Não chegou a ser um pedido explícito de apoio financeiro ao empresariado de Gravataí e região, mas um alerta de que é necessária a colaboração de todos para que os avanços até aqui alcançados sejam mantidos e ampliados e os projetos que a Santa Casa de Misericórdia tem para com sua unidade de Gravataí, o Hospital Dom João Becker (HDJB), se tornem realidade.
Esta foi a tônica da palestra de hoje ao meio dia, feita pelo diretor de Operações da Fundação Santa Casa de Misericórdia, Oswaldo Luis Balparda, no evento mensal “Almoçando com a Acigra”, organizado e realizado pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí. Balparda, que já foi direto do HDJB, veio à cidade ao lado do provedor da fundação, o ex-juiz Alfredo Englert.
O diretor abriu sua fala fazendo uma apresentação da estrutura da Santa Casa, detalhando a função de cada um dos sete hospitais que tem no complexo localizado no centro de Porto Alegre, além do Dom João Becker e do hospital municipal de Santo Antônio da Patrulha, do qual não detém o patrimônio e faz apenas a gestão administrativa e financeira.
De modo mais objetivo e voltado ao que interessa aos gravataienses, Balparda elencou uma série de ações que classificou como avanços na prestação de serviços do hospital Dom João Becker. Mas admitiu: muito ainda tem que ser feito. Neste sentido justificou que a estrutura do Dom João Becker está ultrapassada há pelo menos três décadas, enquanto a população de Gravataí mais do que triplicou.
Instalador de splits
E o diretor não fugiu a uma explicação sobre as queixas dos usuários em relação ao atendimento prestado na instituição, contando uma historinha…
— Conversei outro dia com um instalador destes aparelhos de ar condicionado, os splits, e ele me disse que no auge chegou a fazer 120 instalações em um mês. Um número elevado, considerei, e ele me confirmou que foi um ótimo mês. Daí lhe perguntei se tivesse feito o dobro de instalações, e ele argumentou que isso seria bem difícil de realizar, que não conseguiria atender a todos e que mesmo os instalados estariam sujeitos a algum tipo de problema.
E comparou:
— É a mesma coisa que acontece hoje no nosso hospital aqui em Gravataí. Temos uma capacidade limitada pelo espaço físico, principalmente. Não temos como atender mais pessoas ao mesmo tempo porque a estrutura é ultrapassada. E sempre que atendemos além da nossa capacidade estamos sujeitos às falhas que geram as reclamações e queixas por parte das pessoas.
Hospital-escola
No meio da fala para um grupo de empresários, autoridades e convidados, Oswaldo Balparda anunciou, sem entrar em muitos detalhes, que a direção da Santa Casa de Misericórdia está negociando com a Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) a cedência de espaço no Dom João Becker para que os formandos de Medicina realizem a residência no hospital de Gravataí.
O diretor não disse qual o atual estágio das tratativas. Assegurou, porém, que estão adiantadas e a transformação do HDJB em hospital-escola representa “um ganho extraordinário” na qualificação do atendimento prestado e na agilidade dos serviços de modo geral.
— Vamos ter aqui dentro o que tem de melhor que é o médico saindo da faculdade para fazer sua residência em um hospital, e os profissionais médicos-professores, doutores e especialistas nas mais diversas áreas, qualificando os serviços prestados aos pacientes — avaliou.
A estrutura hoje:
193 leitos, sendo 10 deles em UTI
8 salas cirúrgicas
3 salas PPPs (pré, parto e pós-parto)
894 funcionários
320 médicos
Resultado econômico – Agosto/2018 a agosto 2019
Receita operacional Sistema Único de Saúde (SUS): R$ 50.569.918,00
Receita operacional não-SUS (Convênios e particulares): R$ 39.625.053,00
Receita operacional total: R$ 91.939965,00
Despesa operacional – pessoal próprio: R$ 34.704.498,00
Despesa operacional – pessoal terceiros: R$ 36.185.859,00
Despesa operacional – material de consumo: R$ 15.406.977,00
Despesa operacional – outras/financeiras: R$ 8.317.884,00
Despesa Operacional total: R$ 94.615.217,00
Déficit operacional no período: R$ 2.675.252
CONQUISTAS
– Ampliação do número de médicos pediatras para atendimento no setor de Emergência 24 Horas
– Implantação de modelo assistencial com contratação de médicos hospitalistas (foco no paciente)
– Abertura de salas do ambulatório para consultas eletivas não-SUS
– Retomada dos atendimentos de Serviços da Coluna
– Qualificação dos serviços de laboratório através da centralização junto ao laboratório da Santa Casa
– Unificação dos serviços de controle de infecção e gestão de risco
– Aquisição de 250 computadores para melhorar a performance dos atendimentos
– Qualificação dos serviços de apoio (RH, TI, Engenharia, entre outros), através da centralização junto aos departamentos correspondentes da Santa Casa
– Início do campo de prática para alunos de Medicina da Unisinos
Confira no vídeo (clique na imagem abaixo) o que disseram o diretor da Santa Casa, Oswaldo Balparda, e o secretário de Saúde de Gravataí, Jean Torman, sobre o primeiro ano da instituição na administração do Hospital Dom João Becker. Depois, siga lendo a reportagem!
