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OPINIÃO | A boa ideia da parada gay de Cachoeirinha

A parada gay que a primeira-dama de Cachoeirinha Vanessa Morais organiza é um bom teste a tolerância nestes tempos obscurantistas.

A preparação da Parada Livre foi revelada pela jornalista Diléa Fronza, no Diário de Cachoeirinha.

Logo alguém já vai calcular o gasto com a estrutura pública que será colocada. Seja um, ou alguns reais, e muito não é necessário, é pau certo.

Não importa que no ano passado a cada 19 horas um gay, lésbica, bissexual, travesti ou transexual tenha sido morto em crimes sob suspeita de homofobia.

Incrivelmente, as reações provocadas pelo tema são semelhantes a quando se fala nos negros assassinados a cada 21 minutos no Brasil.

Os monstros todos saem do armário.

Malandramente, um candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, o segundo nas pesquisas atrás de Lula que, presidiário, possivelmente não concorra, não termina uma entrevista sequer sem falar sobre essa sua aparente obsessão, usando o pior do ‘cidadão de bem’ para disseminar o ódio às chamadas pautas identitárias e aos direitos humanos. O que, na involução da espécie facebuquiana, convencionou-se descrever como ‘defender bandido’ – invariavelmente ‘pretos, pobres, jovens e do crime’.

A conta de somar que se cria no imaginário popular é tão simplória quanto a plataforma do presidenciável para as grandes questões do país, como a economia, por exemplo. Algo como: ser ‘defensor’ das causas dos gays ou dos negros é ‘pauta de esquerda’ e, portanto, ruim, coisa de comunista que depois de comer criancinhas enrola um baseadinho.

Se a idéia prosperar e não for deixada para depois pelo provável ‘desgaste nas redes sociais’ em um ano eleitoral, a parada LGBT de Cachoeirinha ajudará bastante ao tratar a questão por um ângulo diferente e, neste momento, talvez necessário, para desarmar os espíritos: o das mães.

Conforme a Diléa apurou, projeta-se trabalhar com depoimentos das famílias de LGBTs, que testemunham o preconceito e a depressão que a homofobia causa em suas crianças.

Por enquanto, parabéns à primeira-dama e ao prefeito Miki Breier pela coragem.

Até porque para esse tema não há habeas corpus preventivo: a condenação é certa pelo Grande Tribunal das Redes Sociais.

 

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