eleições 2016

O toco y me voy para ser vice de Marco

Da esquerda para direita, Beto Pereira, Francisco Pinho, Marco Alba e Fred Pinho na Prefeitura

Na série Pulando a janela de hoje, o SEGUINTE: conta como as trocas de partido levaram o grupo de Francisco Pinho a indicar Beto Pereira para vice de Marco Alba. Conheça também outros nomes especulados para compor chapa com o prefeito. Ou mesmo se afastar dele.

 

– Quem pede tem preferência, quem se desloca recebe.

A célebre frase do roupeiro e massagista Antonio Franco de Oliveira, mais conhecido como Neném Prancha, o ‘Filósofo do Futebol’ nas palavras do jornalista Armando Nogueira, não é garantia de vitória nem nos gramados, nem na política.

Principalmente quando o toco y me voy não envolve nenhum Messi, na bola, ou um campeão de votos, na urna.

É mais ou menos o caso da escolha do vice de Marco Alba (PMDB) para as eleições de outubro deste ano.

Não há um nome incontestável para seleção.

 

Prefeito acha cedo

 

– É cedo – despistou o prefeito, numa conversa informal em meio a entrevista para o SEGUINTE: publicada dia 8 e que você pode ler aqui.

Neste ano, as convenções para a escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre coligações ocorrem de 20 de julho a 5 de agosto. Os pedidos de registro de candidaturas, até às 19h do dia 15 de agosto.

 

Sob influência de Pinho

 

Mesmo aparentando estar alheio às negociações, Marco confirmou que sabe do movimento para manter a indicação do vice sob a influência do atual ocupante do cargo, Francisco Pinho, que não pode concorrer por estar no segundo mandato na função.

E o nome é o de Beto Pereira, o ‘Beto da TPL’, penúltimo vereador a entrar na última legislatura, com 988 votos.

 

A saída de Pinho do DEM

 

A história começa em 2014, com a eleição de Evandro Soares para Presidência da Câmara pelo DEM, em um acordo aceito a contragosto por Pinho, que queria o filho, Fred, no cargo.

– O aval do Onyx Lorenzoni (presidente estadual do partido) para a indicação do Evandro, pelo critério de ter sido o mais votado, foi o início do fim para a família Pinho no DEM – conta uma fonte do partido.

 

Gente demais

 

Francisco Pinho primeiro foi para o PSD, onde no ano passado chegou a filiar pré-candidatos a vereador que mantém em seu entorno.

– Ele não sabia que os vereadores Alemão da Kipão e Dilamar Soares entrariam no partido e já articulavam com a cúpula, com o vice-governador José Cairoli e com o deputado federal Danrlei de Deus. Quando soube, Pinho tentou vetar e não levou. Aquilo não serviu para ele, que saiu sem nem bem ter entrado – conta uma fonte do PSD.

 

Chefe dos tucanos

 

Habilidoso e matreiro, Pinho buscava um espaço para ser o chefe da passarinhada. E tirou o PSDB da gaiola, engordando o partido com seus pré-candidatos a vereador e dando aos tucanos o peso de uma bancada com dois vereadores: sua cria, Fred, e o vereador Beto Pereira, eleito pelo PP.

 

Aqui, ali e lá

 

Sempre olhando na frente, Pinho mexe as peças para que Fred seja reeleito vereador, Beto indicado vice de Marco Alba e ele próprio seja o candidato a deputado estadual em 2020.

 

Os nanicos no negócio

 

Para aumentar o tamanho do grupo que orbita em torno dele, Pinho também alimentou dois partidos dos chamados nanicos, o PEN e o PTN, para usar nas negociações do vice.

Pinho já conversa, ou conversam em nome dele Fred e Beto, com os vereadores Roberto Andrade (PP), Tanrac Saldanha (PRB) e Maribel Wagner (Rede).

Os três enfrentam dificuldades em construir em seus partidos nominatas fortes que lhes garantam pelo menos a própria reeleição.

