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O que vai acontecer com o Shopping Gravataí

Sob administração judicial da Pró-Overseas, expectativa é que a situação do Shopping Gravataí melhore para lojistas e consumidores

O Seguinte: subiu na tarde de hoje os 18 degraus que separam o piso – onde estão as lojas, quiosques, praça de alimentação e cinema do Shopping Gravataí – e a administração do empreendimento. É a primeira matéria com os representantes da administradora judicial do complexo (a Pró-Overseas) Eduardo Oltramari e Sílvia Rachewsky Lemos.

 

A executiva Sílvia Rachewsky Lemos assumiu, há exatos 10 dias, uma missão que para outros seria espinhosa, mas para ela é um “gratificante desafio”: fazer o Shopping Gravataí voltar aos eixos e, mais do que isso, transformar o empreendimento em um dos mais importantes shopping centers da Região Metropolitana.

Hoje à tarde ela recebeu o Seguinte: em uma franciscana e pequena sala de reuniões na área de administração do complexo lojista, para dizer que já gastou o solado de um par de sapatos percorrendo todos os espaços – lojas, estacionamento, administração, banheiros…! – para se inteirar de todos os detalhes.

Ela não fala em números. E diz que o que passou, passou. Agora é bola pra frente, pensar no futuro de modo positivo, arregaçar as mangas e gastar muitas solas de sapatos, se preciso for, para que o Shopping Gravataí venha a ser um movimentado centro comercial, referência para os consumidores, e satisfaça a necessidade de pelo menos três partes diretamente interessadas:

A comunidade, que é quem faz as compras e consome o shopping.

Os lojistas, que são os que vendem e os verdadeiros ‘donos’ do shopping.

E a administração do shopping, comprovando a expertise conquistada enquanto gestores de empreendimentos similares em São Paulo, Rio de Janeiro e em outras cidades do interior gaúcho, como Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves e Xangri-Lá.

Mas principalmente em Porto Alegre onde o executivo Eduardo Oltramari – como superintendente – administra o Shopping Total, inaugurado em 2003, através da empresa Pró-Overseas Consultores Associados.

 

Oltramari expertise

 

O próprio superintendende do Total, Eduardo Oltramari, também conversou nesta tarde com o Seguinte: quando disse que a configuração de gestão do Shopping Gravataí é de administração judicial. A indicação foi da Apice Fundo de Investimentos que é uma das financiadoras do M.Grupo, empresa que construiu o shopping e deixou inacabadas torres residenciais e comerciais no entorno do complexo.

— A Apice fez contato com a Overseas considerando nossa expertise em gestão de shopping centers, e a Justiça acatou, designando judicialmente para que façamos uma administração transitória — disse Oltramari.

A administração definitiva pela Pró-Overseas não tem data para acontecer, mas deve se dar tão logo estejam consolidados e equacionados os problemas pendentes que envolvem o Condomínio Shopping Gravataí, inaugurado em novembro de 2012 e que recentemente enfrentou sua pior crise, inclusive com a suspensão do fornecimento de energia elétrica por falta de pagamento.

 

Varejo nas veias

 

A nova superintendente, Sílvia Rachewsky, tem know how adquirido pelo trabalho realizado desde antes da inauguração do Total, onde entrou em 2002 para coordenar a comercialização dos espaços – hoje são mais de 500 lojas e a locação inicial se deu em tempo recorde, em menos de um ano – e onde foi gerente de marketing e comercial.

Com experiência em meios de comunicação e publicidade e propaganda, Sílvia tem o comércio varejista ‘correndo nas veias’. Seu pai, Marcos Rachewsky, fundou em 1958 e foi dono da rede de lojas Soberana dos Móveis, que chegou a ter 26 filiais no estado e fechou as portas em 1990.

A executiva contratada – definição de Eduardo Oltramari – está tratando diretamente com os lojistas da definição de ações e estratégias para, literalmente, segundo ela, “dar um banho de loja” no Shopping Gravataí.

Com cerca de 60% dos aproximadamente 160 espaços disponíveis locados, Sílvia concentra parte do seu esforço na atração de novos players de mercado, que são as empresas de ponta, aquelas que atraem público, principalmente consumidores.

— O mais importante neste primeiro momento é a relação com o lojista. Nosso cliente número um é o lojista e, hoje, os nossos clientes estão necessitando de carinho, e nesse momento mais do que nunca precisa de carinho — disse.

