’lava jato viamão’

Operação Pegadas: a política de Viamão pisa em ovos

Ação do Ministério Público na Prefeitura de Viamão | Foto MP

Na manhã seguinte àquela sessão anulada da Câmara que colocou Nadim Harfouche na Prefeitura, em 24 de julho, eu fiz plantão na porta do Gabinete. Além da reportagem do Diário de Viamão/Seguinte:, vereadores, guardas, PMs, assessores, curiosos e puxa-sacos de plantão. Já era meio da manhã, quando ouvimos sirenes no Centro. Ao longe, era possível ver viaturas da Polícia Civil, com suas luzes de alerta ligadas, avançando em velocidade pela Avenida Coronel Marcos de Andrade. O grupo parado em frente ao "Palacinho" silenciou olhando os carros pretos ganhando terreno, até que uma das pessoas gritou: 

– Mas é outra operação?

Os policiais passaram reto, e a frase, então, arrancou gargalhadas. Mas a reação instintiva é o retrato da insegurança jurídica que vive o município. A tal incredulidade com "outra operação" tinha relação direta com as ações do Ministério Público que resultaram no afastamento de André Pacheco (PSD). Era mais que a ferida aberta pela Operação Capital, a "Lava Jato de Viamão", era como se uma nova investida judicial estivesse nas contas de quem acompanha – e faz – a vida política local.

Nesta terça-feira (15) o receio de menos de dois meses atrás virou realidade. Clareava o dia, quando sirenes foram ouvidas, e dessa vez acompanhadas de carros com integrantes da Procuradoria de Prefeitos do MP. Carregavam mandados de busca e apreensão e de prisão. Bateram à porta da Câmara, da Prefeitura e tiraram da cama alguns dos políticos já investigados na "Lava Jato de Viamão".

A segunda fase da Capital é batizada de Operação Pegadas e faz alusão a supostos esquemas de corrupção em compras de pares de tênis entre 2018 e 2019. Parte das mesmas figuras suspeitas de desvio de R$ 10 milhões em contratos de prestação de serviços para Saúde e Obras estão sob os olhares da Procuradoria do MP por realizar aquisição de calçados sem licitação e com preços muito acima do valor de mercado.

A etapa ostensiva desencadeada nesta terça-feira consiste no cumprimento de decisão cautelar proferida pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, e também apura indícios de ilicitude e superfaturamento relacionados à contratação de serviços médicos, inclusive durante o período de pandemia (de outubro de 2019 a junho de 2020). Ou seja, mesmo após a saída de André Pacheco, para o MP, esquemas fraudulentos seguiram curso na Administração Municipal. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 14 milhões. 

A coluna não divulgará os nomes de todos os investigados a que teve acesso, isso porque não conseguiu retorno dos citados ou de suas defesas. Referência apenas ao vereador Sérgio Ângelo, pois sua prisão preventiva nessa manhã foi amplamente divulgada pela mídia estadual. O parlamentar, fora do PV desde junho, foi afastado da Câmara pela Operação Capital e retomou mandato em agosto. 

Não conseguimos contato com a defesa do político.

Importante destacar que as ações de hoje nada têm a ver com Nadim Harfouche (PSL) ou Evandro Rodrigues (DEM). É que a máquina da maldade foi colocada na rua com força, afinal é ano eleitoral. Evandro, inclusive, teve que emitir nota oficial desmentindo boatos.

Em resumo, a política local pisa em ovos. População, suspeitos, até os políticos que não têm nada a ver com as investigações dormem com um olho aberto e outro fechado. Enquanto isso, o nome de Viamão repercute negativamente para o Rio Grande do Sul inteiro.

 

Assista ao vídeo da promotora falando sobre operação

 

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