RAFAEL MARTINELLI

O ‘se’ e o ‘quando’ Zaffa vai ‘demitir’ MDB de Marco Alba do governo; Alice Através do Espelho e a III Guerra Política de Gravataí

Zaffa nos Açores com presidente e o vice-presidente da Câmara de Horta, Carlos Manuel da Silveira Ferreira e Carlos Cruz Medeiros Morais

Reina como principal expectativa na volta de Luiz Zaffalon dos Açores, Portugal, neste sábado, não se, mas quando o prefeito vai ‘demitir’ o MDB do governo.

Sim, porque por mais que tanto Zaffa, quanto seu ‘Grande Eleitor’ de 2020, Marco Alba – e os principais assessores e fãs dos dois – tentem aparentar normalidade, resta deflagrada a III Guerra Política de Gravataí, pós Abílio x Oliveiras, Bordignon x Stasinski.

É uma obviedade da política que, para viabilizar seu desejo de concorrer à reeleição, o prefeito precisa reafirmar o governo como seu, mostra-se em algo diferente de Marco Alba e não mais sequestrado politicamente por seu partido por 39 anos – que na desfiliação disse ter “dono”, e recebeu como resposta, em nota do partido, que foi transformado de “ilustre desconhecido” em prefeito da quarta economia gaúcha; reportei e analisei em artigos como Declarada III Guerra Política de Gravataí: Zaffa vai sair do MDB para enfrentar Marco Alba; Bem-vindo à política, prefeito! e Bomba em Gravataí! Nota do MDB é um aceite da guerra entre Zaffa e Marco Alba e III Guerra Política de Gravataí: o que diz Zaffa sobre a nota do MDB e sua desfiliação.

O dilema de Zaffa – que até o rompimento podia passar incólume à planície da política, enquanto (e não é pouca coisa, saibam ler) administrava mais de R$ 200 milhões em obras – é ter que experimentar o “bem-vindo à política”, que dediquei na manchete do artigo acima.

Se mantiver as indicações do MDB e uma base de governo devotadas a Marco Alba, começará o plano da reeleição tardiamente; apenas a partir de março, quando candidatos e partidos precisam definir seus rumos conforme a lei eleitoral.

Porém, se ‘demitir’ o partido e, consequentemente, apartar-se efinitivamente de seu ‘Grande Eleitor’ em 2020, corre o risco de ser visto como traidor; e, já ensinava Brizola, a política ama a traição, mas odeia os traidores.

Terá Zaffa que explicar seus passos à sociedade com clareza. O que, sincericída que é, pode, ao menos em um primeiro momento, até aprofundar a crise política, porque terá que criticar os demissionários.

Caso decida por antecipar em 9 meses o rompimento com o MDB, Zaffa terá um segundo momento do “bem-vindo à política!”: a reconstrução de uma maioria na Câmara, ou seja, no mínimo, 11 vereadores – em outro artigo volto a isso –, além de montar uma coligação para a reeleição.

Ao fim, na volta da Europa resta Zaffa frente a um se e um quando, entre dois clássicos, ‘Alice no País das Maravilhas’ e o mundo invertido de ‘Alice Através do Espelho’.

Não faltam alices e rainhas, vermelhas ou brancas, dizendo a ele: “O tempo e a maré não esperam por ninguém, Sr. Harcourt!”.


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