Casos de crimes sexuais e torturas contra menores chocaram Gravataí e Canoas após a Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrar, na quinta-feira (29), a Operação Fim do Silêncio, mobilizando cerca de 60 agentes da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
O objetivo foi cumprir 15 mandados judiciais — entre prisões preventivas e buscas — em Canoas, Gravataí e Tramandaí, visando desarticular redes de crimes. Até o momento, seis pessoas foram presas, e celulares utilizados nas práticas criminosas foram apreendidos.
Quebrando a cadeia do silêncio
De acordo com o delegado Maurício Barison, a operação tem como foco “desmantelar a principal defesa dos predadores: o silêncio das vítimas”. As investigações, iniciadas meses atrás, revelaram casos estarrecedores de abuso sexual e tortura cometidos por familiares ou pessoas próximas, como pais, avôs e instrutores. “São crimes que ocorrem dentro de lares e espaços que deveriam ser seguros, atravessando todas as classes sociais”, destacou Barison.
As vítimas, com idades entre 4 e 14 anos, sofrem impactos que vão além das agressões físicas. Segundo a DPCA, os danos emocionais incluem ansiedade crônica, isolamento social e, em casos extremos, automutilação e ideação suicida.
Casos chocantes em destaque
A operação investigou oito casos emblemáticos, expondo a crueldade dos crimes:
1. Estância Velha (Canoas): Um homem forçou o próprio filho a abusar do enteado, criança autista de 4 anos (março/2025).
2. Fátima (Canoas): Instrutor de crossfit, 26 anos, importunou aluna de 14 anos e filmou banheiro feminino (abril/2025).
3. São Luís (Canoas): Avô de criação, 43 anos, abusou da neta de 8 anos; avó manteve-se omissa (novembro/2024).
4. Rio Branco (Canoas): Síndico atraiu menina de 8 anos para seu apartamento com doces e a violentou (setembro/2023).
5. Guajuviras (Canoas): Avô, 72 anos, flagrado abusando da neta de 10 anos (abril/2025).
6. Niterói (Canoas): Cinco jovens (9 a 13 anos) foram explorados sexualmente após fugir de abrigo; suspeito teve casa incendiada por moradores (maio/2025).
7. Barro Vermelho (Gravataí): Idoso de 72 anos importunou menina de 7 anos em condomínio (maio/2025).
8. Niterói (Canoas): Adolescente de 12 anos foi torturada e tratada como escrava pela tia-avó (janeiro/2025).
Engajamento social e Maio Laranja
O delegado Cristiano Reschke, diretor da 2ª DP de Canoas, reforçou o simbolismo da operação durante o Maio Laranja, mês de combate à violência sexual infantil: “A responsabilidade pela proteção é de todos. A sociedade precisa ver cada policial como um agente de proteção”. Ele ainda alertou para a obrigação legal de denunciar abusos: “Quem se omite também será responsabilizado”.
A ação se estendeu por diferentes bairros, evidenciando que a violência sexual infantil não respeita fronteiras socioeconômicas.
“Não permitiremos que nossas crianças vivam sob medo”, finalizou Reschke. A operação segue em andamento, com expectativa de novas prisões.
Como denunciar
A Polícia Civil reforça os canais de denúncia anônima:
- Telefone: (51) 3425-9056
- Site: www.pc.rs.gov.br
- WhatsApp: (51) 9 8459-0259