A Polícia Civil cumpriu nesta terça-feira (29) o oitavo mandado de prisão preventiva contra um homem de 36 anos que é considerado o maior predador sexual da história do Rio Grande do Sul. O acusado foi preso pela primeira vez em 21 de janeiro e acumula mais de 60 inquéritos e 217 vítimas identificadas em oito estados brasileiros. A investigação, que começou com a descoberta de 750 pastas de pornografia infantil em seus dispositivos eletrônicos, revelou uma teia de crimes que abrange abusos físicos, virtuais e chantagens sistemáticas.
A nova vítima que motivou o oitavo mandado é uma jovem de 19 anos, que denuncia ter sido abusada desde os seis anos de idade, quando era sua aluna em um projeto social em Taquara. Segundo o delegado Valeriano Garcia Neto, titular da Delegacia local, o criminoso aproveitava a confiança das crianças para cometer violações durante as aulas. “Ele passava as mãos nas regiões íntimas das vítimas, explorando sua ingenuidade”, relatou o delegado.
Paralelamente, conforme as investigações, o suspeito operava na esfera digital: criava perfis falsos em redes sociais para se passar por uma menina e extorquir imagens íntimas. Às vítimas que já havia abusado fisicamente, ele as ameaçava com a divulgação do material se não enviassem mais conteúdo.
Uma força-tarefa dedicada exclusivamente ao caso foi montada na Delegacia de Taquara. Até agora, 60 inquéritos foram encaminhados ao Judiciário, mas as investigações seguem em ritmo acelerado. As 217 vítimas identificadas estão distribuídas em estados como São Paulo, Bahia e Paraná, entre outros, indicando que os crimes transcendiam fronteiras gaúchas.
O caso impulsionou avanços no combate à pedofilia no estado. Seu material genético será o primeiro a integrar a base de dados do NUCOPE (Núcleo de Combate à Pedofilia e ao Abuso Infantojuvenil), lançado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP). O núcleo atuará em três frentes: Informática Forense, Genética Forense e Perícias Psíquicas, agilizando a identificação de criminosos e o cruzamento de dados.
A defesa e os desafios processuais
Em nota, a defesa afirmou não ter acesso a todos os autos do caso e destacou “dificuldades significativas no exercício do contraditório”. A defesa ressaltou, porém, que “não desconhece a gravidade dos fatos” e busca “soluções em conjunto com o Judiciário” para garantir o devido processo legal.
O delegado Garcia Neto reforça o apelo para que novas vítimas entrem em contato com a Delegacia de Taquara pelo telefone (51) 9.8443-3481. “Cada depoimento é crucial para a justiça”, enfatiza. Com a investigação em andamento, a expectativa é que os números de inquéritos e vítimas ainda aumentem.
O suspeito está preso na Penitenciária de Canoas.