crise do coronavírus

Onde é difícil tratar piolhos e tapar buracos no telhado, volta às aulas é tragédia; Obrigado Miki, socorro Marco Alba! Façam greve, alunos

Aulas estão suspensas desde março | Foto AGÊNCIA BRASIL

Insisto. Como fez na rede municipal, Marco Alba (MDB) deveria decretar a proibição da volta às aulas presenciais também na rede estadual de Gravataí, já que o governador Eduardo Leite (PSDB) confirma o retorno nesta terça.

O prefeito pode, sim, a aproveitar as controvérsias sobre a decisão do Supremo que garante autonomia para os municípios serem mais – e nunca menos – restritivos em medidas sanitárias durante a pandemia.

Miki Breier (PSB), cujo partido é base do governo Eduardo Leite (PSDB), assim fez em Cachoeirinha. A Famurs, que é a associação dos municípios gaúchos, recomenda isso aos prefeitos. No Rio Grande do Sul, 112 prefeituras não cederam à chantagem do governo, que condicionou a volta às aulas a reabertura de atividades econômicas dew lazer e entretenimento.

Em live sexta, na qual anunciou novo decreto que flexibiliza mais atividades econômicas e confirmou que na rede municipal as aulas presenciais não voltam até o fim deste ano letivo, dia 17 de dezembro, Marco Alba reafirmou que a decisão sobre a rede estadual é do governador. Em Gravataí, aulas presenciais só em escolas particulares. O ensino infantil já tem mais de uma dezena de escolas com planos de contingência aprovados pelo Centro de Operações Emergenciais (COE) da Prefeitura.

Como tratei há duas semanas em Marco Alba, enfrente Eduardo Leite e proíba aulas em Gravataí!; a política da morte do governador, sei que é injusto cobrar o prefeito, mas Marco Alba, o Ministério Público e a Justiça são a última esperança para milhares de munícipes, entre alunos, famílias, professores e funcionários de escolas, que servirão como cobaias para uma política de morte do governador.

A volta às aulas em escolas infantis particulares e, portanto, potencialmente com mais recursos financeiros para cumprir os protocolos sanitários, já serve de alerta. Em Porto Alegre 7 casos do novo coronavírus foram identificados em 6 escolas nos primeiros 10 dias de abertura. Não foi divulgado se infectados foram crianças, professores, funcionários ou familiares.

Insisto no exemplo das duas escolas estaduais mais tradicionais de Gravataí, o Tuiuti e o Barbosa Rodrigues. Estão caindo aos pedaços. As promessas do governo se renovam, assim como buracos no teto, o piso solto e a fiação em curto circuito. Só na base da rifa não se reforma estruturas sem condições mínimas há mais de uma década, não se compram EPIs, os equipamentos de proteção individual, e nem se aplicam testes para detectar a COVID-19.

Pesquisa realizada pelo CPERS com apoio técnico do Dieese demonstrou que “92% das escolas não têm recursos suficientes para investir na estrutura e EPIs adequados, 81% não dispõem de profissionais de limpeza para realizar a higienização necessária e 70% sofrem, mesmo em tempos de normalidade, com atrasos no repasse de verbas por parte do Estado”.

O mesmo levantamento aponta que, “durante o período de plantão presencial, com fluxo reduzido, mais de 140 escolas já foram contaminadas com a Covid-19. Não à toa, a ampla maioria dos educadores(as), pais e estudantes – 86% – não acredita que é possível retomar as aulas sem vacina”.

Dos Grandes Lances dos Piores Momentos, ou melhor: trágicos momentos, é o Termo de Conformidade Sanitária apresentado pelo Governo do Estado exigir que equipes diretivas, e não sanitárias, atestem que as escolas têm condições de retomar as aulas presenciais.

Ao fim, insisto na sugestão que fiz no artigo anterior: “Governador, os salões do Palácio Piratini são inspirados no Palácio de Versalhes, mas o Rio Grande do Sul não é a França. Não precisa ir a Pelotas. Convide seus burocratas e visite o Tuiuti e o Barbosa. O Haiti é aqui. Duvido o senhor não recue dessa política de morte”.

Onde há dificuldade para tratar de piolhos, e tapar buracos no telhado, voltar às aulas é risco de uma tragédia. Como não é obrigação dos alunos irem às aulas, que tal uma ‘greve de presença’ para salvar os professores?

 

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