Dilamar Soares e Dimas Costa, irmãos reeleitos vereadores. Após cinco longos anos, em que mal se falavam, hoje companheiros de partido – o intraduzível PSD.
Mas já estariam os filhos da dona Margarida e do seu João Manoel novamente em lados políticos opostos?
Parece que sim.
E num Gre-Nal às avessas.
Se não estiverem jogando para a torcida, nem é preciso buscar informações na amizade, ou nos bastidores, para perceber o antagonismo. Basta conhecer um pouco de política e entender os recados que os manos tem mandado da tribuna da Câmara nas últimas duas sessões após o 2 de outubro.
A lógica do poste
Apostando em uma nova eleição, caso o TSE não valide os votos de Daniel Bordignon (PDT), Dilamar tenta articular um improvável apoio do ex-prefeito a uma candidatura de Levi Melo a Prefeitura.
Improvável por inimaginável esperar que Bordignon – e seus 45.374 votos – levante o braço do médico ‘rico, de direita, da Paragem Verdes Campos’.
É mais fácil prevalecer o que o meio político chama de ‘a lógica do poste’, e que já funcionou com Sérgio Stasinski e Rita Sanco, com o ex-prefeito apostando no vice Cláudio Ávila, ou em Rosane Bordignon, esposa e vereadora eleita.
Imponderável de Almeida
Dila joga ainda com outro milagre: Marco Alba (PMDB), o segundo colocado na eleição com 33.420 votos, desistir de concorrer e, para impedir a ascensão do grupo de Bordignon, apoiar Levi – que saiu do mesmo campo político, por onde inclusive concorreu a deputado estadual em 2014.
É o 'Imponderável de Almeida', tão surreal como Bordignon apoiar um candidato que foi o quarto colocado na eleição, com 19.420 votos.
– O PSD terá candidato. E deveremos ter outros apoios, por sermos a candidatura mais viável para unir diferentes forças e vencer a eleição – resume Dilamar, que despista quando perguntado sobre uma suposta conversa do atual vice-prefeito Francisco Pinho (PSDB), que apoiou Anabel Lorenzi (PSB), terceira colocada com 25.756 votos, com o presidente do PSD João Portella.
Habeas corpus preventivo
Sem torcida mista, e desconfiando de onde a articulação de Dilamar pode levar o partido, Dimas não aceita qualquer conversa com Bordignon. Ele credita ao ex-companheiro a arapuca para ‘matá-lo’ – esvaziando o PT às vésperas do prazo final para troca de partido, o que teria lhe custado a reeleição caso não tivesse deixado a sigla.
Como conhece Bordignon, e sabe que ele jamais apoiaria Levi, Dimas busca um ‘habeas corpus’ preventivo para o caso do TSE confirmá-lo prefeito e o PSD aceitar participar do governo.
– As urnas me colocaram na oposição – avisou.
Ele sabe que, além dos afagos na tribuna, Dilamar e Bordignon já conversaram por três vezes desde a eleição.
Dimas candidato
Para não ser rifado das discussões, na quinta à noite Dimas subiu a temperatura interna, fazendo um alerta tão incômodo como o pulso e o tornozelo recém operados de Levi:
– Repetir erros leva aos mesmos resultados. Se os mesmos forem candidatos, o próximo prefeito, ou prefeita, será quem o Bordignon quiser.
Percebendo o desconforto de Dimas, que com a declaração parece se colocar como uma cara nova na disputa pela indicação da candidatura a prefeito, Dilamar anunciou na tribuna que o irmão, o mais votado do partido, teria seu apoio numa candidatura a deputado estadual em 2018.
Presidência é gol
Desse GreNal familiar, o golaço do PSD, a segunda maior força em número de votos ao legislativo, pode ser jogar com os dois lados e conquistar a Presidência da Câmara.
Que, em caso de nova eleição, garante ao eleito entre os 21 vereadores assumir interinamente a Prefeitura.
Em Novo Hamburgo, em situação semelhante, o pleito de 2012 terminou apenas em março do ano seguinte.
Amor e Marta
Mas se engana quem vê amor por Bordignon, Marco Alba ou quem quer que seja nos movimentos dos dois irmãos.
Dimas não quer o grupo de Bordignon na Prefeitura, Dilamar não quer o grupo de Marco.
Simples assim.
Quem sabe Anabel não se escala como uma Marta?
Vivemos tempos em que só a imaginação destrói para a eternidade.
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