O vereador Thiago De Leon (PDT), eleito com a promessa de doar metade do salário líquido para escolas públicas, cumpriu os primeiros 12 meses de 2021 e, na véspera do Natal, adiantou o repasse de 2022 a 9 escolas. Reputo sai algo além de caridade desse gorro de Papai Noel do político.
Antes vamos às informações.
Neste ano, De Leon doou R$ 43 mil e está adiantando R$ 32 mil até setembro. No total a promessa de campanha do vereador de primeiro mandato já custou R$ 75 mil. Ele usa como referência o salário líquido ao entregar a cada escola R$ 3,5 mil.
Já receberam o adiantamento as escolas Carlos Bina, José Maurício, Estado de São Paulo, Sônia Paim, Frei Velloso, Heitor Villa-Lobos, Padre Nunes, CIEP e Josefina Becker – todas estaduais.
– A verba repassada pelo governo do Estado é pequena e neste ano vi a urgência das escolas. Por isso resolvi adiantar os repasses – explica De Leon, ao entregar os cheques simbólicos às escolas, em vídeo postado em seu perfil no Facebook, que você assiste clicando aqui.
Ao fim, não creio ser só esse o motivo.
Percebam que De Leon adianta os repasses justamente até o setembro, mês anterior à eleição de 22. Parece-me que prepara uma candidatura a deputado estadual e teme ser alvo de denúncias de impugnação no ano eleitoral sob acusação de suposta compra de votos.
Não dá para esquecer de lembrar que, mesmo com todo desgaste que antecipei em E a Câmara de Gravataí institucionalizou o palanque para ’candidatos de estimação’; Resta homenageado constrangido, concedeu o título de cidadão de Gravataí para Afonso Motta, deputado federal com o qual deve fazer dobradinha e por Gravataí mais passou indo para a praia pela Freeway.
De Leon reluta em se colocar publicamente como candidato, talvez por fazer parte de uma geração que pouco permite aos políticos algo além da presunção de culpa, mas seus movimentos o colocam nas urnas em 2022, nem que seja a partir de uma negociação para ajudar Afonso Motta a fazer votos em Gravataí.
Não acredito ser por menos que De Leon, estrategicamente, escolhe escolas estaduais para fazer as doações. Onde tem ensino médio, tem eleitor.
Sobre o ato de doação, já escrevi em Vereador de Gravataí doar salário é bom para escolas e ruim para política, artigo no qual também incluo o vice-prefeito, Dr. Levi (Republicanos), que doa todo seu salário em compras para o Banco de Alimentos.
Entendo que De Leon doar parte do salário é bom para as escolas públicas de Gravataí, não para a política.
Sei é opinião impopular, mas não é crítica pela crítica. Ou nunca passou pela sua timeline, no Grande Tribunal das Redes Sociais, uma petição para políticos receberem salário mínimo, ou nem ter remuneração?
Reputo não ser papel de vereador fazer doações, mesmo que para instituições públicas. Fiscalizar e legislar é a obrigação, o que, registre-se, De Leon também faz – e bem para um estreante de 26 anos.
Mas eliminar a remuneração dos políticos, ou exigir pela pressão na campanha eleitoral que candidatos se comprometam a doar parte dos vencimentos, afasta da política quem não tem condições financeiras de se manter sem o salário.
Uma política só das elites não faz bem à democracia.
Aí, se aplaudo De Leon por, já que decidiu doar parte do salário, ter escolhido escolas públicas, em vez de comprar uniformes para clubes de futebol ou distribuir dinheiro para eleitores, também critico por colaborar, intencionalmente ou não, com a antipolítica.
Professor universitário, De Leon pode repassar metade do salário e sobreviver bem. Assim como o conceituado médico Dr. Levi. Os dois moram na Paragem Verdes Campos, um dos condomínios nobres de Gravataí.
Não é justo exigir o mesmo de um político da periferia.
É um erro que boas ações – e ações políticas, queiram ou não – como as de De Leon e Dr. Levi induzem o eleitor.
De Leon, possivelmente, mais uma vez ano que vem, aí prometendo doar o salário de deputado.