política

Onde esteja a bunda, Gravataí perde 18 milhões em 2021; a ’GMdependência’

Quase metade da arrecadação de Gravataí vem do retorno de impostos da GM

Se há uma ‘lei da gravidade’ aplicada aos políticos é que “as boas intenções políticas diminuem na razão direta da aproximação do dia da posse”. Sabia o leitor que uma conta milionária chega para Gravataí no ano que vem, parte dessa dificuldade de candidatos dizerem não, e dos eleitores não pedirem para só ouvir sim?

Na campanha de 2018 Eduardo Leite (PSDB) usou a alegoria de que bastava ao então governador José Ivo Sartori (MDB) “tirar a bunda da cadeira” que a crise do Estado estaria resolvida.

O Leite de campanha era quente.

Seria possível pagar os salários do funcionalismo em dia, ajustando o fluxo de caixa e, em um ambicioso projeto, seria possível tributar mais a propriedade e menos o consumo e a produção.

Dois anos depois, o chá gelou.

A reforma tributária resta sepultada. E, depois de dois anos contando com a Assembleia Legislativa para prorrogar as alíquotas de ICMS, o governo ficou sem saída, por refém do discurso de campanha desconectado da realidade da crise. Leite não vai dar o ‘tarifaço’ de Sartori em 2015 e a conta chegará para as prefeituras em 2021.

Para Gravataí é um desastre.

Explico.

Se a perda geral para os municípios gaúchos já está estimada em R$ 857 milhões Projeto de Lei Orçamentária do Rio Grande do Sul para 2021, o rombo em Gravataí será de R$ 18 milhões. São 3 pontes do Parque dos Anjos, para usar como símbolo uma obra esperada por décadas e entregue pelo governo Marco Alba em 2019.

O momento não poderia ser pior. A estimativa de perdas para este ano com o ‘contágio econômico’ da pandemia do novo coronavírus é próximo aos R$ 100 milhões. E o cenário não só pode, como deve piorar em 2022. É que os reflexos do (não) retorno dos impostos gerados pela GM serão sentidos daqui a dois anos.

Os prefeituráveis poderiam falar mais em seus vídeos sobre como vão preparar a cidade para a perda de receita com a montadora na Gravataí que experimenta a ‘GMdependência’ – o que alerto em uma série de artigos nos últimos dois anos desde que surgiram as especulações de que a General Motors poderia deixar a América Latina e, consequentemente, Gravataí.

Quase metade da arrecadação municipal (o orçamento está próximo de R$ 1 bi, sem contar os R$ 3 bilhões produzidos e a empregabilidade que influenciam no PIB, o dinheiro que circula na economia local), advém da arrecadação referente aos impostos gerados pela venda dos carros fabricados no complexo automotivo do Parque dos Anjos.

Somado ao fato de a GM estar por 8 meses em layoff, com a produção parada em Gravataí desde abril, dados da Anfavea, a entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil, alerta que de janeiro a agosto os brasileiros compraram 1,17 milhão de veículos novos, o que representa uma queda de 45% em relação aos oito primeiros meses de 2019.

Caiu quase que pela metade!

É uma advertência tão sincera quanto o medo de que a quarta economia gaúcha, no caso da GM optar por ficar nos EUA ou se mudar da América Latina para a ‘Eurásia’, se transforme em um favelão.

Ao fim, é por isso que em campanhas é preciso cobrar a ausência do “como” quando candidatos, de governo ou oposição, seduzem com o melhor dos mundos, seja no passado, presente ou futuro. Infelizmente, dizer toda a verdade não elege nem a pai, ou mãe, do ano. Não aceitemos, ou peçamos como eleitores, ou filhos mimados, toda a mentira.

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