 

Atrair consumidores

 

Sílvia mede as palavras. Evita aquelas que podem provocar, digamos, um mal estar nas relações entre os condôminos e a empresa gestora que representa, principalmente por que a administração é judicial. Mas garante que, passada esta fase, a relação administração-lojista vai ficar melhor ainda, e vai ser desencadeada uma série de ações visando atrair os consumidores.

Mesmo assim admite alguns dos problemas do passado.

— O que havia aqui era um problema que mais parece ser de gestão. Tanto que ocorreu o problema da falta de energia. Os condôminos não tinham o apoio necessário e não havia ações de marketing — citou.

A superintendente se nega taxativamente a analisar o que aconteceu entre novembro de 2013 e o começo deste ano. Mas fala sobre o que se propõe a fazer e que está implementando desde que assumiu o cargo no dia 13 deste mês, utilizando repetidas vezes e à exaustão a palavra gestão.

— Eu vou dizer o que precisa para o shopping: gestão! Simplesmente gestão. É o que estamos começando a fazer, gestão. O primeiro trabalho é para os lojistas que já estão aqui, que são guerreiros por isso e que não vão abandonar agora que as coisas vão melhorar. O que precisa é um choque de gestão, é isso — diz Sílvia Rachewsky.

 

: Decoração de Páscoa na área de eventos do Shopping Gravataí é local para selfie das meninas

 

Falta de luz

 

A alegada inadimplência que teria provocado o corte no fornecimento de energia pela concessionária Rio Grande Energia (RGE) não é tema na pauta de Sílvia Rachewsky.

— O que aconteceu antes não é da minha competência comentar. Não sei o que houve. Sei o que estamos fazendo que é a negociação com todos os lojistas. Não podemos correr riscos, e não há chance de acontecer, por exemplo, uma nova crise de energia. De forma alguma! — sentencia.

Quando assumiu a administração judicial, a Pró-Overseas fez o pagamento de um valor que ela não revela, fruto de um acordo estabelecido na Justiça e que assegurou a retomada do fornecimento da energia ao complexo.

A grosso modo, no jeito popular de falar, foi como se houvesse a troca da titularidade do consumidor. Se há dívida do consumidor anterior, é uma questão a ser acertada entre ele e a companhia, foi o que ela explicou.

 

E daqui para a frente

 

O que passa pela cabeça da Sílvia sobre o futuro do Shopping Gravataí?

— Olha, esse é um grande desafio! Primeiro porque Gravataí é o terceiro PIB do estado, e aqui tem uma diversidade muito grande sob os aspectos cultural, econômico, tem um potencial enorme que precisa ser trabalhado. E essa diversidade é que precisa ser buscada.

A superintendente garante que não há, para determinar um case de sucesso, que se distinguir consumidores por classe social-econômica.

— No Total as pessoas me perguntavam se é um shopping classe A, B, C ou D. Não, o shopping é voltado para o alfabeto que compõe a população, do A ao Z, sem distinção por poder econômico ou situação cultural.

 

Troca de nome

 

Uma equipe já está trabalhando com sugestões buscando definir uma nova logomarca e nome para o Shopping Gravataí. Segundo Eduardo Oltramari, da Pró-Overseas e superintendente do Total, o que está certo é que deve ser mantida a palavra Gravataí na nomenclatura do estabelecimento.

Sílvia Rachewsky disse que são várias as sugestões, mas que ainda não está nada definido até porque tudo vai depender do que for determinado na esfera judicial. Só depois é que vai ser feita qualquer alteração, e comunicada ao público, segundo a superintendente.

 

O shopping pode fechar?

 

— Não. Dependendo da gente e da Overseas, não há esta possibilidade.

 

Quando acaba a intervenção judicial?

 

— O prazo é de 90 dias. Termina em maio, só não recordo a data exata.

 

Quantos funcionários têm o Shopping Gravataí?

 

— Entre 60 ou 70 funcionários. Sem contar os das lojas, da praça de alimentação… Esse número é só da administração, manutenção e segurança.

 

Encerrada a entrevista, vamos às fotos Sílvia?

 

— Não. Enquanto a questão estiver sob júdice prefiro não aparecer. Fotografa a vontade o shopping e depois, dependendo do que ficar definido, vou estar sempre à disposição para entrevistas e fotografias.

 

Então, muito obrigado!

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