Eleito com larga margem de votos e com todos os novos vereadores integrantes da coligação do governo, poucos imaginariam que o prefeito Miki Breier iniciaria seu mandato sob tamanho estresse.
A greve pedindo a revogação do ‘pacotaço’ onde cortou vantagens do funcionalismo sob a justificativa de salvar a Prefeitura da quebradeira está a um dia de se tornar a mais longa da história de Cachoeirinha.
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Pacotaço de Miki corta vantagens dos servidores
O que pessoas do círculo mais próximo ao prefeito e outras lideranças do PSB para lá do dique e da 59 não esperavam é que a repercussão fosse tão além da ponte.
Viralizada pelo supersalário de R$ 27 mil herdado pelo prefeito, a crise chegou a redes nacionais, como a Band, e ao gigante UOL, abatendo ‘pombas’ (símbolo do partido) Rio Grande afora, desconfortáveis em explicar a aparente contradição entre cortar de quem ganha R$ 2 mil e se escudar na Constituição para manter um vencimento maior que o de João Dória, em São Paulo.
Políticos e filiados estão assustados com os danos que a guerra com o funcionalismo público está provocando na imagem do partido socialista.
– Mas o que estão fazendo em Cachoeirinha? – é a síntese da pergunta recorrente, cuja resposta raramente satisfaz ao explicar que a economia de R$ 10 milhões é necessária e urgente para fazer frente a uma folha de pagamento que em fevereiro consumiu 80% da receita e precisa ser administrada sob o fantasma de uma dívida de R$ 200 milhões e vendo a dinheirama que entrava com a Souza Cruz como um pote de ouro que ficou num longínquo arco-íris.
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OPINIÃO | Miki deveria reduzir o próprio salário
Na vizinhança, o apoio de Miki corrói aos poucos. Em Cachoeirinha, ele já tem a antipatia de pelo menos dois vereadores da base. Diferente do gelo que o ex-prefeito Vicente Pires dava nos dissidentes, Miki estreou cortando cabeças. Contrários ao pacotaço, Jackeline Ritter (PSB) e Cristian Wasem (PMDB) perderam os cargos no dia seguinte a dizerem não aos projetos. E os CCs não ficaram à espera de uma reconciliação: já foram distribuídos entre outros parlamentares fieis.
Na eterna disputa interna, Miki vê Jack (que para afrontá-lo apresentou projeto reduzindo o salário do prefeito) a cada dia menos desafeto e mais apoiadora de Vicente na disputa pelo comando interno do partido, que acontece nos próximos meses e tem o ex-prefeito como candidato à reeleição.
Conciliador como sempre, José Stédile apenas assiste. Mas também está sob pressão. Além de abordado por servidores na fila do supermercado, qualquer post do deputado federal no facebook incita comentários sobre a crise em Cachoeirinha.
E a guerra fria nos bastidores também ultrapassa fronteiras. No PSB de Gravataí, muitos culpam o pacotaço de Miki por abater Anabel Lorenzi (PSB) quando a candidatura alçava vôo na disputa pela Prefeitura de Gravataí.
– Ele poderia ter esperado – resume, pragmática, uma nova liderança do partido.
Comuns na política, teorias da conspiração alimentam sentenças e fofocas sobre a conveniência de Anabel perder força com mais uma derrota, abrindo caminho também em Gravataí para um candidato a deputado estadual apoiado por Miki.
É aí onde sempre aparece o nome do número 1 do governo, Juliano Paz, o que já estaria provocando ciúme em Marco Barbosa, cunhado de Miki e que, por ser vereador reeleito para o terceiro mandato, reivindica a primazia na fila para concorrer.
No vácuo, move-se Vicente, que deixou o governo com baixos índices de popularidade, mas já está acompanhando Stédile pelos intermináveis roteiros do gringo trabalhador pelo interior gaúcho.
Stédile é o ‘Grande Eleitor’ de Cachoeirinha, tem um legado e sabe que, como foi avalista de Vicente, também o é de Miki.
Hoje, grande parte das intimadas a Stédile é precedida do “foste o melhor prefeito da história de Cachoeirinha”. Amanhã…
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