A estreia da seleção brasileira na Copa da Rússia teve a cara do Brasil do golpeachment, neste 1 a 1 com a Suíça.
Um Brasil do talvez, do quase foi, do poderia ter sido.
Um Brasil brocha, acomodado, de futebol, bandeiras e panelas no armário.
Um gigante que acorda com altas expectativas, mas deixa outra vez para amanhã a volta por cima, seja nos gramados, ou no 7 a 1 de todo dia, onde a economia não se recupera como dizia a propaganda, o desemprego só aumenta e há horas já levantou a placa para a corrupção sair do banco de reservas e retomar sua posição cativa – do ministério às malandragens que ensina o narrador do jogo.
É o Brasil cuja redenção ou expiação de culpas recai no árbitro, e o povão sabe melhor a escalação do Supremo do que de um time que, por sua vez, também vive em outro mundo. Não Brasília, mas Paris ou Barcelona.
É o Brasil individualista e bem patrocinado, da celebridade mais preocupada com o cabelo descolorido para o espetáculo da tv e que, como se fosse um presidente da câmara, ou um vice-presidente da república, dribla com pedaladas cujos resultados levam do nada a lugar algum.
É um Brasil onde nem Jesus salva e a esperança fugida é Firmino – nome de caminhoneiro, militar ou presidiário, como preferir.
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É só o primeiro jogo, mas a seguir com o futebolzinho da estreia, nem o hoje popularíssimo Tite escapa da solitária que esse Brasil reserva aos salvadores da pátria tornados vilões.
Como trocar o ‘treinador’ é o pensamento mágico do brasileiro e o Adenor já está filiado a um partido de corruptos, a CBF, não faltarão teorias do domínio do fato, powerpoints ou convicções àquela parte da ‘torcida’ que, não importa o que se fez de bom, precisa de culpados e não sai com a amarelinha para a rua se não gozar no final.
Mas vamos ao próximo jogo. Vamos ao voto. “O brasileiro não desiste nunca”, não é? "Haja coração" neste momento em que as pesquisas mostram que metade das pessoas não está nem aí para a Copa, como quase metade elegeria 'Ninguém’ em outubro.
O futebol não é mais nem o ‘pio do povo’, como dizia o Millôr. A política, então… Esse descrédito é o gol contra, o verdadeiro 7 a 1.
A fratura institucional do golpeachment de 2016 tem sua culpa nisso.
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