Quem sou eu, já que ele tem 1.986 votos e eu tenho dificuldade em colocar 100 nomes de conhecidos numa folha de papel? E, pelas recentes manifestações do vereador na tribuna, ele me vê como um fofoqueiro ou conspirador da política da aldeia, não como um jornalista.
Mas por dever de ofício, principalmente pelo presente brilhante, e futuro promissor de Alan (para quem não sabe, coordenador na Região Metropolitana da campanha que levou José Ivo Sartori ao Piratini, em 2014, e da primeira-dama Patrícia Alba, em 2018, além de presidente da CPI mais importante da história de Gravataí, a do Ipag, o Instituto de Previdência do funcionalismo municipal), comento: acho perigoso, caso o aceno dele ao MBL, com representantes presentes à sessão da Câmara de hoje, não passe de uma saudação de bom anfitrião – e educado, Alan é.
Nos elogios do vereador aos jovens de Gravataí ligados ao Movimento Brasil Livre (“Livre” do PT?, ou há outra pauta?), vejo uma virtude, e um vício. Virtude ao elogiar adolescentes e jovens adultos – cada vez mais tardios, não? – a saírem do conforto de uma geração mimada e participarem da política e sua lama.
Calma, aqui me refiro a pisar no barro, respirar poeira e conhecer a realidade de quem precisa da ‘coisa pública’. Sim, porque a maioria dos jovens hoje vê a política como território de vigaristas, e é, mas é também campo de batalha de idealistas e pessoas que dedicam a vida a fazer alguma coisa pelos outros – recebendo salários e patrocínios, ou não. Ou também.
O vício que identifico é Alan comemorar da tribuna que a “democracia digital norteia decisões do parlamento”. Não porque é uma mentira, mas porque é uma verdade. Uma triste realidade. O grito das redes sociais assusta os políticos. Tem o lado bom, mas tem o lado ruim. O lado bom é obrigar a ouvir a quem quer que seja. O lado ruim é que o Grande Tribunal das Redes Sociais é um ambiente de pautas difusas, muitas justas, outras estritamente individualistas ou simplesmente terapias em grupo de frustrações contemporâneas.
O parlamento tem que nortear suas decisões PARA o povo. O que não significa que os vereadores ou congressistas tenham que respeitar quem grita mais alto. Ou faltarão cabeças para cortar. Faltarão pedras a jogar. Ou hoje não vivemos um tempo de muita gritaria, muito xingamento e pouco estudo, pouca capacidade de aprender, conciliar, achar uma saída boa para um maior número de gentes? Há muitos argumentos para poucos fatos, aqueles chatos que arriscam atrapalhar os ‘tios do churrasco’ nas festas de fim de ano de nossas famílias.
Perdoe-me o vereador Alan por torná-lo ‘vítima’ deste artigo, quem sabe simplesmente por ter sido educado com a gurizada do MBL. Mas aderir à direita chucra e radical é hoje o caminho mais fácil de um político. Já o foi para a esquerda chucra. Tivemos ‘todo poderosos’ em Gravataí, lembram? Quer dizer, nem tão esquerda, mas bastante chucros. Arrisco dizer que isso nada tem a ver com Alan – pelo pouco que ele me permite conheçê-lo.
Mas essa história de ‘liberal na economia, conservador nos costumes’, só dá certo às avessas, na China ou na Coréia do Norte, não em democracias como a dos EUA, por exemplo – que transcendem Trump, o que talvez Alexandre Frota, Fernando Holiday e Joice Hasselmann não saibam, mas Kim Kataguiri sabe, e finge não saber.
O prefeito Marco Alba, ‘pai político’ de Alan, como tantos brincam desde sua eleição, é um bom exemplo de como ser republicano.
Parece muito claro que, se a velha política tem um lema, é: “Nós contra eles”.
Talvez o palanque eterno dê certo no governo Bolsonaro. Ao fim, nos do PT não deu.
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