo com recursos próprios, começa até o início de 2019 uma das obras mais reivindicadas e urgentes para o crescimento de Gravataí: a duplicação das pontes do Parque dos Anjos.
E tem mais a Santa Casa, que ao que parece não depende mais de reza ou vela para comprar o Hospital Dom João Becker – o que certamente acrescentará aos serviços de saúde de Gravataí tamanho e qualidade daquela que é vista como santa entre amaldiçoadas redes que atendem pelo SUS.
Com as contas da Prefeitura fora da UTI, se Marco conseguir firmar esse tripé de ações que mexem com problemas clássicos de saneamento, saúde e mobilidade urbana, inscreverá seu nome na história de Gravataí – e pode até fazer sucessor(a).
Não importa o alcance de sua teimosia, se gosta do liberalismo do Amoedo, se não acompanhou Padilha por não querer apoiar Dilma ou se tirou a plaquinha com o número 13 da mesa reservada a ele, Marco, no Almoçando com a Acigra. É como dizem os americanos: “It’s the economy, stupid!”. No caso de uma cidade, o que conta é o que muda a vida das pessoas.
LEIA TAMBÉM
Dívida de Gravataí teve redução monstruosa
60 milhões para garantir pontes do Parque e outras obras
Red Queen
Só o tempo dirá se antigas aliadas da direção do sindicato dos professores identificarão Rosane Bordignon (PDT) como uma Rainha Vermelha por ter assinado o relatório da CPI que culpa os conselhos fiscal e deliberativo pela crise no Ipag, o instituto de previdência dos servidores de Gravataí. Nos bastidores, professoras desconfiam que, para salvar citações ao ex-prefeito Daniel Bordignon, a vereadora aceitou cortar a cabeça de conselheiras que são, ou eram, velhas amigas.
I(não)pag
Ingredientes e temperos não importam. A Câmara está de parabéns só por concluir CPI alertando para crise no Ipag, que como a Previdência nacional ameaça as contas públicas municipais. Agora, mais importante do que matar os feridos é reconstruir os destroços do instituto. Não como nas guerras, onde a verdade é a primeira vítima. É importante saber que o instituto está como está não por dinheiro que saiu, mas sim pelo que não entrou.
LEIA TAMBÉM
Câmara de Gravataí aprova relatório da CPI do Ipag. Conheça os 5 vilões
Só o bolso dos servidores salva plano de saúde
A política lembra o futebol
Tanto em suas paixões como ciclos. Lá pelos anos 2000, comparei Daniel Bordignon a Fernando Carvalho e Sérgio Stasinski a Vitório Piffero. Petistas, eram ex e atual prefeito de Gravataí. Um gostou, outro não.
Hoje, os dois, e o PT da aldeia, antes todo poderosos, lembram – e muito – o Inter.
Os exóticos
Dois dos principais secretários de Gravataí tem características exóticas para os dias de hoje. Davi Severgnini (Fazenda) é um liberal de verdade, não a jabuticaba ‘liberal-conservadora’ que se apresenta no Brasil unindo antipetistas, bolsonaristas e gente que confunde Al Jazira com Al Quaeda. Já Jean Torman não tem redes sociais. Não tem tempo.
– Chama o Jean! – é frase rotineira do prefeito Marco Alba, antes de confiar questões fundamentais do governo para o secretário de Saúde e procurador-geral do município.
LEIA TAMBÉM
Como Gravataí limpou o nome e entrou no radar de investidores estrangeiros
Jean, da confiança de Marco Alba e cria de Acimar
Coraçãozinho
Anabel Lorenzi postou sobre seu apoio ao colega de PSB Juliano Paz como candidato a deputado estadual. Jones Martins, até o último abril deputado federal pelo PMDB, fez comentário elogioso.
Ela e Paz curtiram com um coraçãozinho.
LEIA TAMBÉM
O apoio a Juliano Paz e as covinhas da Anabel
A despedida do Jones foi em casa
Pai Merdanelles
Pai Merdanelles, aquele que faz previsões não na borra do café, mas na espuma da cerveja e na cinza do cigarro, baixa para dizer que Wagner Padilha (PSB), o Tô de Olho no Buraco, é o 14º elemento em qualquer votação importante para o governo.
Dos melhores empregos do mundo é…
… é no legislativo de Prometeus, uma das 67 luas de Saturno. Havia muitos CCs, fizeram concurso. Criou-se a categoria dos ‘concursados de carreira’, alguns trabalhando no horário em que não tem povo para sobrar um tempinho para estudar para passar em um certame que pague melhor.
Vale um auxílio-qualquer-coisa, um almoço com o Deltan ou uma palestra em inglês com o Moro para quem provar que melhorou alguma coisa para os seres que pagam essa conta com seus impostos. Só convicção não vale.
Enfim, “who cares?”, como diz o Joaquim Barbosa.
SEGUINTE.INF.BR
Me siga todos os dias, o dia todo, com opiniões, análises e reportagens no site.