O FUTURO
1
Ampliação da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulto, atualmente com 10 leitos (sendo um de isolamento), para 20 leitos (sendo dois destinado ao isolamento de pacientes). Instalação de sanitário adaptado para pacientes com necessidades especiais e áreas de apoio como rouparia, copa, sala de estar para funcionários e dois quartos de plantão (hoje é um quarto).
Custo da obra: R$ 1.901.744,00
Custo com equipamentos: R$ 1.996.879,00
Custo total: R$ 3.898.623,00
Prazo de execução: Nove meses a contar do start que depende de disponibilidade financeira, que ainda não existe,
2
Ampliação da Emergência dos pacientes do SUS, principal e maior foco de tensão permanente do Hospital Santa Casa de Misericórdia – Dom João Becker, dos atuais oito leitos de observação para 24 leitos de observação, com dois leitos para isolamento de pacientes (hoje não há estes leitos), 12 poltronas para aplicação de medicamentos, de dois para quatro leitos de emergência e, ainda nesta área, implantação de um leito de isolamento de paciente. Mais salas de apoio, como de classificação de risco, consultórios e atendimentos diversos.
Custo da obra: 3.875.406,00
Custo com equipamentos: 2.911.585,00
Custo total: R$ 6.786.991,00
Prazo para execução: Um ano e dois meses a contar do start que depende de disponibilidade financeira, que ainda não existe.
3
Centro de Especialidades Múltiplas.
Adaptação e colocação em funcionamento de prédio localizado ao lado do Hospital Santa Casa de Misericórdia – Dom João Becker, na avenida José Loureiro da Silva, centro de Gravataí. São sete pavimentos, com área física total de cerca de 2 mil metros quadrados. No térreo, em área com 200 metros quadrados, funcionarão centro de coleta do Laboratório Central da Santa Casa, com espaços para coleta de sangue e materiais diversos para realização de análises.
Prazo para funcionamento: 90 dias.
4
Centro de Especialidades Múltiplas.
Com ativação em cerca de um mês e meio de 16 salas multiuso no terceiro e quarto pavimentos, destinadas às consultas e realização de exames espcielaikzados, além de ampla e confortável sala de espera.
5
Centro de Especialidades Múltiplas (o que vai ter).
Cirurgia Vascular
Cirurgia Aparelho Digestivo
Cirurgia Traumato-Ortopédica
Cirurgia Plástica
Cirurgia Neurológica
Cirurgia Ginecológica
Cirurgia Oncológica
Cirurgia Torácica
Cirurgia da Coluna
Coloproctologia, Urologia, Dermatologia, Cardiologia, Pneumologia, Nefrologia, Oncologia, Hematologia, Endocrinologia
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A FRASE
— Saúde não se faz só com hospital, mas com atenção a toda linha de cuidado ao indivíduo.
Oswaldo Luis Balparda
Diretor de Operações da Fundação Santa Casa de Misericórdia
O aniversário
Em entrevista exclusiva ao Seguinte:, o diretor Oswaldo Balparda garantiu que a Santa Casa de Misericórdia através da sua diretoria e provedoria está satisfeita com os resultados alcançados em Gravataí, mesmo com o registro de um déficit operacional nas contas do Dom João Becker de aproximadamente R$ 2,6 milhões no período de agosto de 2018 a agosto de 2019.
Ele comentou sobre os planos de, também, construir o que chamou de “novo hospital” junto à estrutura física do atual HDJB, na área onde atualmente está o prédio que serve como residência às irmãs do Imaculado Coração de Maria, congregação religiosa que era mantenedora da instituição até 31 de julho do ano passado. Balparda não falou em número de novos leitos, alegando que o projeto executivo ainda está em elaboração.
Nem arriscou falar em valores a serem investidos ou quando a obra começa e quando deve terminar.
Quanto aos serviços não-SUS, prestados a pacientes que chegam ao hospital através de planos de saúde ou com custeio particular, disse que trata-se de um setor importante porque representa o contraponto financeiro necessário para equilibrar as contas já que a tabela de remuneração do Sistema Único de Saúde (SUS) é deficitária há muito tempo.
Há planos para ampliar estes serviços não-SUS, e um deles é o Centro de Especialidades Múltiplas, forma que permitirá à instituição fazer caixa para o custeio dos investimentos que vem planejando para melhorar e oferecer mais atendimentos aos pacientes que chegam ao Dom João Becker pelo Sistema Único de Saúde. Balparda não entrou em detalhes dizendo apenas que “alternativas estão sendo estudadas e em breve vão ser anunciadas”.
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