Operação Academus

Operação que investiga corrupção na Granpal faz buscas em Gravataí, Cachoeirinha e municípios da região; Platão e a ’Lava Jato Viamão’

Busca e apreensão de documentos, equipamentos eletrônicos, entre outros elementos de informação para apurar o delito | Foto PCRS

Gravataí e Cachoeirinha estão na mira da Operação Academus, deflagrada pela Polícia Civil gaúcha, que investiga crimes contra a administração pública e teria como principais alvos políticos de Viamão.

Como apurou o jornalista Cristiano Abreu, do Seguinte:/Diário de Viamão, agentes da 1ª Delegacia de Polícia de Combate à Corrupção (1ª DECOR) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) cumpriram 12 mandados judiciais de busca e apreensão em Gravataí, Cachoeirinha, Viamão, Porto Alegre, Encantado, Esteio e Taquaritinga, interior de São Paulo, entre a tarde de terça-feira e a manhã desta quarta-feira.

Os alvos da operação têm relação com Consórcio da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, a Granpal. A DECOR apura se ocorreu a prática de crimes licitatórios, corrupção, associação e organização criminosa, entre outros, contra a administração pública.

O objetivo do cumprimento dos mandados foi localizar e apreender documentos, equipamentos eletrônicos e outros elementos que comprovem a autoria e a materialidade dos crimes investigados.

Oficialmente, a DECOR não confirma o período em que os crimes teriam sido praticados. Mas o jornalista Cristiano Abreu apurou que se trata do período em que o ex-prefeito André Pacheco (PSD) presidiu a entidade (2018/2019). Além do ex-prefeito, um vereador do município estaria entre os investigados. Dedo Machado (MDB), eleito em 2020, era executivo de Pacheco na entidade, mas a PC ainda não divulga nomes.

Conforme a PC, funcionários da Granpal, juntamente com empresários do ramo moveleiro do interior de São Paulo, agiram para direcionar ao menos dois processos licitatórios com o objetivo de estabelecer uma Ata de Registro de Preço de mobiliário escolar no valor total de R$ 396 milhões.

A partir das informações prestadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE), a maioria dos itens constantes nos editais estava superfaturada.

Mesmo não tendo sido tais mobiliários escolares adquiridos pelos municípios associados no primeiro edital promovido, segundo a PC, o consórcio publicou um segundo edital com o mesmo objeto, beneficiando a mesma empresa moveleira.

Nas duas oportunidades, houve diversas adesões as atas de registro de preço por estados e municípios de outras unidades da Federação.

O Seguinte:/Diário de Viamão tenta contato com os políticos.

 

Sigo eu.

Até o fechamento deste artigo não consegui confirmação da PC sobre a participação de políticos de Gravataí e Cachoeirinha entre investigados da operação, como ocorreu na Chavirer, que tratei em Operação apreende até celular de prefeito de Gravataí; Vão achar um homem honesto.

O foco parece ser mesmo a Viamão do ex-prefeito André Pacheco, investigado por corrupção e, por decisão do Tribunal de Justiça, afastado do cargo entre fevereiro e dezembro de 2020.

Ao fim, se confirmada a participação dos mesmos elementos da ‘Lava Jato Viamão’, o que tratei em artigos como ’Lava Jato de Viamão’ bloqueia 15 milhões em bens de prefeito e réus; leia diálogos, o nome de Operação Academus pode ir além da referência ao semideus grego que deu origem à palavra academia, relacionada com as supostas irregularidades envolvendo contrato de mais de R$ 300 milhões.

Platão ensinava em um jardim de oliveiras consagrado a essa divindade em Atenas. E era contada na República do Pai da Filosofia a história do Anel de Giges, pastor que roubou anel de cadáver, o que lhe garantiu invisibilidade e o fez cometer inúmeras ilicitudes.

A alegoria trazia o questionamento sobre o que seríamos capazes de fazer sem ninguém para olhar os nossos atos. Como bem resume o filósofo João Paulo Lordelo, com Platão observamos uma relação muito interessante entre moral e controle (fiscalização): “em ambientes com intensa reflexão moral, a fiscalização se torna menos necessária. Por outro lado, quanto menor a reflexão moral, maior a necessidade de controle”.

Fiz-me entender?

De qualquer forma, mantenho minha posição de sempre de não garantir aos políticos, e a qualquer pessoa, apenas a presunção de culpa. Aguardemos as investigações de mais uma operação neste ano envolvendo políticos, conduzida pela polícia do secretário de Segurança e vice-governador Ranolfo Vieira Jr.

E, já que falamos em Platão, associo-me a uma de suas frases clássicas: "Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado".

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