Pinho oferece coligações com PTN e PEN, em troca do apoio a indicação de Beto a vice.

 

Beto é pra valer

 

Aos 64 anos, Beto Pereira não brinca de tentar ser vice. Em entrevista para o SEGUINTE:, anunciou que não concorre a vereador e já lançou à Câmara o assessor Paulo Roberto Cardoso.

– Somos o grupo mais forte, com mais de 120 pré-candidatos a vereadores, que nas eleições são um exército na rua – observa o colecionador de Fuscas, que apresenta como credenciais uma bem sucedida carreira de 30 décadas como empresário dos transportes e a participação como linha de frente na instalação em Gravataí de uma escola para dois mil alunos da Rede São Francisco.

 

Sem treino secreto

 

Se Marco Alba acha cedo, Beto acha que já é hora de uma definição.

– Com as novas regras eleitorais, o período de campanha ficou curtíssimo. Não podemos ter uma definição somente a dois meses da eleição – argumenta.

O vereador gostaria de uma decisão nos próximos 10 dias.

– Vejo o exemplo das candidaturas do Dr. Levi e do Kipão. As pessoas começam a conhecer e ver o entrosamento da chapa.

– A torcida gosta de saber o time que vai jogar – conclui Beto.

 

1 + 1 = 2

 

– O PMDB vai dar nominata para o Tanrac, para o Robertinho e para a Maribel? Nós temos a solução – resume Fred, tão ligeiro como o pai no raciocínio da política de bastidores.

– Temos um bom nome e um bloco forte em construção.

 

Homens que dizem não

 

Outros dois nomes sempre especulados são de Nadir Rocha e Paulinho da Farmácia, ambos do PMDB.

Campeão de votos, Nadir (3.500) é da região da Morada do Vale, e poderia fazer frente às candidaturas adversárias dos vizinhos de bairro Anabel Lorenzi (PSB) a prefeita, Alemão da Kipão (PSD) a vice de Levi Melo (PSD), e Alex Peixe (PDT) a vice de Daniel Bordignon (PT).

– Não há a mínima possibilidade – encerra o assunto Nadir, ouvido pelo SEGUINTE:

– Sou candidato a vereador. E ponto.

O ‘cara’ de Sérgio Zambiasi, Paulinho foi eleito já na primeira eleição, com 2.146 votos, e dois anos depois, recebia 13.228 votos numa candidatura a deputado estadual. Como Nadir, ele também não quer ser vice.

– Quero crescer na política, mas não é minha hora para ser vice, é hora para buscar uma reeleição como vereador – diz.

 

Uma mulher

 

Também é comentado no meio governista o nome de uma mulher, a vereadora Maribel, que após trocar o PCdoB pela Rede, sem uma boa coligação terá uma difícil caminhada para a reeleição.

 

Temporada de traições

 

No elevador privativo dos vereadores, por trás das divisórias dos gabinetes, ou no fumódromo do terraço da Câmara, observando o campo do Cerâmica, há outras bolsas informais de apostas.

Uma delas leva em conta a possibilidade da candidatura de Beto a vice ser colocada na geladeira pelo prefeito e os partidos da base e gerar uma crise entre os governistas.

– Se isso acontecer pode escrever: o Pinho e sua federação de partidos abrem conversa com a Anabel e, não duvide, até com o Bordignon – arrisca um vereador da oposição.

Em outro cenário, suspeita-se que o PV dos vereadores Márcio Souza e Gerson Rovisco possa deixar a base de Marco para apoiar Dr. Levi, como fez em 2012, trocando o PMDB por Anabel.

– Vai atrás. Essa conversa já existe – garante um vereador da base do governo, interessadíssimo no espaço que se abriria.

 

José Loureiro, 2597

 

A única certeza sobre o vice de Marco é que não há espaço, pelo menos no momento, para uma ‘contratação do exterior’, um nome alheio à planície da política da aldeia.

Se a escolha fosse hoje, o nome viria da Câmara.

 

 

 

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