Há uma semana, antes de embarcar para a Alemanha, o governador deu um ultimato aos prefeitos dos nove municípios da Região Metropolitana onde a Corsan quer fazer negócio com a iniciativa privada para até 2029 tratar a água, esgoto e recuperação do Rio Gravataí.
– Estamos embrulhados na PPP – disse José Ivo Sartori, sobre a Parceria Público Privada de R$ 2,3 bilhões, onde R$ 1,8 bilhão viria da iniciativa privada e outro meio bilhão da estatal.
– Queremos fazer, mas não conseguimos. Se na semana que vem não estiver resolvido esse problema, a PPP vai ser feita pela Corsan com quem quiser fazer. Quem não quiser fazer, fique fora. Pronto. O resto vamos tocar para frente – advertiu o gringo, concluindo:
– Chega de conversa fiada. Todo mundo precisa de alguma coisa. Agora tem coisas que não podem ficar paradas seis, sete ou oito meses por causa do tal diálogo e entendimento. Governar é contrariar interesses.
A semana que vem que Sartori falou começou nesta segunda com uma certeza: Gravataí não vai aderir à PPP.
– Vamos abrir a concessão por 35 anos para que todas as pessoas tenham água tratada (em 5 anos), esgoto tratado (em 10 anos) e o Rio Gravataí esteja despoluído (em 15 anos). Se a Corsan, que presta um péssimo serviço, quiser participar da licitação, participe – disse o prefeito Marco Alba, para a centena de participantes da reunião da Gestão Participativa na Associação de Moradores da Cohab A que o Seguinte: acompanhou de 19h30 às 23h.
– Já ofereceram vantagens para o município assinar, mas como vamos acreditar que a Corsan fará para os nove municípios o que não fez em 40 anos? Fui gestor lá e sei que não tem como – contou o prefeito da 'capital da falta de água', lembrando sua passagem entre 2008 e 2010 como secretário de Saneamento do governo Yeda Crusius, onde tinha como presidente da companhia Luiz Zaffalon, hoje secretário de Projetos Especiais em Gravataí.
– Queremos independência. Querem nos amarrar a um sistema onde a captação de água será feita no Guaíba, para ficarmos eternamente reféns enquanto o Gravataí continua como o terceiro rio mais poluído do país. Sem resolver isso, como a cidade vai crescer?
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Integrante do mesmo PMDB de Sartori, a quem inclusive lançou a reeleição no último Almoçando com a Acigra, Marco é hoje o principal entrave político para a PPP. Só atrás de Canoas, Gravataí é uma das ‘jóias da coroa’ – o segundo maior município entre os nove, onde estão também Cachoeirinha, Viamão, Alvorada, Esteio, Sapucaia do Sul, Guaíba e Eldorado do Sul.
Sem Gravataí, a PPP arrisca virar o de sempre, uma PP, parceria onde o público entra com o grosso do dinheiro e o privado fatura.
A PPP é tema daqui a pouco em reunião do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, na Câmara de Santo Antônio da Patrulha.
A GIGANTE DA PPP
Clique aqui para ler reportagem publicada em 14 de julho o Seguinte: revelou com exclusividade o interesse do governo Sartori na PPP e inclusive antecipou qual a gigante ambiental interessada no negócio bilionário. O rompimento pela Prefeitura acabou adiado para readequar o Plano de Saneamento Municipal para uma concessão que era prevista para 20 anos e será ampliada para 35.
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