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OPINIÃO | Conta da greve dos caminhoneiros é igual a um mês de repasse ao hospital

Paralisação provocou desabastecimento entre fim de maio e início de junho | Foto GUILHERME KLAMT

A conta da greve dos caminhoneiros chegou para Gravataí.  Menor do que a projeção inicial do governo Marco Alba, mas ainda milionária. De cada 10 reais de ICMS, um real não chegou ao caixa da prefeitura em junho. É coisa de R$ 1,2 milhão, dos R$ 10 milhões que eram previstos.

Para se ter uma ideia, corresponde ao milhão a mais que o governo vai repassar mensalmente ao Dom João Becker, na ampliação do contrato que levou à venda do hospital para a Santa Casa. 

Pessimista, ou cauteloso ao extremo, o secretário da fazenda Davi Severgnini trabalhava com uma redução de até R$ 3 milhões.

Não há um cálculo fechado ainda da perda total na economia de Gravataí. No Rio Grande do Sul, o custo para economia é projetado em R$ 150 milhões. A título de comparação, a arrecadação total do ICMS era estimada em R$ 450 milhões.

A conta é simples: a queda na receita aconteceu porque o repasse para Gravataí e outros municípios é calculado a partir da divisão da arrecadação de impostos. E o país parou por dez dias.

 

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Até a Copa do Mundo atrapalha, ultimamente. O caixa da prefeitura sente o feriadão da economia a cada jogo do Brasil, principalmente na arrecadação do ISS, que é o imposto sobre serviços.

E tem ainda o risco da carambola da GMdependência – que corresponde a quase metade da arrecadação de ICMS do município.

É que se as vendas de automóveis caem no Brasil e a GM bota menos carros nas ruas, gera menos ICMS e faz cair o valor adicionado da indústria da aldeia, refletindo no sobe e desce de Gravataí no ranking do PIB.

E o Complexo da GM também parou a produção durante a greve sob a alegação de que já faltavam peças para as linhas de montagem do Ônix e do Prisma. Oficialmente, a versão é de que a fábrica já programava um layoff (férias coletivas).

A semana sem novos carros sendo produzidos em Gravataí correspondeu a quase 10 mil veículos a menos, ou 12,5% do total de carros que deixaram de ser produzidos no país. Sem falar nos que ficaram parados no pátio, pela impossibilidade de escoar a produção.

O secretário da fazenda evita fazer uma ligação direta:

– Prefiro trabalhar com dados concretos. Esses 10 mil carros que não foram vendidos agora, podem ser vendidos a mais agora. É como os combustíveis, que impactam muito na arrecadação. Quando não tinha na bomba, caiu. Quando voltou, todo mundo encheu o tanque.

Para saber se a parada da GM provocará mais um acidentes nas contas, só daqui a dois anos, quando o reflexo do para e anda da produção da montadora repercute nos repasses para o município.

 

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Poucos sabem, mas uma das coisas que ajudou a não atrasar salários com a redução inesperada dos repasses na primeira semana de junho, além do ajuste fiscal constante que é mantra do governo, foi o aumento na receita de IPTU: 40% em relação a igual período de 2017. É resultado da polêmica atualização de áreas construídas via georreferenciamento.

 

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Ao fim, o locaute, uma greve de patrões, o que é proibido, e foi o que aconteceu no país, muito diferente de uma greve de professores, por exemplo, terminou bem apenas para um setor e para as grandes transportadoras, em um acordo a um custo de R$ 10 bilhões, pago duplamente pelo povo, já que com elevação dos fretes sobe o preço das coisas, além de mais de R$ 100 bilhões perdidos na economia do país.

Sem esquecer de lembrar o milhão que ficou no cheiro em Gravataí.

Da despolitizada pauta do 'contra tudo que está aí', nada estacionou na vida real. Só na contramão, como gasolina mais cara. Até porque, analisando com a cabeça, não com o coração ou o fígado, eram reivindicações que não sairiam das trincheiras da fantasia nem no País dos Soldadinhos de Chumbo.

Muitas delas, pelo extremismo, agradeçamos.

 

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