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OPINIÃO | Marco Alba e o MDB ajudando Leite; sem cargos

Marco Alba com José Ivo Sartori nas obras da RS-118 em Gravataí

Marco Alba já é folclórico em suas manifestações nos bastidores de governos e na direção estadual do partido.

Secretário de habitação e desenvolvimento urbano do estado a partir de 2007, se tornou um dos políticos de maior confiança de Yeda Crusius (PSDB) porque dizia o que tinha que dizer nas reuniões do secretariado, além de ser uma espécie de conselheiro contra vigaristas que tentavam se aproximar da governadora.

No governo José Ivo Sartori (MDB), sempre avesso a diatribes públicas ou polêmicas caça-cliques, permaneceu gelado mesmo com o estado devendo R$ 17 milhões em repasses atrasados desde 2014 para a saúde – o que coloca Gravataí como a cidade gaúcha com mais gente aguardando na fila por cirurgias eletivas pelo SUS, com 7.376 pessoas na espera, quase quatro vezes mais que Porto Alegre. Só aumentou a estridência quando a guerra do tráfico inscreveu Gravataí como ‘zona de atentado’ no Facebook. Mas suas manifestações nas reuniões internas eram antecedidas de silêncios e pausas dramáticas entre os presentes.

Na última reunião da executiva do MDB, na semana passada, não foi diferente. Marco se posicionou contra o partido participar do governo de Eduardo Leite (PSDB). Sedutor e se mostrando um hábil negociador que arrancou até sorrisos na foto da reunião com a bancada do PT, o governador recém tinha prometido protagonismo ao MDB, o que assanhou muitos, principalmente os preocupados pelo partido ter perdido a prefeitura de Porto Alegre em 2016 e, neste ano, já experimentar o café frio do apagar das luzes no governo gaúcho e no de Michel Temer.

Com o peso político de comandar a maior prefeitura do MDB e a terceira economia do Rio Grande do Sul, o prefeito de Gravataí defendeu o apoio a Leite nas medidas que Sartori já propôs durante o governo, ou proporia em caso de reeleição. Aí se inclui a manutenção das alíquotas do ICMS já neste ano e, em 2019, a adesão ao regime fiscal proposto pelo governo federal. E sem nenhum fetiche por manter público o Banrisul.

Mas, o principal: sem ocupar cargos.

Marco faz bem porque enxerga uma possibilidade de recuperar um pouco a imagem fisiológica que tem o MDB, que se abriu mão do P da sigla, raramente diz não a secretarias, ministérios e cargos em governos e estatais.

Marco também é coerente com sua pregação por uma “nova política”.

– É qualquer coisa diferente do que se faz hoje – costuma brincar com os interlocutores, ao criticar o tradicional toma-lá-dá-cá, as teorias da conspiração e fofocas que alimentam o mundo encantado dos políticos.

É coerente porque seria educativo um apoio a medidas de Leite, que Sartori também tentaria aprovar. A descrença, que se transmutou em ódio à política, é alimentada a cada eleição por vencedores, cujas bondades diminuem na mesma progressão com que chega a posse, e por vencidos, que não se constrangem em, na oposição, votar contra o propunham durante a campanha.

Ou então pelo ‘a favor’ ou ‘contra’ ser decidido com a única e exclusiva ideologia do preenchimento de cargos e administração de gordos orçamentos. E aí vale para direita, centro ou esquerda. O que não é nenhum crime, já que vivenciamos governos onde a 'coalizão' é necessária para que se consiga aprovar o que quer que seja nas câmaras de vereadores, assembleias legislativas ou no congresso nacional.

Mas para a desgastada imagem adesista do MDB seria positivo ouvir as urnas, aprovar o que for adequado ao ideário do partido, reprovar o que considerar inadequado e deixar os cargos para os partidos que venceram a eleição – e, quem sabe, para o PP, o PSB e o PDT, que invariavelmente participam dos governos gaúchos.

Independente, e esse foi o adjetivo usado por Marco conforme políticos que participaram da reunião em Porto Alegre, o MDB também se mantém como alternativa para a sucessão de Leite, em 2022, já que o governador eleito é, pelo menos até chegar ao poder, um crítico à reeleição.

Com um governo que arrumou as contas públicas de Gravataí como o RS ainda não conseguiu, e com um plano de obras, algumas históricas, como as pontes do Parque dos Anjos, Marco Alba inevitavelmente está na lista de nomes do partido para o Palácio Piratini.

O que o prefeito fala disso?

Nada, como é característico.

“Bom cabrito não berra”, é uma das expressões preferidas de Marco.

Que também sabe muito bem por onde espreitam os lobos.

 

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